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O que mudou um ano após a morte de George Floyd?

Assassinato provocou série de protestos e pedidos para reformar forças de segurança. Mas pouco foi feito para a frear a violência policial

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protesto contra o racismo e a truculência policial, depois da morte de George Floyd
1 de 1 protesto contra o racismo e a truculência policial, depois da morte de George Floyd - Foto: John Rudoff/Anadolu Agency via Getty Images

A imagem do ex-policial Derek Chauvin pressionando o joelho contra o pescoço de George Floyd gerou protestos não apenas nos Estados Unidos, mas no mundo tudo. Os memoriais e murais que surgiram em homenagem a Floyd colocaram a pressão sobre legisladores e departamentos policiais, estimulando o debate sobre como promover mudanças em suas políticas e abordagens.

Meses depois, os EUA assistiram ao julgamento de Derek Chauvin e por fim ficaram aliviados com o veredito: culpado. Enquanto muitos comemoraram o resultado, a apenas 16 km do tribunal de Minneapolis eclodiram protestos após mais um vídeo vir à tona – desta vez, de Daunte Wright, outro afro-americano a morrer nas mãos da polícia. Foi um momento de frustração, pois alguns esperavam que o país tivesse chegado a um ponto de inflexão em relação à reforma da justiça.

O movimento Black Lives Matters (Vidas Negras Importam), já em atividade anos antes do assassinato de Floyd, foi o grande responsável por elevar o caso a nível nacional e internacional. Conforme os protestos eclodiam de cidade em cidade, legisladores e outras autoridades se sentiam pressionados a responder aos apelos por mudanças nas questões de policiamento e justiça social.

“O Black Lives Matter é uma das muitas lideranças que estão surgindo em termos de direitos humanos e civis”, disse Maurice Hobson, professor associado de estudos africanos na Georgia State University. “Portanto, acredite: algo irá acontecer nos próximos anos – outro tiroteio ou coisa parecida – que será ainda mais flagrante do que o que aconteceu com George Floyd. Afinal, estamos nos EUA.”

Reforma da polícia

Em geral, os policiais atendem a chamadas que vão desde atividades criminosas a crises de saúde mental. Como socorristas, espera-se que eles consigam aplacar as situações. O foco do treinamento dos recrutas, no entanto, é nas habilidades com armas de fogo e autodefesa.

“Em todo o país, os policiais recebem, em média, 60 horas de treinamento com armas e apenas 10 horas de treinamento de desescalada”, disse Keturah Herron, ativista do Black Lives Matter em Kentucky. “Eles são treinados para atacar primeiro.”

“A estrutura da polícia não está equipada para lidar com diversas questões, a menos que respondam com força”, disse Herron. “Não sei se é o treinamento … Acho que temos que mudar a filosofia.”

Propostas que vão desde o corte de fundos dos departamentos policiais até mais medidas de transparência estão começando a tomar forma nos Estados Unidos.

Com o apoio de um Congresso de maioria democrata, o presidente americano, Joe Biden, e sua vice, Kamala Harris, pressionaram por uma legislação para tratar de questões tocantes à brutalidade policial.

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Derek Chauvin foi preso pela morte de George Floyd
Roxie Washington e Gianna ao lado de George Floyd
George FLoyd morreu asfixiado por um policial em 25 de maio de 2020
"Eu não consigo respirar": cartaz faz referência ao assassinato
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Velas e um mural com o rosto de George Floyd: memorial foi feito em Minneapolis, Minnesota

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Derek Chauvin foi preso pela morte de George Floyd

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Roxie Washington e Gianna ao lado de George Floyd

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George FLoyd morreu asfixiado por um policial em 25 de maio de 2020

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"Eu não consigo respirar": cartaz faz referência ao assassinato

Ira L. Black/Corbis via Getty Images
Lei do Policiamento

Recentemente, a Câmara dos Representantes aprovou a chamada Justiça à George Floyd na Lei do Policiamento, tratando do treinamento policial e de táticas que podem causar lesões corporais. Porém, diante de um Senado profundamente dividido, o projeto se encontra atualmente em um impasse: os republicanos se recusam a apoiá-lo em sua forma atual, mas se dispuseram a trabalhar em uma versão simplificada.

Alguns observadores temem que Biden e Harris não sejam os líderes certos para tal missão. Como senador, Biden apoiou uma legislação que alguns dizem promover o encarceramento de afro-americanos. Trata-se do projeto de lei do crime de 1994, que enrijeceu penas e contribuiu para o problema de encarceramento em massa que os EUA enfrentam atualmente.

No cargo de promotora pública de San Francisco e, posteriormente, procuradora-geral da Califórnia, Harris tem um histórico dúbio na questão da reforma da justiça criminal. Seu escritório defendeu a lei das “três greves” no estado, determinando longas sentenças de prisão para muitas pessoas condenadas por crimes múltiplos.

“Creio que há esperança. E acho que há uma oportunidade para o governo Biden se redimir de suas gafes do passado, mas ainda não estou vendo isso”, disse Hobson. “Até isso acontecer, não passa de apenas mais um desenrolar da história.”

No fim de abril, em seu primeiro discurso no Capitólio, Biden pediu ao Congresso que aprovasse e colocasse em sua mesa um projeto de reforma da justiça criminal até o final de maio. Tal prazo será perdido, e a antiga agenda de Biden deixa muitos se perguntando se ele realmente seguirá adiante.

“Não acho que podemos esperar nada deles”, disse Herron. “Acho que temos que continuar exigindo que eles façam as coisas.”

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