Copa São Paulo de Futebol Júnior: qual o futuro a partir daqui?
Craque o Flamengo faz em casa. Eis um dos mantras mais estimados na Gávea. Pensando nisso, vamos dar uma olhada em três fornadas de jovens rubro-negros. A mais recente, vencedora da Copa São Paulo de Futebol Júnior há um par de semanas, e também as outras duas safras que antes haviam conquistado o mais tradicional […]
atualizado
Compartilhar notícia
Craque o Flamengo faz em casa. Eis um dos mantras mais estimados na Gávea. Pensando nisso, vamos dar uma olhada em três fornadas de jovens rubro-negros. A mais recente, vencedora da Copa São Paulo de Futebol Júnior há um par de semanas, e também as outras duas safras que antes haviam conquistado o mais tradicional certame das categorias de base brasileiras.
O time-base da Copinha de 1990 formava com… Adriano; Mário Carlos, Tita, Júnior Baiano e Piá; Fabinho, Marquinhos e Djalminha; Marcelinho Carioca, Nélio e Paulo Nunes (foto ao alto). Desses onze garotos, apenas dois (o lateral Mário Carlos e o zagueiro Tita) não tiveram carreira de renome nacional e até internacional. Todos os nove restantes estavam no elenco profissional do Flamengo campeão brasileiro de 1992. Marcelinho e Djalminha constam de qualquer lista de craques daquela década. Baiano disputaria até uma Copa do Mundo, para tu veres só.
Bem mais recente, o time-base da Copinha de 2011 formava com… César; Alex, Marllon, Frauches e Anderson; Muralha, Lorran, Negueba e Adryan; Rafinha e Lucas. Desses onze garotos, apenas dois (o goleiro César e o zagueiro Frauches) seguem no elenco profissional do Flamengo para esta temporada 2016. Ambos suplentes com pouquíssimas perspectivas de irem a campo. Os demais foram emprestados para outros clubes, pulverizados por aí, sob título de ganharem experiência. De muitos deles, nunca mais se teve notícia.
Destinos bem diferentes aguardavam esses guris. Mas ao menos uma coisinha essas duas gerações guardam em comum. Deixaram na Gávea poucos cobres como lembrança. Numa ilustração extrema de gestão temerária: Luís Augusto Veloso, presidente do clube em meados dos anos 1990, cometeu a proeza de vender toda a primeira ninhada campeã e, ao fim de sua gestão, ainda entregar as contas no vermelho.
Hoje em dia esses jogadores adolescentes já entram em campo fatiados. Raro um clube deter 100% dos atletas de suas divisões de base. Os empresários e os dirigentes já são sócios desde a tenra idade de um futuro profissional. Isso explica por que tantos são vendidos para fora do país tão novos. Isso explica, também, como pôde o Corinthians vencer cinco das últimas doze Copinhas, além de ser finalista deste ano, e durante todo esse tempo ter apresentado poucas crias da casa em seu time profissional.
Adeus, meninos
De que lado a sorte cairá para a turminha rubro-negra de 2016?
Muricy Ramalho já integrou ao seu plantel os futurosos Leo Duarte (zagueiro), Ronaldo (volante) e Felipe Vizeu (atacante). Depois de ter saído do São Paulo com a pecha de pouco paciente com a molecada, Muricy pode estar se corrigindo. A ver se a torcida, implacável ao pegar no pé de qualquer um após dois ou três jogos ruins, também se provará nesse exercício de calma e equilíbrio.
No futebol s/a, em que jogadores são contabilizados como ativos dos clubes e servem como moeda de troca, soa um tanto pueril pedir paciência com os meninos. Então que se tenha, ao menos, o senso de um bom negociante e não se permita desvalorizar fácil o próprio produto.
Os melhores jogadores, a Europa leva correndinho. Os que por acaso ficarem para trás, a China já está de olho. E dos veteranos e dos medíocres, o mundo árabe se encarrega. Para tapar os buracos que se abrem a cada seis meses em seus elencos, os clubes brasileiros têm agitado argentinos, chilenos, uruguaios, colombianos e equatorianos.
Eis o darwinismo aplicado à geopolítica desportiva. Mas em algum momento esse círculo precisa ser quebrado. Todo janeiro tem Copa São Paulo. Que os meninos sobrevivam para além de fevereiro.