Rabdomiólise: doença deixa urina preta e matou corredor em Caruaru

O corredor Dorgival Celerino do Nascimento, de 50 anos, morreu em Caruaru, no agreste de Pernambuco, em decorrência de uma lesão renal que deixa a urina preta. O caso ocorreu nesta quarta-feira (24/1) enquanto Nascimento participava de uma prova — ele passou mal e foi encaminhado para o hospital.

Segundo o Hospital Regional do Agreste (HRA), o paciente morreu por rabdomiólise, doença que pode ser provocada por uma lesão muscular aguda causada pelo excesso de esforço físico. O principal sintoma é o tom escuro na urina.

A nefrologista Caroline Reigada, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), explica que treinos exagerados com cargas altas e execuções erradas podem causar destruição das fibras musculares.

“Conforme ocorre o dano, diversas substâncias são secretadas na corrente sanguínea, entre elas uma proteína chamada mioglobina, que pode danificar os rins. O reconhecimento e tratamento imediatos da rabdomiólise são vitais, já que a doença grave pode estar associada a risco de morte por lesão renal aguda e desequilíbrios eletrolíticos”, afirma.

Sintomas além da urina preta

Além da urina preta, a fraqueza muscular, dor muscular e abdominal fazem parte dos sintomas da rabdomiólise. Caroline acrescenta que os músculos mais afetados são os esqueléticos, presentes em todo o corpo e responsáveis pela postura e movimentos.

Assim como o exercício físico intenso e exagerado, outras causas para a rabdomiólise incluem:

• Grandes traumas musculares, como os que acontecem em um acidente de carro ou quando membros são esmagados;
• Abuso de álcool e drogas, especialmente cocaína e heroína;
• Uso de medicamentos, como estatinas, por exemplo, por longos períodos de tempo;
• Infecções causadas por vírus;
• Doenças já existentes que afetam os músculos.

Diagnóstico

O diagnóstico da rabdomiólise, de acordo com a nefrologista, é confirmado por meio de exames de sangue e de urina que confirmam os níveis de eletrólitos circulando no corpo, que são indicadores da dissolução dos músculos.

“Devemos estar especialmente atentos à situação dos rins em um paciente com rabdomiólise, uma vez que os componentes musculares em excesso na corrente sanguínea podem desencadear vários problemas renais”, destaca Caroline.

Outro exame laboratorial que contribui para a identificação da condição é o que analisa a presença de mioglobina na urina, particularmente se o teste microscópico não mostrar eritrócitos. Outras características são um aumento rápido nos níveis séricos de creatinina, hipercalemia, hiperuricemia, hipocalcemia ou hipercalcemia, hiperfosfatemia, acidose láctica e trombocitopenia.

Tratamento

“A terapia de suporte inclui expansão intravascular com líquidos para prevenir lesão renal aguda e ventilação mecânica nos casos de insuficiência respiratória aguda. É indicado também tratar as infecções com os antimicrobianos apropriados”, afirma a nefrologista.

Caroline enfatiza que os exercícios físicos não são vilões e fazem bem aos rins quando bem orientados e sem excessos. Para evitar consequências, é indicada a progressão de carga gradual nos treinamentos de força, evitando aumentos abruptos de peso e de volume de treino, destaca a nefrologista.

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