Whey protein adulterado: governo adia fiscalização sobre suplementos
Ministério da Justiça tinha determinado que marcas de whey protein tivessem a venda suspensa em canais digitais
atualizado
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A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça, decidiu prorrogar o prazo para o início da fiscalização contra 48 marcas de whey protein que possuem indícios de adulteração segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri).
A Senacon havia dado um prazo para que os revendedores dessas marcas suspendessem a comercialização digital até a última sexta-feira (6/12). Entretanto, o órgão do governo decidiu estender o prazo até o próximo dia 3 de janeiro.
Segundo análises conduzidas pela Abenutri, os produtos tinham quantidades menores de proteína na composição do que o informado no rótulo. A estratégia de barateamento de custos é conhecida como amino spiking.
No processo fraudulento, são usados aminoácidos de baixo custo para aumentar os valores de proteínas. Os ingredientes de baixo custo, entretanto, não são efetivamente aproveitados pelo organismo. Segundo o artigo 67 do Código de Defesa do Consumidor, a prática configura propaganda enganosa.
De acordo com o presidente da Abenutri, Marcelo Bella, que também é presidente da fábrica de suplementos Black Skull, a adulteração dos produtos acarreta uma série de riscos à saúde, incluindo alergias e desconfortos intestinais.
Disputa entre fabricantes
A Senacon decidiu adiar o prazo devido a uma disputa entre a Abenutri, que criou a lista, e a Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos Nutricionais e Alimentos para Fins Especiais (Brasnutri), que congrega outros donos de marcas de whey protein.
Várias marcas acusadas pela Abenutri apontaram inconsistências nas análises feitas pela associação. A Brasnutri, por exemplo, alega que as análises a Abenutri foram feitas em 2022 e não refletem a realidade dos produtos de hoje.
A associação levanta dúvidas sobre a autoridade da Abenutri para fazer esse controle de qualidade. Também alega que é necessário esperar decisão da Justiça sobre a legitimidade e imparcialidade da lista. A disputa corre no TRF da 3ª região desde 2022.
“A secretaria está empenhada em colaborar com órgãos responsáveis, como a Anvisa, para que medidas mais rigorosas de regulamentação sejam implementadas, promovendo maior segurança para os consumidores”, afirmou o órgão em resposta ao Metrópoles.
Também procurada pelo Metrópoles, a Anvisa respondeu que o assunto ainda está em análise da área técnica.
Como evitar a compra de suplemento pirata
Enquanto a situação não se resolve, tanto a Senacon como a Abenutri recomendam aos consumidores que pesquisem as marcas de whey e evitem ofertas de preços muito baixos, já que três em cada quatro golpes estão relacionados a descontos excessivos.
Especialistas também aconselham verificar junto à Anvisa se o suplemento consta na lista de produtos confiáveis e comprar apenas em sites oficiais.
Além disso, é importante ficar atento aos sinais que o corpo dá após a ingestão das primeiras doses de suplementos. “Os efeitos colaterais costumam ser inchaço, desconforto intestinal e alteração súbita do funcionamento do organismo. Se o indivíduo já usava whey em sua dieta e começa a sentir sintomas assim, deve se preocupar e buscar orientação especializada”, detalhou a nutricionista Janaina Porto Alegre em entrevista anterior ao Metrópoles.
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