Qual a diferença entre baby blues e depressão pós-parto?
O período de adaptação depois do nascimento do bebê é difícil para as mães: cerca de 80% delas experimentam momentos de melancolia
atualizado
Compartilhar notícia
O novo ritmo de vida que se inaugura no pós-parto traz consequências para a maioria das mulheres: a mudança de rotina, a nova forma física, as ansiedades em relação ao futuro. Tudo isso somado aos hormônios pode intensificar as emoções. Dados da organização não governamental American Pregnancy Association apontam que quase 80% das mães experimentam algum tipo de sentimento negativo ou mudança de humor após o nascimento do bebê. Apesar de esses sentimentos serem comuns, o sinal de alerta deve ser ligado caso a mãe não consiga estabelecer vínculos com o recém-nascido. Em situações assim, a ajuda profissional é extremamente necessária.
O baby blues, ou tristeza materna, é uma melancolia comum nos primeiros dias do bebê e que pode durar até duas semanas. Entre os sintomas, a mãe sente maior sensibilidade emocional, desejo de isolamento, constante vontade de chorar, insegurança, ansiedade, às vezes insônia, impaciência. A sensação não é uma regra para todas e, quando surge, não impossibilita a mãe de realizar as tarefas de cuidado com o bebê, como amamentar, dar banho, trocar fralda, etc.
A psicóloga clínica Ananda Yamasaki afirma que, no entanto, algumas mulheres são mais impactadas pelas alterações hormonais e pelo novo ritmo de vida. “Para elas, o cansaço e a dificuldade de lidar com os novos desafios, que são inerentes ao momento, elevam-se a um patamar comprometedor”, argumenta. “O acompanhamento sensível e técnico de uma equipe multidisciplinar é necessário para apoiá-las”, defende Ananda.
Os sintomas iniciais do baby blues e da depressão pós-parto são bem parecidos e têm início logo depois do nascimento. A ginecologista e obstetra do Centro de Medicina Fetal (Cemefe) Cybelle Bertoldo explica: o que diferencia um do outro é a gravidade dos sintomas e o quanto isso compromete o convívio social, conjugal, familiar e o bem-estar do bebê e da mãe. Segundo ela, a depressão atinge de 10% a 20% das mulheres. A especialista pontua alguns fatores que podem aumentar as chances de isso ocorrer, como quadros depressivos prévios, mães de primeira viagem ou com rede de apoio frágil ou inexistente.
A depressão pós-parto também está relacionada ao enorme desequilíbrio de hormônios reprodutivos depois do nascimento do bebê. Além disso, privação de sono, dificuldades em amamentar, alimentação inadequada e falta de apoio do parceiro também podem potencializar a sensação de esgotamento da mulher. “O tratamento da depressão pós-parto precisa ser psicológico e psiquiátrico, com uso de medicamentos. Já o baby blues pode ser solucionado com acolhimento familiar, dos amigos e do parceiro”, recomenda Cybelle.