Limpeza intestinal faz bem? Especialistas explicam riscos
Prática incentivada por famosos como Adriana Sant’Anna e Gaby Amarantos nas redes sociais pode ser prejudicial à saúde
atualizado
Compartilhar notícia
Viralizou na web um vídeo da ex-BBB Adriana Sant’Anna realizando um processo de limpeza intestinal. Ela disse que recorreu à técnica para desinchar e se livrar de um mal-estar gástrico. No caso de Adriana, a limpeza foi realizada com uma máquina que introduzia água de maneira contínua no reto.
Este não é o único caso de famosas que recorrem à prática da limpeza intestinal para perder peso. Em setembro, a cantora Gaby Amarantos também ganhou os holofotes ao revelar que incluiu a técnica em sua estratégia de emagrecimento.
A lavagem intestinal é um procedimento médico feito como parte do tratamento de pessoas com problemas para evacuar. No entanto, a técnica vem ganhando fama como sendo capaz de induzir a perda de peso, a apresentadora Lívia Andrade e a cantora americana Katy Perry já contaram ter recorrido à técnica em entrevistas.
Mesmo nos casos com indicação médica, a prática deve ser esporádica, usada apenas quando há um intenso ressecamento das fezes. Especialistas explicam que não há comprovação dos benefícios para a perda de peso e que o uso contínuo pode ser prejudicial à saúde.
Durante a limpeza intestinal, água morna ou um preparo líquido é injetado no ânus para incentivar os movimentos instestinais e propiciar a evacuação.
O risco de fazer limpeza intestinal
Segundo o gastroenterologista Bernardo Martins, do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, não há comprovação científica sobre os resultados desintoxicantes da lavagem em quem não tem recomendação médica. Martins acrescenta que já tratou pacientes com complicações causadas pelo procedimento.
“Já recebi uma paciente com a mucosa do reto queimada após realizar esse tipo de intervenção com líquidos em alta temperatura”, relata. Ele ressalta que o tratamento sem prescrição médica e com alta frequência pode alterar a microbiota do final do intestino e facilitar o aparecimento de feridas e inflamações.
Além desses riscos, a inserção de grandes volumes de líquido no ânus pode forçar as paredes do intestino. A Revista Brasileira de Coloproctologia já relatou casos de pessoas que sofreram perfurações do órgão ao fazer chuca em 2006 e em 2010.
Além de arriscado, não emagrece
O nutricionista Antonio Vígolo, de Brasília, alerta que a prática promete um emagrecimento irreal. “É só mais uma das modas de emagrecimento, que não podem ser sustentados a longo prazo”, aponta ele.
“A pessoa ainda corre o risco de passar por uma hipovitaminose, já que estamos retirando os alimentos do corpo de forma artificial sem eles serem totalmente processados”, explica.
Siga a editoria de Saúde do Metrópoles no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!