metropoles.com

Feia e deprimida? Médicos esclarecem polêmica sobre anticoncepcional

Trend do TikTok encoraja mulheres a trocarem a pílula anticoncepcional por métodos naturais. Ginecologistas alertam sobre risco de gravidez

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Peter Dazeley/Getty Images
Foto colorida de embalagens de medicamentos anticoncepcionais
1 de 1 Foto colorida de embalagens de medicamentos anticoncepcionais - Foto: Peter Dazeley/Getty Images

A hashtag #gettingoffbirthcontrol (saindo do controle de natalidade, na tradução para o português) tem ganhado popularidade entre as usuárias do TikTok nas últimas semanas. Mulheres de diferentes países estão usando a plataforma para falar dos efeitos colaterais experimentados com o uso da pílula anticoncepcional, sugerindo que ela seja trocada por métodos naturais, como a tabelinha.

Entre os relatos, há mulheres que afirmam se sentir deprimidas, sem libido, ter ganhado peso e com quadros graves de acne, fazendo com que se sentissem feias após iniciar o uso da pílula.

Os médicos estão preocupados que a moda leve ao aumento do número de gestações indesejadas e alertam que, antes de abandonar o controle de natalidade, as mulheres devem procurar o ginecologista para uma avaliação individual. A simples troca do método poderia contribuir para o alívio dos sintomas, por exemplo.

“Essas correntes contra métodos contraceptivos são extremamente perigosas, muitas mulheres podem ter orientações inadequadas. Nós temos uma taxa de mais de 60% de gestações indesejadas no nosso país”, afirma a ginecologista Camille Vitória Risegato, membro da Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR).

A médica esclarece que as mulheres que não se adaptam aos métodos contraceptivos hormonais têm a possibilidade de fazer outras escolhas com ajuda de profissionais de saúde. “Uma gestação indesejada ou não planejada é sempre o mais grave. É um problema social, econômico e emocional. Costumo falar que sempre existe um método contraceptivo pra chamar de seu”, diz.

Efeitos indesejados

Os efeitos adversos previstos em bula estão relacionados aos hormônios presentes no anticoncepcional, a combinação deles e à dose. O ginecologista Rafael Lobo, da clínica Tivolly, de Brasília, explica que a piora da acne é mais comum entre as pessoas que utilizam métodos de progesterona, como algumas pílulas, o dispositivo intrauterino (DIU) Mirena e implante contraceptivo.

O ganho de peso é relacionado apenas às mulheres que usam o injetável trimestral. “A injeção de progesterona a cada três meses foi a única forma que levou, em estudo científico, ao aumento de 20% de peso das pacientes que já são obesas. Nas com sobrepeso ou peso normal, esse aumento não foi demonstrado em pesquisas”, explica Lobo.

O ganho de peso estaria relacionado, na realidade, à retenção de líquido e a algumas alterações metabólicas decorrentes de mudanças hormonais. “Isso pode acontecer, porém não é para todas. Depende de caso a caso”, afirma Camille.

Métodos naturais

Tabelinha de aplicativo, avaliação do muco cervical e da temperatura corporal são alguns dos métodos naturais indicados nas redes sociais.

Embora a tabelinha seja um bom método orientador sobre o ciclo menstrual, principalmente para mulheres que têm o ciclo regular, ela não é considerada um método seguro para evitar a gestação. Estudos indicam que ela está relacionada a um risco de 85% de engravidar.

Lobo sugere que esses métodos sejam usados apenas pelas pessoas que dominam o próprio ciclo menstrual “de ponta a ponta”. “A paciente tem que ter um ciclo extremamente regular, que seja todo mês da mesma forma – o que é muito raro. Mesmo assim, o índice de falha é imensamente maior do que qualquer outro método contraceptivo”, afirma.

“É uma prática que precisa de bastante observação, cuidado e associação com outros métodos não hormonais, como a camisinha“, esclarece Camille.

Não me adaptei. E agora?

Os métodos contraceptivos são divididos em dois grandes grupos: de curta duração – pílula anticoncepcional, adesivos, anéis intravaginais – e longa duração, incluindo o DIU, os implantes e as injeções hormonais.

A escolha depende de fatores como o histórico da paciente; comportamento do ciclo menstrual (volume e fluxo); e se ela consegue manter a frequência do uso, sem esquecimento. “O método precisa ser adaptado à realidade da paciente e levar em consideração as contraindicações”, afirma Lobo.

De acordo com o médico, uma mulher jovem que tem crises de enxaqueca aumenta em até três vezes as chances de ter um acidente vascular cerebral (AVC) se tomar a pílula de estrogênio, por exemplo. As com mais de 35 anos, fumantes ou hipertensas em tratamento, não podem usar a pílula combinada com estrogênio. “O primeiro passo é calcular o risco da paciente em relação ao método”, afirma.

As mulheres que não se adaptam a contraceptivos hormonais têm como opção utilizar métodos não hormonais, que vão desde a camisinha até o DIU de cobre ou prata.

Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSaúde

Você quer ficar por dentro das notícias de saúde mais importantes e receber notificações em tempo real?