Alerta mundial: tudo o que você precisa saber sobre o coronavírus
Doença já matou 41 pessoas, tem mais de 800 casos confirmados e outros mil sob investigação no mundo inteiro
atualizado
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Desde o começo de janeiro de 2020, o noticiário de saúde tem falado sobre o novo coronavírus identificado na China, já matou 41 pessoas e infectou, confirmadamente, mais de 800. Todos os dias, a cifra de vítimas sobe, e outros países do mundo, bem longe da China, como Estados Unidos e França, confirmam casos. Como toda novidade, há muitas dúvidas e desinformação sobre o novo vírus. Os pesquisadores ainda não descobriram exatamente como o micro-organismo evoluiu e apareceu nem como se dissemina, mas já é possível explicar algumas das principais dúvidas.
O Metrópoles separou 10 perguntas e respostas para explicar o que se sabe sobre o novo coronavírus. Confira:
O que é o coronavírus e por que é tão perigoso?
Coronavírus é uma família conhecida, desde os anos 1960, de vírus que causam doenças respiratórias – de gripe comum à Síndrome Respiratória Aguda Severa (Sars) e Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers). O nome faz referência à forma do vírus, que é redondo e parece ser cercado por uma coroa.
O novo coronavírus é parecido com o Sars, e ainda não recebeu uma nomenclatura específica. Ele pode ser tratado como “coronavírus de Wuhan”, ou “2019-nCoV”, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) chama o vírus em suas publicações.
Em 2002, a Sars foi identificada pela primeira vez na China, se espalhou rapidamente e matou 774 pessoas. A Mers apareceu em 2012 e foi responsável por mais de 800 óbitos. Por enquanto, 26 pacientes faleceram por conta do novo coronavírus, e a letalidade dos vírus semelhantes levantaram várias bandeiras de alerta na comunidade internacional.
Porém, segundo a OMS, a saúde pública aprendeu muito com a epidemia de Sars e está colocando os aprendizados em prática para conter o novo coronavírus. Grande parte das pessoas que faleceu até agora já tinha a saúde debilitada por doenças pré-existentes, como diabetes, problemas cardiovasculares e hipertensão. Na maioria dos casos, os sintomas são leves.
Quais são os sintomas do coronavírus?
Os sintomas são os mesmos de uma síndrome gripal: febre, tosse e dificuldade para respirar. Em casos mais severos, o paciente pode apresentar também pneumonia, síndrome respiratória aguda forte e falência dos rins.
Como surgiu?
Não se sabe exatamente como o novo vírus surgiu, mas ele provavelmente evoluiu em animais até chegar a um ponto capaz de infectar humanos. A principal suspeita é que, como o Mers e o Sars, o coronavírus tenha surgido em morcegos, mas ele precisa de mais um hospedeiro para chegar aos humanos.
É aí que entra a cidade de Wuhan, na China, considerada o ponto principal de contágio. Existe, na metrópole de 11 milhões de pessoas, um mercado de frutos do mar e animais exóticos onde se pode encontrar todo tipo de animal, vivo e morto, à venda.
Entre filhotes de lobo e porcos espinhos, o mercado vende também uma sopa de morcego, que usa o animal inteiro, e cobras asiáticas, que se alimentam de morcegos. A maioria dos primeiros infectados esteve no local e pode ter adquirido o coronavírus lá. A transmissão, por enquanto, é local: apenas familiares dos doentes e profissionais de saúde envolvidos no tratamento pegaram o vírus.
Quantas pessoas foram infectadas até agora?
De acordo com as autoridades chinesas, até sábado (25/01/2020), 21 pessoas já morreram, 830 casos foram confirmados e mais de mil estão sendo investigados no mundo inteiro.
Quais países já têm casos confirmados?
Estados Unidos, França, Japão, Tailândia, Coreia do Sul, Cingapura e Vietnã.
Como a Organização Mundial da Saúde se posiciona?
O última atualização feita pelo órgão internacional foi na quinta-feira (23/01/2020). Segundo o diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus, “ainda é cedo para decretar emergência de saúde pública internacional. Não se confundam. Esta é uma emergência na China, mas ainda não se tornou uma emergência de saúde mundial. Porém, ainda pode se tornar”, afirmou o representante da OMS.
Ele explicou ainda que, por enquanto, não há casos registrados de transmissão pessoa a pessoa fora da China, mas não significa que não possam acontecer. Ainda não se sabe muito sobre o coronavírus, e o comitê da OMS pode se pronunciar novamente a qualquer momento para rever sua posição.
Segundo o órgão, a maioria dos casos é de familiares de pessoas que tiveram contato com o vírus e profissionais de saúde. De acordo com Julio Croda, secretário substituto de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, se a contaminação sair deste núcleo, um sinal de alerta se acende.
Há casos no Brasil?
Segundo o Ministério da Saúde, o órgão recebeu cinco notificações de possíveis casos suspeitos em território nacional – DF, MG, SP, SC e RS emitiram o alerta. Porém, todos foram descartados por não se enquadrarem na descrição de caso definida pela OMS.
De acordo com o órgão internacional, além de febre, tosse e dificuldade para respirar (que podem ser causados por várias doenças), é preciso que o paciente tenha estado na cidade de Wuhan, a única onde houve transmissão local, ou seja, existe comprovação laboratorial de que o vírus passou de uma pessoa para outra.
O secretário substituto de Vigilância em Saúde Julio Croda afirma: “Não temos casos suspeitos de coronavírus no país”.
Existe risco de o coronavírus chegar ao Brasil? Estamos preparados?
Sim, o coronavírus pode chegar ao país, mas o ministério considera que a cidade de Wuhan não é um destino comum de brasileiros na China – o mais frequente é Xangai – e, por enquanto, é preciso estar ou ter estado na cidade para se encaixar na definição da OMS.
De toda forma, o governo monitora, desde 03/01/2020, qualquer atualização sobre a doença e já ativou um comitê de operação de emergência nível 1 (vai até o 3). Essa medida foi tomada para informar ao ministério e preparar o serviço de saúde para responder de maneira adequada caso o vírus entre no país.
Tenho uma viagem marcada para a China, preciso desmarcar?
Não há nenhuma recomendação, nem da OMS nem do governo brasileiro, sobre evitar o território chinês ou qualquer um dos países que têm casos confirmados, por enquanto. A recomendação é só evitar a cidade de Wuhan, que está atualmente em “quarentena” para evitar a disseminação do vírus.
O que posso fazer para me proteger?
O que se sabe até agora é apenas que a doença é transmissível de pessoa para pessoa, provavelmente pela saliva. A indicação é lavar bem as mãos, não levá-las aos olhos e boca sem que estejam higienizadas, cobrir a boca com o antebraço quando for tossir e tomar cuidado com secreções respiratórias. Evitar contato próximo com pessoas que apresentam sintomas de doença respiratória (espirros e tosse) e observar a procedência da comida também são dicas válidas.