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VoePass: ex-funcionários apelidaram avião que “só voava pela fé”

Ex-funcionários da VoePass apelidaram um avião da companhia envolvida na tragédia em Vinhedo de “Maria da Fé”, devido à falta de segurança

atualizado

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ex funcionarios voepass
1 de 1 ex funcionarios voepass - Foto: Reprodução/TV Globo

São Paulo — Ex-funcionários da VoePass, companhia aérea responsável pelo avião que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, denunciavam irregularidades e falta de manutenção nas aeronaves. Uma delas, inclusive, foi apelidada de “Maria da Fé”.

“A gente tinha um avião que apelidava de ‘Maria da Fé’, porque só voava pela fé. Não tinha explicação como um avião daquele estava voando”, disse um ex-funcionário não identificado da companhia, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo.

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Poltrona de avião da VoePass solta do piso
Portão de avião suga pedaço de papel
Portão de avião suga pedaço de papel
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Funcionário balança poltrona de avião da VoePass

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Poltrona de avião da VoePass solta do piso

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Portão de avião suga pedaço de papel

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Portão de avião suga pedaço de papel

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De acordo com ele, a empresa colocava a segurança em “segundo ou terceiro plano” e “visava mais o lucro”. Imagens feitas no interior de uma das aeronaves (veja acima) mostram uma poltrona parcialmente solta do piso e a fresta da porta sugando um pedaço de papel.

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Cerca de um minuto se passou entre a constatação da perda de altitude e o choque do avião contra o solo
Destroços de avião
Avião voava de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP)
Moradores do condomínio onde avião caiu registraram momento da queda
Tragédia em Vinhedo: 62 pessoas que estavam a bordo de avião morreram
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Modelo do avião era um ATR-72

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Cerca de um minuto se passou entre a constatação da perda de altitude e o choque do avião contra o solo

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Destroços de avião

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Avião voava de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP)

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Moradores do condomínio onde avião caiu registraram momento da queda

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Tragédia em Vinhedo: 62 pessoas que estavam a bordo de avião morreram

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Imagens do avião que caiu em Vinhedo (SP)

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Avião caiu dentro de terreno vazio de um condomínio em Vinhedo

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Ninguém sobreviveu

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O avião com 62 pessoas caiu em 9 de agosto deste ano. Ninguém sobreviveu

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Avião caiu dentro de condomínio

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A partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo

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Moradores do condomínio onde avião caiu registraram momento da queda

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Os últimos registros do voo mostram que, instantes antes da queda, o avião estava a 5.190 metros de altura

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A queda foi de aproximadamente 4 mil metros

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Trajeto de avião que caiu em Vinhedo, SP

Flightradar
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O relatório preliminar sobre o caso deve ficar pronto em 30 dias

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Avião voava de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP)

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Cerca de um minuto se passou entre a constatação da perda de altitude e o choque do avião contra o solo

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Avião com 62 pessoas caiu em SP

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Avião caiu dentro de condomínio

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Não houve sobreviventes

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A queda foi de aproximadamente 4 mil metros

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A queda durou 1 minuto

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Avião perdeu altitude de forma repentina, segundo investigadores

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Copiloto perguntou o que estava acontecendo antes da queda

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Avião ficou totalmente destruído

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O diretor-presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Henrique Hacklaender, afirmou ao Fantástico que as reclamações sobre a empresa aumentaram depois da pandemia de Covid-19, em março de 2020.

“Os tripulantes têm percebido níveis de fadiga ainda maiores. Os relatos mais recentes da Passaredo [nome antigo da VoePass] com relação à área de manutenção são por conta do sistema de ar-condicionado, que vinha apresentando algumas precariedades”, declarou.

A jornalista e escritora Daniela Arbex revelou que voou no mesmo avião da VoePass um dia antes do acidente. Em um longo desabafo no Instagram, na sexta-feira (9/8), Daniela postou um vídeo no qual pessoas passavam mal de calor dentro da aeronave, que estava com o ar-condicionado desligado.

“Filmei as pessoas passando mal durante o voo por causa do calor que fazia dentro da aeronave sem ar-condicionado. Foi terrível. Um passageiro chegou a tirar a camisa. Outro, que estava uma poltrona à minha frente, sentia muita dor de cabeça. As pessoas se abanavam procurando ar. Eu e outros passageiros questionamos a aeromoça. A resposta foi que o “ar não funcionava em solo, só no ar”, “o que não aconteceu”, segundo a jornalista.

Palito em sistema antigelo

O comandante Ruy Guardiola, ex-funcionário da VoePass e um dos primeiros pilotos do modelo ATR no Brasil, contou que, durante um voo da companhia, a equipe da manutenção usou um palito de fósforo para resolver um problema no botão que aciona o sistema antigelo. Uma falha no sistema anticongelamento é justamente uma das suspeitas para a queda do avião da VoePass que deixou 62 pessoas mortas na sexta-feira (9/8), em Vinhedo.

O episódio com o palito ocorreu em 2019, quando Guardiola trabalhou por um mês na então Passaredo (que passou a se chamar VoePass exatamente naquele ano). Fundada em 1995 em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, a companhia aérea é a mais antiga em operação no país e é especializada em voos regionais.

“O problema foi detectado no nível de aquecimento de um dos sistemas. A solução encontrada pela manutenção foi a colocação de um palito de fósforo, ou sei lá, um palito de dente. Eu vi com esses olhos que a terra há de comer”, contou o piloto em entrevista ao Fantástico.

Processos e reclamações

A VoePass acumula pelo menos 150 processos na Justiça desde 2021 e quase 900 reclamações nos últimos 12 meses.

No Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), tramitam pelo menos 150 processos contra a companhia aérea desde 2021. A maioria das ações consiste em pedidos de indenização por danos morais.

No site Reclame Aqui, ferramenta utilizada pelos consumidores para expor opiniões sobre a experiência com determinada empresa ou serviço, foram registradas quase 500 chamadas nos últimos seis meses e quase 900 nos últimos 12 meses.

A empresa, classificada como “não recomendada” no site, respondeu a apenas 9,2% das reclamações feitas na plataforma nos últimos seis meses e 32,4% nos últimos 12.

Em relação à natureza dos problemas, 24,14% são por cancelamento de voo, 23,71% por qualidade do serviço prestado, 22,52% por reembolso, 16,59% por estorno do valor pago e 13,04% por atraso na decolagem.

Perícia inicial

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) concluiu, nesta segunda-feira (12/8), a perícia inicial no local onde o avião da VoePass caiu em Vinhedo.

O órgão, que pertence à Força Aérea Brasileira (FAB), passou o fim de semana realizando a chamada ação inicial. Nesta etapa são recolhidas as primeiras informações que podem explicar a causa da queda. No domingo (11/8), os dados das caixas-pretas do avião foram extraídos da área com sucesso.

Com a conclusão dessa primeira fase, a FAB explicou, em nota, que as investigações seguem para a fase de análise dos dados recolhidos, “com o levantamento de outras informações necessárias, a fim de identificar os possíveis fatores contribuintes”.

Até agora, foram levantadas três hipóteses para explicar o motivo da queda. A primeira delas é que o acidente possa ter sido causado por formação de gelo nas asas. Tal hipótese é sustentada devido aos boletins meteorológicos do dia e ao histórico de um acidente similar nos Estados Unidos há 30 anos.

Outra possibilidade é que o avião estava com resquícios de danos causados por um “tailstrike” — termo técnico usado na aviação quando o avião bate com a cauda na pista — sofrido em março deste ano.

Há ainda uma terceira possibilidade de problemas no ar-condicionado na aeronave, apontados por pessoas que tinham pilotado o avião, tenham prejudicado a sua refrigeração.

O relatório preliminar do acidente aéreo deverá ser divulgado em 30 dias. Segundo o Cenipa, a conclusão da investigação “terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência”.

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