VoePass: “Várias vezes choramos”, conta mãe sobre reunião do Cenipa
Mãe de uma das vítimas do avião da VoePass que caiu em Vinhedo relata clima de choro entre familiares. “Disseram que estava apto a voar”
atualizado
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São Paulo — “A gente viu que uma coisa é a realidade, e outra coisa é a burocracia. Para eles, o que importa é papel”, declarou Fátima Albuquerque sobre a reunião que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) fez com familiares das vítimas do avião da VoePass que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, e deixou 62 pessoas mortas.
Fátima é mãe de Arianne Albuquerque Risso, médica de 34 anos que foi uma das vítimas da queda. Ao sair da apresentação do relatório preliminar do acidente, feita nesta sexta-feira (6/9), ela relatou que o clima entre os familiares era de tristeza. “Várias vezes choramos”, contou ao Metrópoles.
A mãe da médica relatou que os técnicos do Cenipa informaram que o avião caiu porque o sistema de degelo não funcionou. Apesar da frustração, Fátima diz que já esperava o resultado da reunião.
“Se você não visse a condição da aeronave, ia achar que era novinha, que tinha acabado de comprar. A realidade está destoante das instituições. Com todos os papéis em dia, não importa. Porque estava a olho nu aquilo [defeitos no avião]. Disseram que estava apto a voar, tinha tido manutenção. Caiu porque resolveu cair”, desabafa Fátima.
O relatório preliminar sobre o acidente estava marcado para às 17h desta sexta. No entanto, o documento deve ser divulgado ao público após as autoridades conversarem com as famílias das vítimas.
“Sabemos que nenhuma explicação técnica preencherá o vazio deixado [pelas vítimas]. Estamos empenhados em divulgar, com a máxima transparência e a máxima imparcialidade, as informações que constam neste reporte preliminar”, disse o atual comandante da Força Aérea Brasileira (FAB) é o Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno.
Manutenção em dia
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) informou, nesta sexta-feira (6/9), que a aeronave da VoePass que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, no último dia 9, estava com as manutenções em dia.
A última revisão da aeronave ocorreu em 24 de junho. No dia do acidente, foi realizado um “check diário”, que constatou que a aeronave estava apta para voar, conforme normas previstas.
Queda de avião da Voepass
O avião modelo ATR-72, da Voepass, partiu de Cascavel (PR) às 11h46 e tinha como destino o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, às 13h40, mas perdeu sustentação em voo e colidiu com o solo às 13h22.
As duas caixas-pretas do avião chegaram ao Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores do Cenipa, em Brasília, no último dia 10. O órgão informou no último dia 13 que conseguiu extrair com êxito as gravações de voz e de voo.
Os registros são do Cockpit Voice Recorder (CVR), que é o gravador de voz da cabine, e do Flight Data Recorder (FDR), responsável por registrar os dados de voo, como altitude e velocidade, entre outros.
Dados do monitoramento extraoficial do Flight Radar mostram uma queda repentina. Conforme o sistema, o avião estava a 17 mil pés de altitude às 13h20 e a 4 mil pés às 13h22, quando o sinal de GPS foi perdido pela plataforma.