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Vítimas dizem que mãe de santo protegia “João de Deus” de Socorro

Segundo a defesa das vítimas, mãe de santo protegia o líder espiritual preso por estupros; a mulher não compareceu para depor em delegacia

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Imagem de homem dentro de porta-malas de viatura; ele usa calça jeans, camisa preta e óculos - Metrópoles
1 de 1 Imagem de homem dentro de porta-malas de viatura; ele usa calça jeans, camisa preta e óculos - Metrópoles - Foto: Reprodução/Thalles Rodrigues

São Paulo — Uma mãe de santo é acusada de aliciar vítimas e proteger o líder espiritual Jessey Maldonado Monteiro, de 49 anos, preso na segunda-feira (16/1) suspeito de estuprar diversas mulheres durante sessões espirituais, em Socorro, interior de São Paulo.

Segundo as investigações, Jessey tinha a ajuda de uma mãe de santo, que indicava os serviços dele para pacientes que considerava mais frágeis. No local onde fazia os atendimentos – alguns na sua própria casa –, o suspeito dizia ter “poderes superiores”, capazes de curar dores físicas e emocionais. De acordo com depoimentos, há casos registrados desde 2015.

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Jessey Maldonado Monteiro, o João de Deus de Socorro, preso por abusar de mulheres em centro espiritual
Jessey Maldonado Monteiro, o João de Deus de Socorro, sendo preso acusado de abusar de mulheres em centro espiritual
Líder espiritual é preso suspeito de cometer diversos estupros
Jessey Maldonado foi preso na segunda-feira (16/1), acusado de estupros
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Líder espiritual é preso suspeito de abuso sexual; na imagem, objetos apreendidos na casa do líder espiritual

Divulgação/Polícia Civil
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Jessey Maldonado Monteiro, o João de Deus de Socorro, preso por abusar de mulheres em centro espiritual

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Jessey Maldonado Monteiro, o João de Deus de Socorro, sendo preso acusado de abusar de mulheres em centro espiritual

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Líder espiritual é preso suspeito de cometer diversos estupros

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Jessey Maldonado foi preso na segunda-feira (16/1), acusado de estupros

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A delegada Leise Silva, responsável pelo caso, informou ao Metrópoles que a mulher foi chamada para prestar depoimento à Polícia Civil nesta quinta-feira (18/1), mas não compareceu. Ainda não foi definida uma nova data para a oitiva da mãe de santo, disse a delegada.

Até o momento, são 14 vítimas registradas na operação “João de Deus Socorrense”, em alusão ao líder religioso condenado a quase 500 anos por abusos cometidos contra mulheres que frequentavam seu templo espiritual em Abadiânia (GO). Porém, de acordo com a investigação, outras 15 mulheres vítimas do abuso foram identificadas, mas não prestaram depoimento formalmente.

Relatos das vítimas apontam que a mãe de santo do templo umbandista no qual Jessey atuava como líder espiritual sabia das acusações, mas tentava abafar as denúncias, segundo a advogada Jéssica Toledo, que representa algumas das mulheres.

Ao Metrópoles, ela disse que um dos casos mais marcantes, relatado por uma das vítimas, foi quando a mãe de santo soube das denúncias contra Jessey. A mulher teria chamado uma das supostas vítimas e a colocado diante da esposa do líder espiritual.

“Você vai acabar com uma família com essa fofoca”, teria dito a mulher, conforme a advogada. A defesa das vítimas afirma que a mãe de santo, segundo os relatos, protegia Jessey das acusações dentro do templo — uma das frequentadoras teria sido expulsa por conta disso, inclusive.

Em nota, a defesa da mãe de santo diz que repudia de forma veemente todos os crimes que tem sido noticiados e explica que o acusado em momento algum era líder espiritual no local, tratando-se de um frequentador, filho de santo, assim como muitos outros.

Ela diz ainda que até o momento não teve qualquer acesso aos autos bem como não foi ouvida perante autoridade policial motivo pelo qual foi surpreendida com as notícias veiculadas de que tivesse acobertado ou negado acolhimento a qualquer vitima que seja.

Segundo a mãe de santo, ela só teve conhecimento da gravidade das acusações que vem sendo divulgadas através da mídia, repudiando assim qualquer menção à sua pessoa e ao Templo de Oração e Benções.

Ela reitera que “se mantém com a consciência tranquila uma vez que não compactou e jamais compactuaria com tamanha atrocidade, se colocando a disposição para colaborar com a elucidação dos fatos e bem estar das vítimas, uma vez que é justamente essa a missão do Templo”.

Como eram os abusos

Além de atuar como líder espiritual no centro religiosos, Jessey era chefe do setor de radiologia da Santa Casa de Socorro. Há indícios de que pacientes do hospital também sofreram abusos sexuais do suspeito.

Segundo Jéssica, há uma menor de idade que afirma ter sido abusada durante um exame de radiografia do pulmão, quando tinha apenas 15 anos, na Santa Casa de Socorro.

A maioria dos casos de abuso acontecia dentro do centro de umbanda. De acordo com a advogada, os relatos das vítimas são muito parecidos. Elas relataram que Jessey pedia para que bebessem um copo d’água, alegando que “a água é uma condutora elétrica essencial para a terapia”. A polícia investiga se o líder espiritual colocava alguma substância para dopar as vítimas.

As sessões duravam em torno de duas horas. O homem pedia para as vítimas tirarem o sutiã porque “precisava fazer massagem na região do peito”. “Elas até sentiam dores excessivas, ele apertava muito os peitos delas”, disse a advogada.

Segundo Jéssica, o suspeito passava muito óleo no corpo das mulheres, principalmente na região da vagina. “Uma delas me relatou que pediu para ir ao banheiro, porque queria parar com aquilo. Ela disse que ficou com a calcinha encharcada de óleo.”

“Elas relatam que ele posicionava as mãos delas de um jeito que ele pudesse encostar o pênis durante a massagem”, afirmou a advogada.

Ainda de acordo com os relatos, as vítimas entravam em um estado de negação e se questionavam se estavam erradas. “As mulheres se perguntavam: ‘Será que eu estou sexualizando o serviço dele? Será que isso está acontecendo?’”, disse Jéssica.

Relato de vítima

Uma mulher que passou por sessões de quiropraxia com o líder espiritual relatou em entrevista à EPTV como aconteceram os abusos. Ela conheceu Jessey no templo religioso e o procurou para tratar de uma dor nas costas, de acordo com o depoimento.

“Eu era filha de santo do terreiro, foi lá que conheci ele. Inclusive foi lá que fiz a [primeira] sessão de quiropraxia. Como estava no meio de todo mundo, não aconteceu nada. Mas eu decidi continuar os procedimentos, então procurei ele de novo e a gente marcou [outra sessão].”

De acordo com a suposta vítima, o homem era “supersimpático” e ela nunca desconfiou do tratamento, por ele ser seu “irmão de santo”. No entanto, na sessão seguinte, que teria acontecido na casa de Jessey, o suspeito pediu a ela que tirasse o sutiã, para realizar uma massagem.

“Eu falei que não sabia se tirava o sutiã. Falei que nunca tinham me pedido isso em todas as massagens que fiz. Aí ele me convenceu. Disse que todas faziam isso, que todas as mulheres tiravam o sutiã e que ele trabalhava muito na região do peitoral porque fazia parte da massagem”, afirmou a mulher.

“Eu confiei nele. Achei que seria certo. Mas, no momento do toque, ali que eu estranhei porque não estava normal. Nunca tinha acontecido isso em massagem nenhuma”, disse a mulher.

O que diz a defesa

O Metrópoles entrou em contato com a defesa de Jessey Maldonado Monteiro. Em nota, o advogado Ricardo Rafael, que representa o indiciado, informa que não se manifestará sobre o caso, “uma vez que os autos se encontram em segredo de Justiça” e que “no momento oportuno, demonstrará toda a improcedência acusatória”.

“A respeito da prisão preventiva decretada, a defesa informa que respeita a decisão, mas irá recorrer, pois os argumentos utilizados não encontram respaldo legal, onde a presunção da inocência deve prevalecer. Sua decretação é uma afronta aos princípios basilares do Estado Democrático de Direito, regras que regem o processo penal brasileiro”, conclui a defesa.

O Metrópoles entrou em contato com a Santa Casa de Socorro, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

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