Vídeo: “Tá mandando chupar um ao outro”, diz parente de jovem torturado por GCM
Guardas civis municipais foram presos sob a suspeita de obrigar jovens a fazerem sexo oral entre si durante abordagem na Grande São Paulo
atualizado
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São Paulo – Guardas civis municipais de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, foram presos sob a suspeita de torturar jovens, durante uma abordagem, obrigando as vítimas a fazerem sexo oral entre si, em maio deste ano.
A violência foi registrada por parentes dos jovens, que gravaram em vídeo uma ligação telefônica, feita por um dos jovens, com um celular, durante a abordagem dos GCMs (assista abaixo).
No vídeo, uma parente de um dos rapazes afirma “tá mandando chupar um ao outro”, mencionando a suspeita de que os guardas estariam obrigando os jovens a fazerem sexo oral, sob ameaça. As vítimas também teriam sido agredidas.
A abordagem ocorreu no fim da tarde de 7 de maio, na Rua Benedito Pereira Rodrigues, em Itapecerica da Serra, quando os jovens empinavam motos pela via.
Todos foram levados à delegacia da cidade, onde o caso foi registrado como adulteração de sinal identificador de veículo automotor.
À Polícia Civil, um GCM relatou que abordaram os jovens quando estavam “empinando moto”. Ao consultar os dados do veículo ,”não constou quaisquer queixas de natureza criminal”. O veículo acabou sendo apreendido, para ser periciado.
Denúncia
Enquanto os jovens eram abordados, um deles ligou para familiares, que começaram a ouvir a sessão de tortura sofrida pelas vítimas. Por isso, gravaram em vídeo o telefonema, em tempo real.
Com base nessas provas, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) ofereceu denúncia contra seis guardas e pediu a prisão temporária deles, que foi expedida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
Todos os guardas permaneceram foragidos até terça-feira (15/7), quando cinco deles foram detidos. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, os guardas são investigados “pelo crime de tortura”. Eles foram encaminhados à Delegacia Seccional de Taboão da Serra. O sexto GCM investigado pelo crime continuava foragido até a publicação desta reportagem.
Defesa
Segundo o advogado Cleisson Martins, que representa dois dos guardas que estavam foragidos e foram presos, os agentes se declaram inocentes. A defesa vai pedir a revogação da prisão temporária. Sobre a gravação, eles alegam que houve uma discussão entre um dos guardas e “um menino”.
No momento da abordagem, acrescentou o defensor, um dos rapazes teria ficado nervoso e começado a chutar a própria moto, reagindo à aplicação de multa por manobra perigosa, segundo a defesa. Então, o guarda teria dito “chuta”, em vez de “chupa” — termo alegado pela acusação.
A Prefeitura de Itapecerica da Serra afirmou ao Metrópoles, em nota enviada na tarde desta quinta-feira (17/8), que a Corregedoria da GCM protocolou um pedido de acesso ao Inquérito Policial “para tomar as medidas administrativas cabíveis, porém não recebeu a liberação”. “Permanecemos à disposição da Justiça e da polícia sempre que necessário.”