Vídeo: preso diz que roubou relógio de Roberto Kalil porque será pai
Em depoimento em vídeo, Catota confessou que assaltou o médico Roberto Kalil: “Sou o cara que corre, rouba o médico e pede o relógio dele”
atualizado
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São Paulo – Em interrogatório na Polícia Civil, Carlos Henrique Santana, o Catota, de 20 anos, confessou que assaltou o médico Roberto Kalil, cardiologista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na capital paulista. Ele foi preso na semana passada.
O depoimento foi registrado em um vídeo de 10 minutos e 38 segundos (veja os principais trechos abaixo), obtido com exclusividade pelo Metrópoles. O assaltante de Kalil disse que usou uma arma de brinquedo e alegou que praticou o roubo porque está prestes a ser pai.
“Eu sou o cara que corre lá, rouba o médico, pede o relógio dele e sai fora”, confessou no interrogatório.
“Foi que nem eu falei para vocês: deu uma apertada, vou ser pai, entendeu? Nasce este mês. (…) Deu uma apertada, dificuldade da vida, e eu optei por essa saída. Como estou falando para o senhor, fiz uma burrada e vou ser homem para pagar”, completou Catota.
Assalto
Catota também deu detalhes do assalto na gravação. Segundo afirma, ele seguiu o médico desde a Marginal Tietê até a garagem do consultório, na região central de São Paulo, e admitiu ter sido o responsável por tirar de Kalil a aliança, um óculos de sol e um relógio de pulso, avaliado em R$ 1 milhão.
Questionado, ele se negou a dizer para o delegado os nomes dos outros participantes do crime e disse estar arrependido do crime. “Minha filha vai nascer e eu nem vou poder estar na rua para dar um abraço.”
O assalto aconteceu na manhã de 12 de dezembro de 2023. Kalil havia chegado de carro para trabalhar em seu consultório, entrou na garagem do edifício, em frente ao Hospital Sírio-Libanês, na Bela Vista, mas foi seguido por dois motociclistas.
A ação dos ladrões foi gravada por câmeras de segurança (veja acima). As imagens mostram Catota desembarcando da moto, passando pela cancela de segurança a pé e alcançando o médico antes de ele chegar ao elevador.
Repercussão
O assaltante disse que só soube da repercussão do caso porque se viu na televisão. “Fui para minha casa e liguei no [programa do apresentador José Luiz] Datena. [O assalto] começou a passar no jornal”, relata. Em seguida, decidiu devolver a moto, que seria emprestada, e se desfazer da roupa que usou no crime. “Joguei tudo fora.”
De acordo com seu depoimento, ele antes trabalhava como entregador de delivery, vendedor de frutas e fazia bicos em um lava rápido. O preso, no entanto, também admitiu que já havia vendido munições de forma ilegal.
Por causa do roubo, ele ficou três semanas escondido na casa da namorada, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, que está grávida de oito meses. No dia 3 de janeiro, os investigadores conseguiram capturá-lo e acharam as balas de calibre 22 no local.
“Não tinha arma, eu comprei [munição] só para revender, tá ligado? Vi que não ia virar também e deixei para lá”, afirmou. “Comprei umas dez e vendi [seis], um pouquinho mais caro do que o preço. Os caras compram a R$ 20 e vendem a R$ 30. Eu estava vendendo a R$ 45, cada uma.”
Investigação
A prisão de Catota foi feita por policiais civis da 2ª Delegacia Patrimônio do Departamento de Investigações Criminais (Deic).
Além das munições, os policiais encontraram oito aparelhos celulares com o criminoso. Em um deles, havia fotos do relógio de Kalil, que foi recuperado no dia seguinte à prisão.
Três comparsas também teriam participado do roubo. Renato Luiz Rodrigues dos Santos, de 45 anos, foi preso em flagrante no dia do assalto. Outros dois seguem foragidos.
Além deles, a Polícia Civil tenta identificar quem são os criminosos responsáveis por receptar o relógio de Kalil e a ajudar a vender os itens roubados.
O próximo passo da investigação é analisar os aparelhos para identificar quem mais estaria envolvido nos crimes. Com base no material, os policiais já miram um jovem, ainda não localizado, que aparece em uma foto em cima de uma moto com Catota.