Vídeo: PM soca rosto de jovem durante abordagem em favela de SP
Jovem de 21 anos foi abordado por policiais militares do 8º Batalhão quando estava sentado em frente de casa na zona leste
atualizado
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São Paulo – Um soldado da Polícia Militar (PM) aparece em um vídeo, feito com celular, dando socos no rosto de um rapaz, durante abordagem policial, em uma comunidade da zona leste de São Paulo, na noite de sexta-feira (8/12).
O registro (assista abaixo) mostra que Kennedy de Alcântara Oliveira, 21, foi golpeado com socos no rosto, mesmo após imobilizado com as mãos para trás, deitado no chão, pelo soldado Davi Fernandes Medeiros de Oliveira, de 26 anos.
Em depoimento à Polícia Civil, na madrugada de sábado (9/12), Kennedy afirmou que estava na frente de sua casa, na comunidade Jardim Piratininga, quando uma viatura da PM passou e um policial pediu para ele se levantar, porque seria submetido a uma busca pessoal.
O rapaz obedeceu às ordens dos PMs, segundo o depoimento, afirmando que “foi levado para a parede, tendo os militares usado de força para que ele colocasse as mãos para trás e, em determinado momento, recorda-se que passou a ser agredido fisicamente, com socos no rosto”.
Nas imagens, o soldado Davi usa o antebraço para apertar o pescoço de Kennedy contra a parede, que força a cabeça para frente. Em seu depoimento, o PM afirma que o rapaz havia tentado lhe dar uma cabeçada e que, por isso, foi “necessário o uso moderado da força e golpes contundentes para contê-lo”.
Assim que o soldado começa a golpear Kennedy, testemunhas e policiais se envolvem em uma confusão generalizada. Um dos PMs aponta sua arma de fogo contra os moradores da região.
O pai de Kennedy, de 45 anos, chegava na comunidade no momento em que o filho era golpeado pelo policial. O homem afirma que também foi agredido por policiais, com um cacetete.
Versão dos PMs
Em depoimento à Polícia Civil, o soldado Davi afirmou que, junto com outros PMs do 8º Batalhão, foi à comunidade para atender a um chamado para atender uma “desinteligência”.
Dentro da favela, ela afirmou terem avistado homens em “atitude suspeita de tráfico”. Os supostos traficantes teriam corrido ao avistar a viatura.
Foi quando viram Kennedy sentado em frente de casa e decidiram abordar o rapaz. “O abordado desobedeceu à ordem dos militares, recusando-se a se submeter à busca pessoal”, diz trecho do relado na delegacia.
Kennedy, acrescentou o policial, tentou “desferir uma cabeçada” e também teria mordido a mão de outro PM “antes de ser contido”.
Reforço policial foi chamado, segundo o soldado em seu depoimento, porque moradores da região começaram a jogar pedras contra os policiais.
Hospital
Kennedy e os policiais foram para o Hospital Municipal do Tatuapé, onde todos foram atendidos e liberados.
Em seguida, foram todos para o 30º DP (Tatuapé), onde o caso foi registrado como abuso de autoridade, resistência e desobediência.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) e a Polícia Militar não haviam se posicionado sobre o caso até a publicação desta reportagem.