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Vídeo: PM não ajuda vítima e usuário de droga recupera celular roubado

Motorista teve celular roubado no centro de SP, pediu ajuda a PMs, mas quem recuperou aparelho foi usuário de droga da Cracolândia

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São Paulo — Um motorista de aplicativo que teve o celular roubado, na tarde dessa quinta-feira (31/8), no centro de São Paulo, pediu socorro a policiais militares, mas só conseguiu recuperar o aparelho graças à ajuda de um usuário de drogas da Cracolândia.

Logo após o assalto, por volta das 18h, na Avenida Rio Branco, a vítima parou o veículo e recorreu a PMs que estavam de moto na região dizendo que sabia quem havia roubado seu celular. Mas um dos policiais recusou ajudá-lo alegando ser “impossível” ir ao local do roubo, próximo à concentração de dependentes químicos.

Instantes depois, um usuário de drogas que teria visto o assalto ofereceu ajuda ao motorista de aplicativo. Ele foi até o fluxo da Cracolândia e, em menos de cinco minutos, voltou com o aparelho na mão e devolveu para a vítima. A cena foi flagrada pelo Metrópoles (assista abaixo).

Como foi a ocorrência

Pouco antes das 18h, o motorista teve o aparelho tomado por um ladrão, que correu em direção ao fluxo de usuários de drogas, na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua dos Gusmões. A vítima foi atrás, mas acabou impedida de prosseguir por outras pessoas que fumavam crack na calçada da avenida

De volta ao carro, no meio da avenida, o motorista avistou três policiais militares da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam), momento registrado em vídeo pela reportagem. “Vamo lá, eu vi quem é, mano. Eles me apavoraram, lá. Eu fui lá”, disse o motorista para os PMs.

Os policiais, então, orientaram o motorista a encostar o carro na calçada da Rio Branco. A vítima demonstrou esperança de recuperar o telefone. “Eu vou tentar pegar lá meu celular. Roubou no painel”, contou à reportagem, ao desembarcar.

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GCM acompanha limpeza da Rua dos Protestantes após passagem do fluxo de usuários

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O motorista caminhou em direção aos PMs e pediu ajuda. “Tem como ir até ali? Eu vi quem foi, irmão. É que eles me brecaram ali”, afirmou. Em meio ao som do rádio da corporação, um dos policiais se recusou a avançar. “Ali é impossível a gente ir”, disse.

O motorista então lamentou a situação. “Mó [maior] prejuízo, acabei de pagar o celular”, afirmou. “Eu fui na hora, mas os moleques me brecaram ali e falaram para eu não chegar, mano”, disse.

Enquanto conversava com a reportagem, um dependente químico que havia acabado de sair do fluxo fez sinal, vindo em direção ao motorista. Um comerciante então deu um toque. “Vai lá que eles vão devolver. Vai lá. Vamos lá, que eles devolvem”, afirmou, acompanhando o motorista.

A vítima ainda olhou para trás na esperança de que os PMs fossem com ele até o local. “Vão buscar o celular lá, mano [olhando para os PMs]”, disse.

Quem se apresentou, entretanto, foi o homem que havia acabado de sair do fluxo a mando de alguém, como sugeriu, em uma fala truncada. “Fica aqui, truta. Eu sou boca do lixo, eu gosto de roubar é rico, que tem ouro. Celular para mim não presta. Calma, aí”, afirmou o dependente químico.

O motorista aguardou por alguns instantes. Na sequência, caminhou, sozinho, em direção ao fluxo de usuários de crack. Em seguida, retornou com o celular na mão, passando pelos PMs que assistiram a tudo à distância. “Devolveram meu celular”, disse. “Eu preciso ir embora, irmão, senão vai ‘moiar’ [molhar] pra mim, aí”, afirmou.

Questionado pela reportagem sobre o que tinha acontecido, o homem que ajudou o motorista a recuperar o celular gesticulou bastante, acompanhado de outra pessoa. “Vou tentar adiantar, aí, mas nós não tem culpa, véio. É cada um no seu corre. Vai com cuidado, aí”, disse.

Postura de PM desmente secretário

A situação flagrada pelo Metrópoles na região central de São Paulo contrasta com afirmações recentes das autoridades a respeito da presença da polícia em todo o território paulista, bem como sobre a sensação de segurança nos bairros próximos à Cracolândia.

Bastante ativo nas redes sociais, onde conta com mais de 700 mil seguidores, o secretário estadual da Segurança Pública, Guilherme Derrite, publicou no Instagram, nesta semana, um vídeo no qual afirma que não há lugar no estado onde as polícias não entrem.

“Mas jamais permitiremos que sequer um metro quadrado no Estado de São Paulo seja dominado pelo crime organizado. Não tem um local em que as polícias não entrem no Estado de São Paulo”, disse em cerimônia de formação de militares, que contou a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Derrite foi aplaudido pelos presentes.

Em conversa com a reportagem, policiais militares que atuam na região da Cracolândia afirmaram que fazer uma incursão em dois ou três para buscar um celular em meio ao fluxo de usuários de drogas, que chega a contar com mais de 700 dependentes químicos reunidos simultaneamente, colocaria em risco não apenas a sua própria integridade física, como também poderia ser o estopim de uma confusão que se alastraria por todo o centro de São Paulo, com quebra-quebra e violência generalizada. Também disseram que a tentativa seria ineficiente, porque o ladrão já teria repassado o aparelho para outra pessoa.

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