Vídeo. PM atira 10 vezes em homem negro com celular na mão: “Morreu”
Imagens captadas pela câmera corporal do PM mostram homem sendo atingido, de costas, e segurando um celular, em favela de São Paulo
atualizado
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São Paulo – Vídeo obtido pelo Metrópoles mostra um policial militar (PM) em serviço atirando pelo menos 10 vezes contra um homem, que estava de costas e com um celular na mão, em uma favela de São Paulo.
Segundo as imagens (veja abaixo), registradas pela câmera corporal instalada na farda do PM, o caso aconteceu às 10h30 dessa quarta-feira (8/5). A ocorrência aconteceu na Viela Rua dos Coqueiros, no Jardim Paulistano, área pobre da zona norte da capital paulista, com barracos de madeira e casas simples de alvenaria.
É possível ver que o policial, que estava de campana, atira, sem aviso prévio, contra o homem, assim que ele aparece na esquina. Na hora do disparo (imagem de destaque), a vítima estava de costas.
O homem, que estava de bermuda, chinelo, boné e uma bolsa no pescoço, cai no chão e o seu celular sai rolando pela terra. “Ele morreu. Vamos, vamos!”, diz um policial, na gravação. Outro agente fala em seguida: “Parou, parou”.
“Surpreendidos”
Às 14h20, a reportagem procurou a Secretaria da Segurança Pública (SSP), do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). Às 18h, a pasta conduzida por Guilherme Derrite respondeu que o caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, e pela própria PM.
Na nota, a SSP diz que os policiais envolvidos na ocorrência “apuravam uma denúncia de tráfico de drogas” e “foram surpreendidos por suspeito armado com um revólver calibre .38. Houve a intervenção e o homem foi atingido”.
A dinâmica alegada de que os PMs teriam sido “surpreendidos”, no entanto, não é comprovada pelas imagens. De acordo com a gravação, o homem é baleado quando ainda estava de costas e sem arma à mostra.
O revólver estava dentro da bolsa do homem e cai no momento em que ele fica estirado no chão.
“Resistência”
A pasta informa que a vítima foi retirada do local. “Ele foi socorrido ao Hospital Geral de Taipas, mas não resistiu”, diz.
“As armas envolvidas na ocorrência foram apreendidas e encaminhadas à perícia, bem como a bolsa do suspeito, que continha dinheiro em espécie e anotações do tráfico de drogas”, alega a pasta.
Ainda de acordo com a gestão Derrite, o homem teria sido identificado como “integrante de uma facção criminosa” e estaria “foragido desde janeiro de 2024”.
“Foram solicitados também exames periciais ao Instituto de Criminalística e ao Instituto Médico Legal”, diz a SSP. A ocorrência foi registrada como “resistência”, “morte decorrente de intervenção policial” e “posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito”.