Vídeo: paciente imobilizada não tem ajuda nem para comer em hospital
Impossibilitada de se movimentar, garçonete de 33 anos afirma que precisa se virar sozinha para comer e beber água em unidade de SP
atualizado
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São Paulo – A garçonete Roselane Teixeira Silva, de 33 anos, está internada desde o último dia 24 no Hospital Municipal de Parelheiros, após sofrer uma queda na escada de sua casa, na mesma região onde fica a unidade de saúde, na zona sul da capital paulista. O hospital é gerenciado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina em parceria com a Prefeitura de São Paulo, da gestão Ricardo Nunes (MDB).
Ao Metrópoles, a garçonete denunciou que não está sendo atendida de forma digna pela equipe de enfermagem, que, segundo ela, está negligenciando suporte nos cuidados básicos, como higiene e alimentação.
Desde que foi internada, acrescentou, seu cabelo segue sujo de sangue. Além disso, ela não é movimentada na cama por profissionais — como lesionou o pescoço, não consegue se mexer sem auxílio —, o que está resultando em edemas em suas nádegas e costas.
A garçonete também afirmou que a equipe de enfermagem reage com grosseria quando ela pede ajuda, inclusive para se alimentar. As enfermeiras, acrescentou, só lhe dão a medicação — qualquer outro pedido feito pela paciente, ou não é atendido ou demora muito para ocorrer, disse ela.
Roselane registrou, em vídeo, um pouco das dificuldades que vivencia há mais de uma semana (assista abaixo).
Sem banho
A paciente afirmou, ainda, que seu corpo foi limpo somente três vezes com um pano e sabão, em nove dias de internação. A limpeza mais recente ocorreu nesse domingo (1º/10). Isso gera desconforto, ressaltou a garçonete.
“E além disso tudo, demorou uma semana para um assistente social me procurar oferecendo ajuda.”
Nos primeiros dias de internação, Roselane se preocupou muito com as duas filhas, de 1 e 6 anos. Ela conseguiu, por fim, deixar as crianças com a sogra de uma amiga, diminuindo um pouco sua lista de preocupações.
A garçonete caiu da escada de acesso a sua casa, que não tem corrimão, e quebrou o fêmur, joelho direito e lesionou o pescoço. Por isso, ela precisa usar um colar ortopédico e está com a mobilidade comprometida. Ela foi submetida a duas cirurgias no joelho, durante as quais pinos externos foram colocados e depois substituídos por placas.
Apesar disso, ela afirmou não receber ajuda de enfermeiros para se alimentar ou beber água.
“Se eu chamo os enfermeiros, eles acham ruim. Grito para virem me ajudar, porque não tenho como me movimentar. Aí eles falam que eu não sou a única pessoa doente no hospital e que tenho que aguentar calada. Não estou aguentando ficar aqui. Tirando a medicação, que me dão, para as outras coisas preciso me virar sozinha”, desabafou a garçonete.
Prefeitura
A Secretaria Municipal da Saúde, da gestão Ricardo Nunes, afirmou em nota, enviada na noite dessa segunda-feira (2/10), que a paciente é assistida por uma equipe “multiprofissional” acrescentando que a ela é fornecida “toda a assistência necessária para a sua pronta recuperação.”
A direção do hospital de Parelheiros disse, ainda na nota, que a garçonete apresenta um “quadro de agitação” e estaria “retirando o colar cervical por diversas vezes.”
“Quanto à higiene, para proteção à paciente, a equipe médica indicou banho no leito com lenço umedecido, para o qual tem pouca aceitação.”
A unidade de saúde acrescentou estar à disposição “para o que for necessário.”
Hospital Guaianases
O Metrópoles revelou, no domingo, que pacientes e seus familiares denunciam a falta de informações, de limpeza, de funcionários, de itens como fraldas, e atraso na administração de medicamentos, além do agendamento de cirurgias, no Hospital Geral de Guaianases, no extremo leste de São Paulo. A unidade é administrada pela gestão Tarcísio de Freiras (Republicanos).
Imagens feitas por um paciente da ala de ortopedia, na quinta-feira (28/9), e encaminhadas ao Metrópoles, mostram um homem com os dois braços engessados dando comida para um senhor. O idoso é mantido amarrado em uma maca.
Após a publicação da reportagem, o secretário estadual da Saúde, Eleuses Paiva, determinou a abertura de uma sindicância interna para apurar as denúncias.