Vídeo mostra PMs amarrando suspeito de furtar bombons já algemado
Câmera de segurança mostra que Robson Rodrigo Francisco estava algemado e deitado no chão quando policiais começaram a amarrá-lo
atualizado
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São Paulo – Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que Robson Rodrigo Francisco, suspeito de furtar caixas de bombom na zona sul de São Paulo, tem os pés e as mãos amarrados por policiais militares quando já estava algemado.
Nos vídeos obtidos pelo Metrópoles, é possível ver Robson, em um primeiro momento, resistindo à abordagem policial. Quatro agentes tentam contê-lo enquanto ele se debate no chão.
Depois, quando ele estava deitado de bruços, um policial traz uma corda e começa a amarrá-lo. Robson já havia sido algemado e imobilizado.
Assista:
No sábado (17/6), o Ministério Público de São Paulo ofereceu denúncia contra Robson por furto qualificado, resistência à prisão e corrupção de menores. A acusação é de que, além de Robson, um outro suspeito e um adolescente tenham participado do furto à loja de conveniência. O episódio ocorreu em 4 de junho.
Abordagem policial
Imagens das bodycams acopladas às fardas dos policiais militares mostram o diálogo entre o suspeito e os agentes. O homem pede que os outros dois suspeitos sejam soltos.
“Se eu tô falando para liberar os dois, eu tô falando para liberar os dois”, diz Robson. “Vai, Robson, já solta a fita aí. Como que foi?”, questiona uma policial. Ele, então, responde: “Fui eu que peguei, entendeu? Eles não têm nada a ver”.
A PM pede que ele se sente. “Você vai sentar, eu vou trocar ideia com você”, diz ela. Robson resiste e fala que só se os policiais derem “um rodo” nele.
Tortura e repulsa
Em nota, a defesa de Robson afirma que as novas imagens da ação dos policiais evidenciam que houve “tortura” e provocam “repulsa”.
“É com sufocante pesar e repulsa às imagens de tortura da ação realizada por diversos policiais militares que a defesa encampada pela Associação Nacional da Advocacia Negra e pelo Grupo Africanize e por demais entidades que apoiam a igualdade entre pessoas sem discriminação de raça, gênero ou condição social ou qualquer outra vertente expressam este momento”, diz a nota. “Que o Poder Judiciário tenha coragem de punir todos os envolvidos”.
Durante audiência de custódia realizada em 5 de junho, a juíza Gabriela Marques da Silva Bertoli, do Tribunal Justiça de São Paulo, entendeu que não houve tortura na ação dos policiais. De acordo com a Defensoria Pública, ela não teve acesso a imagens dos PMs durante o julgamento.
O caso ganhou maior repercussão no dia seguinte à audiência, em 6 de junho, quando viralizou nas redes sociais um vídeo em que Robson aparece amarrado na UPA Vila Mariana, sendo arrastado pelos policiais para dentro de uma viatura.
Furto no Oxxo
Segundo um funcionário da loja de conveniência Oxxo, Robson e outros dois rapazes entraram na unidade de madrugada e fizeram um “arrastão”, colocando diversos produtos dentro de cestas. Ele suspeitou da ação, porque Robson já teria cometido outros furtos, acionou o botão do pânico e foi para o lado de fora.
O trio saiu da loja levando vários produtos sem pagar. Além das caixas de bombom, eles roubaram bebidas alcoólicas e energéticas avaliadas em cerca de R$ 500. O funcionário indicou as vestimentas e o sentido para o qual os suspeitos teriam ido.
Mais adiante, em outra rua, os PMs encontraram Robson com duas caixas de bombom. Ainda de acordo com os policiais, Robson “estava bastante alterado e em momento acatou a ordem dos policiais, sendo necessário o uso da força para algemá-lo”.
Os PMs solicitaram apoio de outra viatura. Segundo o relato, foram necessários quatro policiais para segurar o suspeito. “Mesmo algemado, Robson continuou resistindo e foi necessária a utilização de uma corda para amarrar os pés”, disseram os militares na delegacia.
Robson teria ameaçado sair correndo e também que “pegaria a arma dos policiais e daria vários tiros” neles, ainda conforme relatos dos policiais. Os outros dois suspeitos também foram detidos.
Após a repercussão do caso, os policiais envolvidos foram afastados. A Corregedoria da corporação e o Ministério Público de SP apuram as circunstâncias.
Um grupo de entidades de direitos humanos entrou com uma ação civil pública contra o estado de SP e pediu indenização de R$ 500 mil por ato de tortura.