Vídeo: família escapa de avião da VoePass e cita “sistema fora do ar”
Família embarcou por engano em voo em direção à Cascavel (PR), mas conseguiu ser remanejada. O trajeto de volta da rota aérea foi o que caiu
atualizado
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São Paulo — Um homem embarcou com a família por engano no avião da VoePass que viria a cair no mesmo dia, em Vinhedo, no interior paulista, na última sexta-feira (9/8). Ele percebeu a tempo e conseguiu deixar a aeronave, evitando uma provável viagem de volta para o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, no voo que caiu e deixou 62 mortos.
Fernando Morais publicou um relato nas redes sociais, no qual descreve a sequência de fatores que o fizeram ficar por cerca de meia hora dentro do avião ATR-72. Ele, a esposa e o filho pequeno do casal iriam embarcar para Rio Verde, em Goiás, mas acabaram entrando no voo com direção à Cascavel, no Paraná.
“[A VoePass] estava embarcando para Rio Verde e Cascavel no mesmo horário. Quando abriu a fila para embarcar, no monitor do aeroporto estava escrito ‘embarque para Rio Verde’. (…) os nossos lugares estavam ocupados, com o mesmo número de assento do meu”, diz Fernando.
Segundo ele, os tripulantes da companhia foram solícitos e educados. “Inclusive a comissária de bordo, a Debora”, uma das vítimas da tragédia, “o rosto dela não sai da minha cabeça, porque ela ajudou muito a gente”, afirma.
Fernando conta que percebeu que estava no voo errado quando a comissária questionou outro passageiro. Segundo ele, os funcionários “não conseguiam checar a lista de passageiros porque o sistema estava fora do ar”.
De acordo com o relato, Debora Soper fez uma chamada via rádio para o solo, para retirar os passageiros que estavam no voo errado. “Demorou meia hora, até que veio um carro e levou a gente para o avião certo”, diz.
A esposa dele, Bruna, afirma no vídeo que a comissária também disse que, caso a família não conseguisse pegar o voo para Rio Verde, poderiam seguir com eles para Cascavel e, depois, voltar para Guarulhos. “Eles ofereceram para fazer o bate e volta com a gente”, conta.
O voo de volta para São Paulo foi justamente o que caiu no quintal de um condomínio residencial em Vinhedo (SP), o quarto voo da aeronave naquele dia.
“A gente teve um livramento que só Deus explica. (…) As comissárias ficaram com a gente durante o trâmite, ajudaram a gente com as malas, brincou com o Benício [filho de Fernando]. A gente conviveu um pouquinho com esse pessoal, estava todo mundo feliz”, relata.
O Metrópoles questionou a assessoria da VoePass, que negou a falha no sistema citada pelo passageiro.
Perícia inicial
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) concluiu, nesta segunda-feira (12/8), a perícia inicial no local onde o avião da VoePass caiu em Vinhedo. A queda deixou 62 pessoas mortas.
O órgão, que pertence à Força Aérea Brasileira (FAB), passou o fim de semana realizando a chamada “Ação Inicial”, em que são recolhidas as primeiras informações que podem explicar a causa da queda. No domingo (11/8), os dados das caixas-pretas do avião foram extraídos da área com sucesso.
Com a finalização dessa primeira fase, a FAB explicou, em nota, que as investigações seguem para a fase de análise dos dados recolhidos, “com o levantamento de outras informações necessárias, a fim de identificar os possíveis fatores contribuintes”.
Hipóteses da queda
Até agora, foram levantadas três hipóteses para explicar o motivo da queda. A primeira delas é que o acidente possa ter sido causado por formação de gelo nas asas, uma conjectura sustentada pelos boletins meteorológicos do dia e pelo histórico de um acidente similar nos Estados Unidos há 30 anos.
Outra possibilidade é de que o avião estava com resquícios de danos causados por um “tailstrike” — termo técnico usado na aviação para quando o avião bate com a cauda na pista — sofrido em março deste ano.
Há ainda uma terceira hipótese, que se fundamenta no fato de que os problemas no ar-condicionado na aeronave, apontados por pessoas que tinham pilotado o avião, tenham prejudicado a sua refrigeração.
O relatório preliminar do acidente aéreo deverá ser divulgado em 30 dias. Segundo o Cenipa, a conclusão da investigação “terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência”.