Vídeo: de dentro do Congresso, bolsonarista afirma ter sido patrocinado para ato de vandalismo
Samuel Faria insinua ter recebido dinheiro de “patriotas” do interior de São Paulo, via Pix, para participar de ato bolonarista no DF
atualizado
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São Paulo – O instrutor de voo livre Samuel Faria afirma, em um vídeo feito dentro de um gabinete parlamentar, no Congresso Nacional, ter sido financiado por meio de transferências bancárias, via Pix, para participar dos atos golpistas deflagrados neste domingo (8/1) em Brasília (DF).
Ao menos 300 pessoas foram presas por invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, até a publicação desta reportagem.
Com os pés sobre uma mesa, Faria afirma se sentir um parlamentar, enquanto manifestantes se confrontam com a polícia fora do prédio.
“O pau tá quebrando [mostra com o celular a parte externa]. Tô nem aí. Tô de férias. Dinheiro tá na conta. Obrigado amigos patriotas, pessoal de Amparo [interior de São Paulo], ajudaram a gente aí, muitos amigos patrocinando a gente aí com o pix”, afirma o instrutor no registro.
Em outro vídeo, Faria aparece sentado na cadeira do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD). Com um homem cantando ao fundo, como se estivesse entoando um cântico religioso, o instrutor afirma: “Muita bomba lá fora, olha [sic] os estouros. A polícia do congresso, nós pusemos pra correr. Agora aqui é do povo.”
O Metrópoles enviou questionamentos para Samuel, sobre quem teria supostamente financiado sua viagem e quanto lhe teria sido pago. Ele não havia se manifestado até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.
MPSP promete punir “autores dos atentados”
O procurador-geral de Justiça paulista, Mario Sarrubbo, afirmou que o Ministério Público de Sâo Paulo (MPSP) condena as “cenas criminosas” registradas neste domingo no Distrito Federal, “capital de todos os brasileiros.”
Ele garantiu que os autores dos atentados à democracia, assim como seus financiadores, serão levados “às barras dos tribunais.”
Ele comparou os atos antidemocráticos do DF aos ocorridos nos EUA, em 2021. Quando a vitória de Joe Biden (Partido Democrata) foi anunciada, milhares de simpatizantes de Donald Trump forçaram a entrada do Capitólio, alegando fraude nas votações. Após um ano da invasão, o número de pessoas presas e indiciadas ultrapassava 725.
Sarrubbo afirma que o ato golpista realizado neste domingo em Brasília simboliza “o desprezo que esses grupos nutrem pela vontade popular materializada nas urnas e sua aposta na desordem como meio para subverter as regras do jogo democrático.”
Ele frisa que isso, porém, “não ocorrerá.”
“À imensa maioria do povo brasileiro, que em virtude de seu respeito pelos valores republicanos se pauta sempre pela lei, o Ministério Público renova o seu compromisso de, ao lado os outros atores do sistema de Justiça, rechaçar as investidas contra a nossa democracia”, afirmou o procurador-geral.
Retomada
Após os atos de vandalismo e terrorismo que deixaram os prédios públicos na Praça Três Poderes destruídos, em Brasília, as forças de segurança conseguiram desocupar o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).
A Polícia Militar do DF desocupou o prédio do Congresso e mantém efetivo dentro da área para evitar novos ataques. Forças de Segurança pública também atuam na segurança dos outros locais públicos.
Aos gritos de “faxina geral” e ao som do Hino Nacional, bolsonaristas ocuparam a Esplanada dos Ministérios, no período da tarde. Houve reclamações de falta de atuação da Polícia Militar do DF em conter os manifestantes. Assim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou intervenção federal na segurança pública do DF.
Ricardo Garcia Capelli, atual secretário-executivo do Ministério da Justiça, comandará a operação de intervenção. A medida valerá, inicialmente, até o dia 31 de janeiro. Mas ainda precisará ser aprovada pelo Congresso Nacional em sessão marcada para esta segunda-feira (9/1).