Vídeo mostra batida que matou jovem e adolescente perseguidos pela PM
Vídeo da rua onde a batida aconteceu mostra que uma viatura da PM perseguia a moto que levava as duas vítimas; viatura não prestou socorro
atualizado
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São Paulo — Imagens de câmeras de segurança registraram a batida que vitimou Manuella Souza Carvalho, 13 anos, e Albert Wanderson de Moraes Balmant, de 18, na madrugada desta segunda-feira (13/5), no Jardim Iguatemi, zona leste de São Paulo. Em vídeo obtido pelo Metrópoles, é possível ver uma viatura da Polícia Militar perseguindo a moto que levava os dois. Além disso, a câmera mostra os policiais indo embora do local após o acidente, sem parar para prestar socorro às vítimas.
O boletim de ocorrência do caso, registrado no 49º Distrito Policial (São Mateus), não relata nenhuma perseguição. “Narram os policiais que, no local dos fatos, aparentava que a vítima condutora da motocicleta perdeu o controle e subiu na calçada e bateu contra duas barras de ferro e contra um poste”, diz o documento, feito a partir do relato do PM Jhonnes Hipolito, de 30 anos.
Além da perseguição, o vídeo mostra que a viatura da PM deixou o local sem prestar socorro às vítimas.
Ao Metrópoles, a psicóloga Fabiana Farias de Almeida, de 34 anos, prima de Manuella, afirmou que foi até a delegacia com os vídeos para questionar o fato da perseguição e da não prestação de socorro não aparecerem no boletim de ocorrência, mas recebeu como resposta que tem que esperar o delegado responsável pelo caso entrar em contato com mais explicações.
“Eu levei os vídeos, eu levei o material que eu tinha, porque no boletim de ocorrência diz que foi um acidente. Sim, foi um acidente, mas por perseguição e não houve prestação de socorro da PM. Nossa questão é essa. Não pode passar impune”, disse Fabiana em entrevista.
A familiar ainda diz que o pai da vítima de 13 anos chegou antes do socorro médico, quando apenas vizinhos estavam na rua, dando ajuda às vítimas.
O que esses vizinhos disseram, na sequência, segundo o relato de Fabiana, é que depois da batida da moto, no lugar de prestar socorro à menina e ao rapaz, os PMs procuraram as casas vizinhas para saber se alguém teria câmeras que pudessem ter registrado a cena. “Eles coagiram as pessoas a não entregar as imagens”, afirma a prima.
O BO ainda diz que que a equipe de Hipolito foi chamada pelo Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) para atender uma ocorrência de acidente de trânsito, mas que, quando chegaram no endereço, já havia equipes de socorro médico e uma outra viatura preservando a cena.
“A viatura não era a mesma da perseguição”, pontua Fabiana.
Um inquérito policial foi instaurado nesta segunda para analisar os fatos do ocorrido.
Questionada sobre o vídeo, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirmou a abertura do inquérito do policial e afirmou que os policiais envolvidos no caso estão afastados até a conclusão das investigações do caso. Além disso, a pasta também diz que “não compactua com desvios de conduta, apurando e punindo com rigor todos os casos em que irregularidades são constatadas”.
Festa no bairro
A prima contou que Manuella saiu de casa escondida na noite de domingo (12/5) para ir à uma festa que acontecia na região. Segundo ela, a menina queria muito ir até a confraternização, mas o pai não teria deixado. A menina, que ficou na casa dos avós no dia, esperou então que os responsáveis fossem dormir para sair de casa sem ser vista.
A ação foi flagrada pelo irmão mais novo que teria contado aos pais logo depois. Após isso, Fabiana relata que a família começou a realizar diversas ligações para a vítima, que, ao entender a gravidade da situação, teria pedido a Albert Wanderson de Moraes Balmant, de 18 anos, que a levasse de volta para casa em uma moto. Mais tarde, foi confirmado que Albert seria a outra vítima fatal no acidente.
Durante o caminho, os dois foram perseguidos por uma viatura da PM antes de perderem o controle do veículo e baterem em uma calçada.