“Vida conjugal afetada”, diz defesa de PM que fuzilou colegas por causa de escala
Sargento Gouveia matou o comandante da sua unidade e outro colega de farda no quartel da PM, em Salto (SP), na última segunda-feira (15/5)
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – O sargento Cláudio Henrique Frare Gouveia (foto de destaque), que na segunda-feira (15/5) matou dois colegas de farda dentro do quartel da Polícia Militar (PM) em Salto, interior de São Paulo, se sentia perseguido e estava com a “vida conjugal afetada”.
É o que diz o advogado dele, Rogério Augusto Dini Duarte. De acordo com o defensor, a mulher do militar servia na mesma unidade e os horários de ambos coincidiam, o que atrapalhava nos cuidados da filha pequena e no dia a dia do casal.
“Parece coisa boba, mas não é. Isso interfere na vida da família, do casal… Como os dois serviam na mesma unidade, o comando deveria levar em consideração, dialogar, tentar resolver o problema, e não impor. Será que não dava para remanejar a escala de um deles?”, questiona Duarte.
O advogado disse que a situação ficou insustentável, o que levou Gouveia a invadir a sala do comando armado com um fuzil 556 e dois pentes carregados. “Foram pelo menos 23 disparos”, conta Duarte, lembrando que Gouveia tem 32 anos de corporação e nunca teve problemas.
Gouveia se entregou logo após matar o comandante da unidade, capitão Josias Justi da Conceição Júnior, e o sargento Roberto Aparecido da Silva, que despachava documentos com o superior no momento dos disparos.
Ele chegou à 3ª Companhia do 50º Batalhão de Polícia Militar do Interior, em Salto, com o fuzil e pediu para que todos os policiais saíssem da unidade, alegando que se tratava de um treinamento.
Em seguida, trancou a porta e foi até a sala do capitão e abriu fogo. Usou um pente inteiro e parte de outro.
Josias e Roberto foram enterrados em Sorocaba (SP), nessa terça-feira (16/5), em clima de bastante comoção.
Sargento passa mal
Nessa terça, seria a audiência de custódia do sargento Gouveia, mas ele passou mal e foi hospitalizado. De acordo com Duarte, o militar ficou sem comer no dia do crime e acabou desmaiando na prisão: “Não é nada grave”. A audiência de custódia deve ser realizada no início da tarde desta quarta (17/5).
Salto decreta luto
O caso é investigado pela Corregedoria da Polícia Militar. Em nota, a PM lamentou o episódio e afirmou que “todas as providências de Polícia Judiciária Militar estão em andamento”.
“É com extremo pesar que a Polícia Militar informa que, nesta segunda-feira (15), por volta das 9h, dois policiais militares foram atingidos por disparos de arma de fogo efetuados por um sargento da instituição por razões ainda a serem esclarecidas. (…) Infelizmente, as vítimas entraram em óbito.”
Em nota, a Prefeitura de Salto expressou “profunda consternação” com a morte dos dois policiais militares e decretou luto de três dias.
Policial mata no Ceará
O crime ocorreu um dia depois de quatro policiais serem mortos a tiros por um colega dentro da Delegacia Regional de Camocim, no Ceará.
O policial civil Antônio Alves Dourado disse que matou os colegas após ser humilhado pelas vítimas.