Vice imposto por Bolsonaro, ex-Rota conquista Nunes e espanta fritura
Coronel Mello Araújo faz agendas com Ricardo Nunes e adquire confiança do prefeito como nome que agrega na corrida eleitoral de SP
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo — Imposição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) engolida pelos caciques políticos aliados do prefeito Ricardo Nunes (MDB), o ex-comandante da Rota Coronel Mello Araújo (PL) derrubou os prognósticos de que passaria por um processo de fritura até as convenções, com o objetivo de rifá-lo da vaga de vice, e conquistou a confiança do emedebista nas últimas semanas para ser seu companheiro de chapa.
Os dois já se encontraram em quatro agendas públicas após o almoço ocorrido na Prefeitura, em 14 de junho, no qual foram apresentados. A reunião foi intermediada por Bolsonaro e pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a quem coube confirmar a indicação do coronel para a vice logo depois, sob pressão do ex-presidente.
O último encontro entre Nunes e Mello Araújo foi nessa segunda-feira (22/7), quando o prefeito participou da convenção do diretório municipal do PL que referendou a chapa à reeleição e lançou os candidatos a vereador pela legenda.
Nunes vem dizendo a uma série de auxiliares e aliados que está gostando cada vez mais do perfil do coronel da reserva da Polícia Militar (PM), que teve passagem também como presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), no governo Bolsonaro.
O prefeito descreve o neoaliado como um “homem simples” como ele também se considera, e destaca a falta de vaidade para roupas e outros hábitos de consumo.
Também agradou a Nunes a forma como Mello Araújo fala das contas e das ações de gestão da Ceagesp — novamente, o prefeito vê semelhanças na forma como o coronel e ele próprio agem.
Partidos como Republicanos, União Brasil, PP, MDB e até setores do PL eram reticentes ao nome de Mello Araújo, apresentado por Bolsonaro no começo do ano e que ganhou mais força após o influencer Pablo Marçal (PRTB) entrar na disputa mirando justamente os votos bolsonaristas.
Quando o nome foi oficializado, em uma vitória pessoal do ex-presidente, uma série de aliados de Nunes passou a esperar que o coronel sofresse desgastes e fosse trocado até as convenções partidárias que selam as chapas, após um processo de fritura.
Contudo, o coronel passou a contar com o apoio efetivo do prefeito depois que se conhecerem melhor. Antes de contar com o militar da reserva, o nome ideal de Nunes para o cargo era de seu secretário de Relações Internacionais, Aldo Rebelo (MDB), que preferiu não aceitar o convite.
Rebelo, contudo, deixou a Prefeitura na semana passada para integrar oficialmente a campanha do prefeito pela reeleição.