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Vereadores mudam de foco 3 vezes e mantêm padre Júlio na mira de CPI

Vereadores de SP mantêm aberta possibilidade de instalar CPI contra o padre Júlio Lancellotti, mas agora com foco em supostos abusos sexuais

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Câmara Municipal de São Paulo
Imagem colorida mostra o vereador Milton Leite, homem negro, grisalho, de terno cinza e camisa preta, sentado em uma mesa de reuniões com microfone em uma sala de paredes de madeira - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra o vereador Milton Leite, homem negro, grisalho, de terno cinza e camisa preta, sentado em uma mesa de reuniões com microfone em uma sala de paredes de madeira - Metrópoles - Foto: Câmara Municipal de São Paulo

São Paulo — Os vereadores da capital paulista devem deixar de apurar suspeitas de mau uso de dinheiro público por parte de ONGs que trabalham com a população de rua para investigar, agora, se crianças que passaram por atendimento social da Prefeitura foram vítimas de abuso sexual.

O objetivo é manter aberta a possibilidade de instalação de uma CPI na Câmara Municipal contra o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua da Igreja Católica.

O padre é alvo de uma ofensiva encabeçada pelo vereador Rubinho Nunes (União), que já pertenceu ao Movimento Brasil Livre (MBL), com apoio do presidente da Casa, Milton Leite (foto em destaque), seu correligionário .

Em dezembro, Rubinho fez circular entre os vereadores um requerimento para instalação da “CPI das ONGs”. O documento citava a necessidade de apurar possíveis desvios de dinheiro por parte de instituições que atendem dependentes químicos do centro.

O vereador disse que queria desnudar o que classifica como “máfia da miséria”: ONGs que desviariam dinheiro que recebem da Prefeitura para oferecer assistência a quem vive na rua. A instalação da CPI, porém, só poderia ocorrer em fevereiro, no novo ano legislativo.

Mas, em janeiro, Rubinho disse publicamente que o principal alvo da CPI seria o padre Júlio Lancellotti e os recursos que ele recebia para os trabalhos da Pastoral do Povo de Rua, braço da Igreja Católica que comanda. Essa foi a primeira mudança de foco das investigações.

A notícia acabou gerando uma série de revezes para o vereador. Dos 24 parlamentares que haviam assinado o requerimento da CPI das ONGs, sete declararam que iriam retirar o apoio à investigação após a repercussão negativa de que o padre seria um dos alvos da Comissão Parlamentar de Inquérito.

A Arquidiocese de São Paulo reagiu. Fez chegar aos vereadores o recado de que uma investigação contra o padre Júlio seria uma investigação contra a igreja e divulgou uma nota em que dizia estar perplexa com a iniciativa.

Investigação de vídeo

Rubinho, contudo, manteve o padre na mira. Mas, para isso, trocou a hipótese de desvio de recursos públicos por suspeitas de abusos sexuais levantadas contra o padre. Ele disse ter recebido denúncias graves contra o sacerdote e as encaminhou ao presidente da Câmara, Milton Leite, seu aliado.

Leite enviou um envelope com as denúncias ao Ministério Público (MPSP) e à Arquidiocese de São Paulo. O material produzido por Rubinho continha um vídeo que supostamente mostraria padre Júlio se masturbando em uma conversa por WhatsApp, acompanhadas de um laudo que atestaria a veracidade do registro.

A Arquidiocese, porém, ressaltou que a denúncia se tratava de uma acusação antiga, feita em 2020, que já havia sido arquivada por falta de provas. Além disso, havia laudos contrários ao apresentado pelo vereador.

Novas denúncias

Nesta semana, quando os vereadores teriam de decidir se a CPI das ONGs seria aberta ou não, a Arquidiocese de São Paulo divulgou uma nota dizendo que outra suspeita levantada contra o padre estava sob análise. Trata-se de uma acusação feita por um jornalista de 48 anos em entrevista à revista Oeste, publicada no final de janeiro.

De acordo com a reportagem, o jornalista Cristiano Gomes afirma ter sido assediado pelo padre em 12 de maio de 1987, quando tinha 11 anos de idade. Ele afirmou à revista que teve o corpo pressionado contra o do padre ao ser consolado após a missa de sétimo dia da avó e que o sacerdote ficou excitado.

O denunciante havia publicado um relato no Facebook sobre o caso em junho de 2022. A Arquidiocese informou, na nota, que a abertura da investigação era um procedimento de praxe. Padre Júlio Lancellotti nega as acusações.

Embora a novidade tenha dado combustível para manter a ofensiva da Câmara contra o padre, os vereadores avaliaram que seria necessário um novo acerto formal, com um novo requerimento de instalação de CPI. Isso porque a investigação de uma “máfia da miséria” mudou para um vídeo de abuso sexual para, por fim, apurar um crime de prática de pedofilia.

A oposição da Câmara argumentou que, se o Legislativo tem atribuição de investigar a possível “máfia da miséria”, o mesmo não poderia ser dito para um caso de suposto abuso sexual praticado por um único indivíduo.

Milton Leite, porém, apresentou uma tese que permitiria que uma CPI com essa finalidade fosse adiante. “Se houver link entre uma vítima que tenha percorrido os programas sociais da Prefeitura, não estamos isentando ninguém, guardará relação com a Câmara”, justificou ele a outros vereadores nessa terça-feira (6/2).

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