Vereadora de SP: “Agenda globalista quer feminilizar o homem e masculinizar a mulher”
Vereadoras e covereadoras trans do PSol prometem resposta em discurso nesta quarta-feira (3/1)
atualizado
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São Paulo – A primeira sessão da Câmara Municipal de São Paulo foi marcada pelo discurso de uma vereadora bolsonarista considerado transfóbico e preconceituoso por colegas. Também houve críticas ao modelo de mandatos coletivos, adotado principalmente pelas legendas de esquerda.
Em seu primeiro discurso na Câmara, a vereadora Sonaira Fernandes (Republicanos) declarou que há “uma agenda globalista que pretende feminilizar o homem e masculinizar a mulher”. Também afirmou que há atualmente “uma geração covarde e capada pelo politicamente correto e que envergonha os soldados de 1944 [que enfrentaram Hitler]”.
As declarações foram recebidas com desgosto por parte dos presentes na sessão. “Pronto… começou”, dizia o burburinho na sala. Sonaira é ativista religiosa e bolsonarista, e já foi funcionária de gabinete de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o filho “03” do presidente.
O discurso gerou indignação em vereadores trans que acompanhavam a sessão e o consideraram transfóbico.
A vereadora Erika Hilton (PSol), mulher trans, pediu a palavra, mas recebeu um pedido para que se pronunciasse na sessão desta quarta-feira (3/2).
Segundo Sonaira Fernandes, seu discurso foi no sentido de demarcar uma “diferença visível entre a geração dos anos 1940 e a geração atual, de homens frouxos e mimizentos” e de denunciar “os objetivos da agenda globalista de desmoralizar a figura do homem”.
Ameaças
O discurso de Sonaira Fernandes ocorre em semana conturbada para vereadoras e covereadoras trans de São Paulo. Erika Hilton move ação contra 50 pessoas que fizeram ameaças racistas e transfóbicas em suas redes sociais, além de relatar intimidação em seu gabinete.
Além dela, as covereadoras Carolina Iara, da Bancada Feminista (PSol), e Samara Sosthenes, do Quilombo Periférico (PSol), denunciaram que suas residências foram alvos de tiros e tiveram que trocar de endereço.
As parlamentares solicitaram escolta armada para a Câmara Municipal de São Paulo, mas, por participarem de mandatos coletivos e por não serem titulares do cargo, não puderam receber a proteção.