Vereador revela racha na família após assassinato de irmão traído
Tiago, irmão de Igor Peretto, disse não falar com o pai e que não visita a irmã, presa por suposto envolvimento no assassinato, na cadeia
atualizado
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São Paulo — “Família dividida”. É assim que o vereador de São Vicente, Tiago Peretto (União Brasil), descreveu ao Metrópoles a situação familiar após o assassinato do seu irmão mais novo, Igor Peretto, em 31 de agosto. Cunhado, irmã e esposa da vítima são suspeitos de cometer o crime. O trio está preso preventivamente.
Relembre o crime
Igor Peretto, de 27 anos, foi morto a facadas no apartamento da irmã, Marcelly Peretto, de 21 anos. Marcelly era casada com Mario Vitorino da Silva Neto, de 23 anos, amigo de Igor desde a adolescência.
Outra envolvida no caso é Rafaela Costa da Silva, de 26 anos, esposa de Igor. Juntos eles tiveram um filho, Theo, hoje com 5 anos.
De acordo com a cronologia do crime, elaborada pela Polícia Civil, Marcelly e Rafaela chegaram de carro ao Residencial Vogue, onde Marcelly é proprietária de um apartamento, às 4h32 do dia 31 de agosto, madrugada de sábado.
Por volta das 5h40, Rafaela saiu sozinha do apartamento de Marcelly e partiu de carro. Apenas 13 segundos depois, Mario e Igor chegam juntos ao prédio.
Às 5h44, os dois homens saem do elevador em direção ao apartamento de Marcelly, onde Igor foi assassinado.
Vinte minutos depois, às 6h04 do sábado, Mario e Marcelly saem sozinhos pelas escadas do prédio e vão em direção ao subsolo, onde está estacionado o carro de Mario.
Os depoimentos dos réus divergem quanto aos detalhes do crime. Apesar disso, a Polícia Civil concluiu que houve uma discussão entre o trio. Em dado momento, Mario desferiu diversos golpes de faca em Igor, que morreu no local.
Rede de traições
De acordo com o interrogatório de Marcelly à polícia, Rafaela e Mario começaram a ter um caso durante uma viagem a Fortaleza (CE). A mulher não revelou em que data ocorreu a viagem, mas disse que o passeio foi planejado para comemorar o aniversário de Igor.
Já segundo o depoimento de Rafaela à polícia, ela e a irmã de Igor também eram amantes. As duas, inclusive, trocaram carícias e beijos momentos antes do crime.
Para o Ministério Público de São Paulo (MPSP), Igor foi morto porque atrapalhava o triângulo amoroso. “O crime foi cometido por motivo torpe, pois Mario, Rafaela e Marcelly consideraram Igor um empecilho para os relacionamentos íntimos e sexuais que os três denunciados mantinham entre eles”, diz manifestação do MP de 29 de outubro.
Para a Polícia Civil, Mario é o suspeito de cometer o assassinato, enquanto Marcelly seria a cúmplice e Rafaela seria a pivô do crime.
Crime surpreendente
Tiago contou ao Metrópoles que o crime pegou a família de surpresa. Ele não esperava tal atitude, especialmente de Marcelly, irmã mais nova de Igor, e de Mario, amigo de adolescência da vítima.
Segundo o vereador, “Igor e Mario pareciam irmãos, mais que eu e o Maurício [irmão por parte de pai e mãe de Igor, não envolvido no crime]”. Marcelly, por outro lado, jamais levantou suspeitas de cometer um crime tipo.
“Nunca esperava isso da Marcelly”, disse Tiago. Conforme o político, o primeiro namorado da irmã foi Mario, e a jovem teria sido emancipada para casar.
Tiago revelou ainda que não tinha uma relação próxima com Rafaela, sua cunhada, e que sabia pouco da vida íntima do irmão. Contudo, ele costumava cuidar de Theo junto com a esposa para que o casal pudesse sair.
Família destruída
O vereador disse que não fala mais com o pai, que também é genitor de Igor, Marcelly e Maurício.
O rompimento com ele se deu depois do crime, com a justificativa de que o pai escolheu defender Macelly após o assassinato do empresário.
Tiago, no entanto, mantém relações com a madrasta, mãe de Igor e Maurício. Segundo o vereador, a mulher frequenta sua casa e ficou com a guarda de Theo.
Segundo Tiago, até o momento, Theo perguntou apenas sobre o pai, que está morto, e não questionou sobre o paradeiro da mãe, que está presa. O vereador conta que o irmão era um excelente pai e muito apegado aos filhos.
Além de Theo, Igor era pai de Henry, de 8 anos. O menino é fruto de um relacionamento anterior ao de Rafaela, e atualmente vive com a mãe. Os irmãos costumam se encontrar na casa do tio desde que o pai foi morto.
Visão sobre o caso
Conforme as declarações do vereador, não foi apenas com o pai que Tiago cortou o relacionamento. Questionado se visitaria a irmã na cadeia, ele respondeu que “jamais” iria. “Desejo tudo de pior pra ela”, disse.
Para Tiago, é certo que Marcelly tem culpa no crime. “Pra mim, ela que deu a primeira facada”.
De acordo com os autos do processo, que corre no Foro da Praia Grande, a Polícia Civil e o MPSP não endossam essa hipótese. Tiago, contudo, acredita que a irmã foi quem deu o primeiro golpe em Igor, o que teria deixado o empresário tetraplégico.
“Eu vejo uma briga, vejo meu irmão atacando o Mario, vejo a Marcelly dando a primeira facada, meu irmão virando, e o Mario terminando o trabalho”, disse.
Segundo o vereador, o crime “com certeza foi premeditado” – hipótese usada pelo MP para acusar os suspeitos de homicídio qualificado.
“Pra mim, a Marcelly sabia [sobre as traições]. O único que não sabia era o Igor”, destacou Tiago.
Por isso, o vereador diz que quer a pena máxima prevista para cada um. Apenas assim ele veria a justiça sendo feita. “Não vou desistir um dia. Vou lutar por justiça do começo até o final da pena deles”, disse.
Captura de Mario
Tiago ajudou a polícia a capturar Mario em 15 de setembro. O homem estava foragido e escondido na casa de um tio de Rafaela em Torrinha, na região de Rio Claro, interior de São Paulo.
Ao Metrópoles, o vereador contou que contratou um investigador logo após o crime, e por meio de um rastreador, pôde localizar o paradeiro dos envolvidos no assassinato.
“Quase peguei eles no motel”, se referindo a Rafaela e Mario, que foram a um motel em Pindamonhangaba horas após o crime para limparem as roupas sujas de sangue.
Tiago conta que chegou ao local momentos depois da dupla sair. Naquele mesmo dia, o rastreador indicou que Mario estaria em Torrinha. A localização, porém, tinha margem de erro de 10 km, o que o levou a desistir de ir até o suspeito imediatamente.
Dias depois, o vereador recebeu uma denúncia anônima informando que Mario estava na cidade, de pouco mais de 10 mil habitantes. Ele foi até o município, questionou moradores e localizou a casa de um tio de Rafaela, onde o suspeito estava escondido.
O vereador acionou a polícia e Mario foi preso. Atualmente, os três suspeitos estão presos preventivamente em penitenciárias de São Vicente.