metropoles.com

Vereador em lista de propina homenageou juíza que soltou “Rei do Lixo”

Nome de Kiki Bispo (União Brasil), de Salvador, aparece em documentos apreendidos pela Polícia Federal em avião com R$ 1,5 milhão de alvos

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Divulgação/Câmara Municipal de Salvador
Vereador Kiki Bispo, do União Brasil de Salvador - Metrópoles
1 de 1 Vereador Kiki Bispo, do União Brasil de Salvador - Metrópoles - Foto: Divulgação/Câmara Municipal de Salvador

São Paulo — Um vereador de Salvador que aparece em planilhas e anotações analisadas sob suspeita de contabilidade de propina na operação Overclean homenageou a desembargadora Daniele Maranhão Costa.

Kiki Bispo (União Brasil), reeleito em 2024, entregou a medalha de cidadã soteropolitana no ano de 2019 para a desembargadora do Tribunal Regional Federação da 1ª Região.

Na quinta-feira (19/12), Daniele Maranhão concedeu um habeas corpus e colocou em liberdade o empresário José Marcos de Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, na Bahia. Ele é apontado como um dos líderes do esquema investigado na operação.

“Moura é uma figura-chave que conecta os líderes da organização com figuras políticas de relevância, garantindo que os esquemas de fraude continuem operando sem interrupções”, diz a Polícia Federal sobre ele.

Operação Overclean

O empresário, que é integrante do União Brasil, foi preso no dia 10 de dezembro durante a fase ostensiva da operação Overclean, que apura supostas irregularidades em contratos firmados pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), governos estaduais e municipais.

Os documentos relacionados à propina foram apreendidos pela PF no dia 3 de dezembro em um avião que fazia a rota de Salvador até Brasília. A ação foi parte da operação Overclean e tinha como objetivo seguir os rastros do grupo criminoso investigado.

O Metrópoles confirmou com pessoas com acesso à investigação que Kiki Bispo aparece no material que está sendo analisado sob suspeita de ser relacionado ao pagamento de propina.

Base de ACM Neto

O vereador foi da base do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) e, atualmente, apoia Bruno Reis (União Brasil). Ele não foi alvo de medidas cautelares na operação e nem da decisão da desembargadora.

Entre os contratos sob suspeita citados pela PF na Overclean estão alguns firmados com a Prefeitura de Salvador durante as gestões dos políticos do União Brasil.

ACM Neto é citado no pedido de prisão de Marcos Moura feito pela PF. Segundo o documento, em uma ligação, Marcos Moura “se gaba da maneira direta com que ele resolve esses tipos de tratativas” e que, se necessário, entraria em contato com um “amigo” para agilizar o pagamento de contratos de interesse do grupo investigado.

“Sugere-se, mais uma vez, que o ‘amigo’ citado por Marcos Moura, o qual seria capaz de resolver a situação do pagamento para a Larclean, no caso do insucesso de Thiago, seja Antonio Carlos Magalhães Neto”, diz a PF.

Em outra conversa, há uma nova citação de Moura que a PF indica ser relacionada a ACM Neto.

“Como já citado nesta Informação, Alex afirma que em uma situação passada, quem teria resolvido os assuntos de seu interesse com a SMED de Salvador, teria sido Marcos Moura com o intermédio do ‘zero um antigo’ e que pelos motivos também já citados aqui, supõe-se que o ‘zero um antigo’ e o ‘amigo’de Marcos Moura sejam a mesma pessoa, isso é, Antonio Carlos Magalhães Neto”, completa.

Outro lado

Procurados, a desembargadora não se manifestou e vereador não retornou aos contatos feitos pela reportagem por e-mail, mensagem via celular e ligação.

Ao pedir a soltura, a defesa de Moura argumenta que a PF afirmou, genericamente, que a prisão teria como finalidade a manutenção da “ordem pública e a conveniência da instrução criminal”.

Diz também que os investigadores não analisaram “elementos concretos e individualizados para justificar a custódia cautelar” e baseiam-se, “em grande parte, em conjecturas”.

A desembargadora Daniele Maranhão, na decisão de soltura do Rei do Lixo, afirma que outras medidas cautelares diversas da prisão foram impostas a Moura, afastando o “risco específico à boa elucidação dos fatos investigados”.

Sobre uma possível tentativa de destruição de provas, a magistrada afirma que “o inquérito não apresenta fatos objetivos a ensejar a segregação temporária”.

“Não se está, consoante já assinalado, afastando os indícios de autoria e materialidade delitivas documentados no inquérito, o que será apurado a tempo e modo; e sim que não se divisa, nesse momento, necessidade da manutenção da custódia cautelar do paciente”, diz trecho da decisão.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSão Paulo

Você quer ficar por dentro das notícias de São Paulo e receber notificações em tempo real?