Vereador cassado pagou carro de R$ 175 mil em dinheiro vivo, diz MPSP
Ex-vereador Camilo Cristófaro é alvo de investigação do MPSP por movimentações financeiras feitas em dinheiro vivo ao longo do mandato
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo — O ex-vereador Camilo Cristófaro (Avante), cassado pela Câmara Municipal na última terça-feira (21/9) por causa de uma fala racista, é alvo de um inquérito do Ministério Público de São Paulo (MPSP) por uma série de transações financeiras suspeitas realizadas durante o mandato como parlamentar.
Um relatório de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), obtido pelo Metrópoles, apontou R$ 730 mil em movimentações suspeitas feitas apenas nos primeiros nove meses de 2020, ano que a investigação teve início.
O inquérito, que está sob sigilo, apura a suspeita enriquecimento ilícito do vereador cassado. Camilo teve uma série de cargos públicos na Prefeitura e na Câmara Municipal desde os anos 1980. Ele possui também 33% de uma incorporadora imobiliária, que leva seu nome e tem capital total de R$ 75 mil.
Segundo o relatório do Coaf, as transações feitas por Camilo são incompatíveis com seu patrimônio, suas ocupações profissionais e sua capacidade financeira. Outro ponto levantando pelo relatório é a quantidade atípica de movimentações realizadas em dinheiro vivo.
Camilo recebeu, segundo a investigação, dez depósitos de R$ 73 mil na boca do caixa e seis depósitos com as cédulas de dinheiro colocadas em envelopes dos terminais de autoatendimento, que totalizaram R$ 11 mil.
Uma das transações que chamou a atenção do Coaf foi a compra de um carro no valor de R$ 175 mil feita em 22 de janeiro de 2020 em dinheiro vivo. O modelo do veículo não foi informado.
O ex-parlamentar é conhecido por colecionar carros antigos, principalmente Fusca. Segundo a investigação, ele possui 26 modelos Volkswagen, além de uma van Mercedes-Benz que teria sido adquirida no início de 2020, quando ele pagou por um veículo em espécie.
O vereador cassado é investigado também pela Polícia Civil e pela Receita Federal, segundo informações do MPSP. A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social, encarregada do inquérito, chegou a pedir a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ex-vereador, mas a Justiça negou.
Camilo sabe que é investigado e enviou um comunicado ao MPSP relatando que as informações que motivaram a investigação na Promotoria já são alvo de inquérito na Polícia Civil.
Entretanto, até hoje, ele ainda não foi encontrado por oficiais de Justiça para prestar esclarecimentos sobre o caso. No começo deste mês, o MPSP requereu que uma das funcionárias de Camilo, sua coordenadora legislativa, fosse citada sobre o caso na Câmara Municipal.
O Metrópoles procurou o vereador cassado para que ele explicasse as movimentações, mas ele não respondeu as mensagens. O espaço segue aberto para manifestação.