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Vereador quer audiências da Sabesp em área que diz ser “lodo de fezes”

Vereador Milton Leite defendeu que audiências sobre privatização da Sabesp sejam realizadas na zona sul de SP, onde falta saneamento básico

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Câmara Municipal de São Paulo
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1 de 1 Imagem colorida mostra Milton Leite, vereador em São Paulo - Metrópoles - Foto: Câmara Municipal de São Paulo

São Paulo — Presidente da Câmara Municipal de São Paulo, o vereador Milton Leite (União Brasil) defendeu que as audiências públicas sobre a privatização da Sabesp sejam realizadas em áreas de mananciais das represas Billings e Guarapiranga afetadas por problemas de saneamento básico.

Durante reunião com líderes de bancadas nesta terça-feira (9/4), Leite afirmou que as discussões do tema devem ser levadas para bairros vizinhos às represas paulistanas, como o Jardim São José e Jardim Vera Cruz, na zona sul da cidade, onde os moradores lidam com as falhas nos serviços da companhia estatal, segundo ele.

“Por que eu falo do Jardim Vera Cruz? Porque tem falta de água. Ou [no bairro] Novo Horizonte, onde queiram. Tem falta de água, as bombas de esgoto não funcionam. Tem uma série de problemas que a Sabesp apresenta que são graves”, afirmou o vereador.

Na discussão, Leite voltou a dizer que a Sabesp lança “um lodo de fezes” na Represa Guarapiranga, e defendeu que os vereadores discutam o tema da privatização com atenção.

“A Sabesp, com 22 bombas quebradas, joga o esgoto dentro dessa água que nós bebemos. Nós precisamos cuidar da Sabesp, ela não está prestando um bom serviço. É injustificável 22 bombas jogando esgoto para dentro da represa”, afirmou o presidente da Casa.

Leite é aliado do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que contam com a aprovação do projeto municipal para o avanço da privatização da companhia estatal (veja mais abaixo).

Nesta quarta-feira (10/4), a Câmara divulgou o calendário de audiências públicas sobre o projeto que pode autorizar a cidade a manter o serviços com a Sabesp caso ela seja privatizada.

O calendário prevê dois encontros nos bairros de Guarapiranga e Marsilac, na zona sul da cidade, em áreas onde parte dos moradores vive em meio à poluição ambiental e sem acesso à rede de esgoto.

A primeira audiência pública foi marcada para a próxima segunda-feira (15/4), às 17h, na sede do legislativo paulistano. A Câmara também receberá audiências sobre o tema nos dias 17, 18, 22 e 24 de abril.

Os encontros em Marsilac e no Guarapiranga foram marcados para os dias 20 e 27 de abril, respectivamente, mas ainda não tiveram o endereço definido.

Discussão municipalizada

O contrato de fornecimento de água e coleta de esgoto entre a Sabesp e a capital paulista tem uma cláusula que prevê que, caso a empresa seja privatizada, a mudança precisa ser autorizada pelo legislativo paulistano.

A cidade de São Paulo corresponde a 55% do faturamento da empresa, fator decisivo para atrair possíveis compradores, e por isso o debate na Câmara Municipal é olhado com atenção pelo governo estadual.

Como mostrou o Metrópoles, o governo se preocupa em perder contratos com alguns municípios considerados estratégicos, por garantirem uma importante fonte de receita para a Sabesp. A possibilidade de que algumas cidades possam firmar contratos com outras empresas, sem integração com as cidades vizinhas, provoca insegurança jurídica, segundo auxiliares de Tarcísio.

Por isso, Tarcísio se reuniu mais de uma vez com os prefeitos das cidades que possuem contrato com a Sabesp para pedir que os novos contratos sejam negociados em bloco.

O governo estadual argumenta que, dessa forma, será possível “uniformizar” os contratos dos municípios, que atualmente têm períodos distintos de vigência. Segundo Tarcísio, em caso de privatização, todos os municípios que firmarem contrato com a empresa terão acordos até 2060.

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