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Veja a reforma de casa de 11m² que mobilizou favela de Paraisópolis

Como casa com rachaduras, telhado desabando, sem luzes e janelas, foi transformada por arquiteta e moradores da favela de Paraisópolis em SP

atualizado

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fausto feliz
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São Paulo — Era uma casa de 11 metros quadrados com rachaduras nas paredes, goteiras, sem janelas, luzes e um telhado prestes a desabar. Fausto Pereira, de 59 anos, não acendia lâmpadas à noite porque dava choque. Fausto não cozinhava quando chovia com medo de morrer eletrocutado (veja abaixo o antes e depois).

Morador do Jardim Colombo, em Paraisópolis, comunidade da zona sul de São Paulo, seus vizinhos disseram à reportagem que ele não sorria até a entrada da arquiteta periférica Ester Carro na história. Seu nome já é uma referência. Em julho, um projeto da arquiteta tornou-se o primeiro de moradia na favela exposto na Casacor.

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A rede elétrica era tão precária que o morador não ligava as luzes à noite
Ester nunca trabalha sozinha. Envolve a comunidade, a iniciativa privada e alunos de cursos de capacitação
O engenheiro Felipe Cruces foi chamado para analisar a estrutura antes de intervir
A moradia ganhou chuveiro e sanitário
Na reforma, foram utilizados materiais diferentes: mobiliário feito com chapas de madeira reaproveitadas
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Antes de reforma, casa não tinha janela e acabamentos eram precários

André Del Casalle
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A rede elétrica era tão precária que o morador não ligava as luzes à noite

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Ester nunca trabalha sozinha. Envolve a comunidade, a iniciativa privada e alunos de cursos de capacitação

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O engenheiro Felipe Cruces foi chamado para analisar a estrutura antes de intervir

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A moradia ganhou chuveiro e sanitário

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Na reforma, foram utilizados materiais diferentes: mobiliário feito com chapas de madeira reaproveitadas

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Frente da casa ganhou novas cores

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Agora, Fausto pode acender as luzes da casa onde mora

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Parte do mobiliário envolveu chapas de madeira que iriam pro lixo e foram reaproveitadas

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Peças sanitárias, divisão dos ambientes e chuveiro, eletrodomésticos e mobiliário

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O quarto na casa de 11 m² após a reforma

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Pia e revestimentos foram doados por empresas

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A transformação de Fausto

A casa estava para ceder quando Ester, que viveu no próprio Jardim Colombo, entrou com sua equipe no final de maio. O engenheiro Felipe Cruces foi chamado para analisar a estrutura antes de intervir. Por causa das goteiras, Fausto tomava choques quando conectava tomadas.

Na reforma, foram utilizados materiais diferentes: mobiliário feito com chapas de madeira reaproveitadas.  A laje teve um reforço estrutural para não ceder e passou por um processo de impermeabilização. Por fim, houve a instalação de novas telhas e calha. Ao longo da obra, choveu bastante.

“Uma das peças que fazemos questão de entregar nas reformas é um espelho”, disse Ester. “Eleva a autoestima, moradores passam a se enxergar de outra maneira, com a dignidade que o novo lar proporciona a eles”, complementou.

O espaço ganhou novas esquadrias, peças sanitárias, divisão dos ambientes, chuveiro, eletrodomésticos e mobiliário. Este foi desenhado e executado pela equipe da MChecon Design & Cenografia, em uma ação em que a empresa transforma materiais que confecciona em móveis desenvolvidos especialmente para as casas da comunidade.

Jardim Colombo mobilizado

Ester nunca trabalha sozinha. Envolve a comunidade, a iniciativa privada e alunos de cursos de capacitação que coordena. É o caso de Tainá Cesario, de 26 anos, outra personagem importante na história. Em 2019, Tainá cuidava da avó, que acabou falecendo. “Tive uma depressão muito forte, não saía do quarto. Quando saí, foi para participar do projeto e continuo lá”, contou ao Metrópoles.

Nas imagens, Tainá aparece pintando a casa de Fausto e agora, depois de aluna, coordena um dos projetos de capacitação no Fazendinhando. Importante destacar que estas pessoas são pagas. Tainá chamou a atenção para a grande participação de mulheres, principalmente mães-solo, nos cursos.

O Fazendinhando é um instituto que promove a transformação territorial, cultural e socioambiental em favelas.

Veja como foi a reforma:

 

Vassoura na mão

Por falar em comunidade, Fausto já morou na rua. E foi ajudando com entregas num comércio da Vila Sônia, bairro vizinho à favela, que o dono do mercado, em contato com um padre, fez a doação do espaço onde hoje Fausto vive. Cintia, sua vizinha, cuidava da Dona Maria, que estava num abrigo. Ela permitiu que Fausto ficasse na casa durante a reforma. Cintia, aliás será a próxima a ter sua casa reformada. “A gente vai ampliar, um quarto pro filho dela. Vocês não tem ideia”, anunciou a arquiteta.

E a reforma rolando. Fausto fez questão de trabalhar na obra. “Quebrando as paredes internas, retirando material, indo buscar material. Bonito demais”, comentou Ester ao Metrópoles. E sempre observador, com a vassoura na mão, limpando, feliz e empolgado em reformar a “própria casa”. A obra terminou no dia 12 de agosto.

Ester, firme na sua mobilização, envolvendo colaboradores, como a arquiteta Barbara Dundes, alunos, professores que se organizam para conseguir materiais para as obras e arrecadação para o pagamento da mão de obra.

Sem a colaboração da comunidade, não existiram elementos para esta história, que também é parte da história deles. Um modo de romper barreiras, espaços, dentro das possibilidades e, sobretudo, da realidade de um local digno para morar e acender, sem medo, as luzes na escuridão. Fausto agora está cozinhando.

 

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