Veja propostas dos candidatos à Prefeitura de SP para o meio ambiente
Aumentar o número de parques na cidade e criar “áreas-esponja” estão entre as propostas divulgadas nos planos de governo dos candidatos
atualizado
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São Paulo – Aumentar o número de parques na cidade, criar corredores verdes e limpar “definitivamente” o rio Tietê. Essas são algumas das promessas sobre meio ambiente que constam nos planos de governo enviados pelos candidatos à Prefeitura da capital paulista ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O Metrópoles leu todos os planos de governo dos candidatos e separou as principais propostas de cada campanha para o meio ambiente nesta reportagem. A seguir, é possível conferir o que pensam sobre o tema os candidatos Altino Prazeres (PSTU), Guilherme Boulos (PSol), João Pimenta (PCO), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB), Ricardo Senese (UP) e Tabata Amaral (PSB).
O candidato Bebeto Haddad (DC) não enviou seu plano de governo para o TSE e, por isso, não é citado nesta reportagem. No dia 8 de setembro, Bebeto teve o registro da candidatura indeferido pela Justiça por não ter pago uma multa eleitoral de 2002. O partido do candidato disse que recorre da decisão.
Veja as principais propostas de cada candidato para o meio ambiente:
Altino Prazeres
O candidato Altino Prazeres (PSTU) defende a revogação do Marco Temporal, ainda que a discussão sobre o tema seja de nível federal, e promete demarcar, homologar, proteger e dar sustentabilidade aos territórios indígenas na cidade.
O plano de governo do candidato promete expropriar, sem indenização, as “grandes empresas que descumprem a legislação ambiental”, fala em revogar pontos de flexibilização da legislação ambiental na cidade, e diz que a gestão de Altino vai criar uma empresa pública voltada à prevenção de desastres.
Outras promessas são aumentar o número de parques da cidade, deixar a gestão das áreas verdes com “representantes da população”, impor medidas de redução dos gases do efeito estufa, e criar um plano de transição energética para as energias renováveis.
Altino diz que irá ampliar a coleta seletiva na cidade, melhorar a capacidade das centrais de triagem de recicláveis e estatizar empresas de lixo.
O candidato afirma, ainda, que quer reforçar o Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Cades); fomentar a agricultura urbana; e criar projetos de monitoramento da qualidade do ar.
O plano de governo fala também em revogar a privatização da Sabesp e pressionar pela reestatização da Enel, apesar de a decisão sobre os temas não estar sob o guarda-chuva da Prefeitura.
Guilherme Boulos
Candidato do PSol, Guilherme Boulos fala em criar um plano de drenagem e combate à crise climática, atualizando o Plano Diretor de Drenagem (PDD) da cidade. Boulos diz que as obras de retenção convencionais serão associadas a iniciativas verdes e permeáveis, como parques lineares e jardins de chuva.
O deputado federal promete criar um novo Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR) e fazer Centros de Referência de Proteção e Defesa Civil. A ideia, explica o plano de governo, é manter uma gestão permanente contra riscos e desastres.
Outras promessas do candidato são a criação de corredores verdes, com mais árvores nas chamadas “ilhas de calor”; o monitoramento da “saúde das árvores”; e implantação de novos parques na cidade.
Boulos diz que sua gestão vai transformar São Paulo na “Capital da Transição Energética”, e promete ter 50% da frota de ônibus da cidade elétrica ou híbrida, além de incentivar o uso de carros elétricos ou movidos a hidrogênio.
O candidato também diz que vai universalizar a coleta seletiva de resíduos; viabilizar novos centros de triagem de recicláveis; estimular a compostagem do resíduo orgânico; e instituir um programa de educação ambiental nas escolas municipais.
O plano de governo prevê, ainda, criar um “sistema de gestão integrada” para as Áreas de Preservação e Recuperação de Mananciais, com o objetivo de “garantir a segurança hídrica, a qualidade dos mananciais, a readequação ambiental dos assentamentos existentes e a compatibilização de usos sustentáveis”.
João Pimenta
O candidato João Pimenta (PCO) não traz nenhuma proposta para meio ambiente em seu plano de governo.
José Luiz Datena
Candidato pelo PSDB, o apresentador José Luiz Datena promete trabalhar para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e a poluição na cidade. Seu plano de governo fala em fazer um “melhor monitoramento e fiscalização da qualidade do ar, da água e do solo”; e em expandir, preservar e conservar áreas verdes de São Paulo, com a construção de novos parques.
Datena promete ampliar a coleta de lixo na capital paulista, especialmente a seletiva, e tem a meta de triplicar o volume de resíduos reciclados. O tucano diz que dará mais apoio a associações e cooperativas de catadores; fará campanhas de educação ambiental; implantará ecopontos em todos os distritos da cidade; e ampliará as usinas de compostagem para diminuir o impacto ambiental dos aterros.
Outras promessas são a expansão da coleta mecanizada de lixo; o incentivo a políticas de eficiência energética; a adesão a energias renováveis em prédios públicos; e ampliação do uso de biogás gerado em aterros para produção de energia elétrica.
Datena também promete dar prioridade à contratação de obras e serviços que tenham “compromisso com a sustentabilidade”; diz que vai acelerar a substituição da frota de ônibus por veículos movidos a energias menos poluentes; e afirma que ampliará a cobertura vegetal por toda a cidade, com um programa “intensivo e permanente de plantio de árvores nativas”.
Além disso, o candidato fala em promover a “renaturalização de cursos d’água” urbanos; melhorar a drenagem da cidade, com a prevenção a alagamentos e enchentes; e seguir práticas baseadas no conceito de “cidade-esponja”, que prevê mais permeabilidade e melhor escoamento da água nos ambientes urbanos.
Por fim, Datena diz que trabalhará pela conservação da qualidade das águas e dos mananciais, em parceria com a Sabesp, e fortalecerá o programa Córrego Limpo, com a implantação de barreiras coletoras de resíduos nos córregos da cidade.
Marina Helena
Marina Helena (Novo) promete oferecer descontos no IPTU por prestação de serviços ambientais, como retenção de água da chuva, praças verdes e solo permeável. A candidata afirma que irá converter a frota de ônibus a diesel para biometano e diz que a alternativa é mais barata e viável do que os ônibus elétricos.
Seu plano de governo também prevê o incentivo à criação de áreas verdes nas zonas de calor, com metas ambientais em contratos de concessões e PPPs de parques e zeladoria.
Pablo Marçal
Pablo Marçal (PRTB) promete criar “políticas públicas eficientes”, em parceria com as subprefeituras e Organizações da Sociedade Civil, voltadas para a conscientização sobre o tema.
Seu plano de governo fala em construir políticas que impulsionem a economia e garantam a preservação da biodiversidade da cidade, além de atuar para evitar “fraudes, exploração ilegal e predatória dos animais e dos recursos”.
Marçal promete “limpar definitivamente o Tietê”, com a ajuda de tecnologias para remoção de poluentes e tratamento das águas, e diz que sua gestão vai desenvolver uma infraestrutura eficiente para evitar que lixo e esgoto sejam despejados no rio.
O programa de governo do candidato também fala em transformar “lixo em riqueza”, sem dar detalhes sobre como isso será feito, e diz que sua gestão investirá na reutilização e reciclagem de recursos.
Ricardo Nunes
O candidato Ricardo Nunes (MDB) abre o capítulo dedicado ao meio ambiente em seu plano de governo falando em atuar nos assentamentos precários das represas Billings e Guarapiranga, com a criação de novos parques, revitalização dos já existentes e expansão da arborização.
Nunes promete reduzir as emissões no transporte público e incentivar a substituição da frota de transporte escolar por alternativas sem energia fóssil.
O plano de governo fala também em priorizar a gestão de resíduos, “com metas ambiciosas para compostagem, reciclagem e logística reversa”, mas não apresenta tais metas.
Outras promessas são a modernização dos serviços de coleta e destinação de resíduos, o uso de biometano em veículos e a criação de áreas verdes.
Nunes fala em investir em ações preventivas e de mitigação dos impactos causados pelas mudanças climáticas; promete adotar práticas e tecnologias para reduzir emissões de carbono; e diz que vai fortalecer a Coordenação Municipal de Defesa Civil (COMDEC).
O programa de governo fala em consolidar o Plano Municipal de Redução de Riscos, documento exigido pelo Plano Diretor de 2014 e entregue apenas este ano e que aponta áreas de risco na cidade. Nunes afirma que vai revisar protocolos, atualizar o mapeamento de riscos já feito e realizar intervenções em áreas críticas.
O candidato também fala em aprimorar o Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo (SAISP) e diz que vai preparar os órgãos competentes e a população para atuarem em situações de emergência.
Ricardo Senese
Ricardo Senese (UP) diz que sua gestão dará prioridade para a preservação do meio ambiente e a promoção da qualidade de vida urbana. O candidato fala em manter o saneamento como um serviço público, “com a Sabesp desempenhando um papel central no tratamento de água e esgoto”. A empresa que era estatal, no entanto, está privatizada atualmente.
Senese afirma que vai universalizar a coleta seletiva e apoiar cooperativas, oferecendo infraestrutura adequada para o processamento dos resíduos.
O plano de governo do candidato defende avançar na despoluição de córregos e rios; construir parques lineares ao longo dos leitos; e implementar políticas de replantio de árvores, envolvendo a comunidade em projetos de arborização.
Senese também diz que vai buscar a garantia de proteção da Mata Atlântica nativa e das Áreas de Mananciais remanescentes na cidade; rejeitará as privatizações no setor ambiental; e protegerá as terras indígenas.
Tabata Amaral
Tabata Amaral (PSB) defende criar uma estrutura para o Comitê Gestor do Saneamento de São Paulo, órgão responsável por acompanhar as ações da Sabesp, e diz que dará transparência aos dados sobre saneamento na cidade.
A candidata promete desenvolver um projeto, em parceria com a Sabesp, para que a redução da pressão de água à noite tenha “gestão e acompanhamento sistemático”, evitando o desabastecimento nas casas. Tabata também diz que irá criar Planos de Contingência para situações de crise hídrica.
Outras promessas são a retomada do programa “Se Liga na Rede”, que conecta casas à rede de saneamento; ampliar a oferta de banheiros públicos; e melhorar a coleta de lixo nas favelas, com a utilização de carros coletores de tamanho adequado aos espaços, por exemplo. A candidata promete garantir a coleta de lixo e de esgotos em áreas de ocupação já consolidadas na cidade.
Tabata fala em criar sistemas que retenham lixo em córregos e bueiros; monitorar riscos de inundações e entupimentos de galerias e bocas de lobo; e ampliar o número de parques lineares. O plano de governo da candidata prevê investir em soluções de paisagismo como os “telhados verdes”, que transformam a cobertura de prédios em áreas verdes; e criar “áreas esponja” e “áreas-pulmão” em toda a cidade, ajudando na retenção da água.
Entre as metas de sua gestão estão também o fortalecimento de ações de proteção e regeneração de mananciais da cidade; a implantação de novos parques nas regiões periféricas; a retomada do Programa Córrego Limpo, em parceria com a Sabesp; e a criação de corredores verdes.
A candidata diz que vai inaugurar a Secretaria Municipal de Recursos Hídricos, voltada ao combate às enchentes, e defende fazer parcerias com as cidades da região metropolitana para pensar soluções conjuntas para temas como a macrodrenagem. Sua campanha também defende a criação de um Plano de Gerenciamento de Riscos Metropolitano.
Tabata fala em fortalecer iniciativas de economia circular, como a logística reversa; fazer campanhas educativas sobre gestão dos resíduos; publicar e implementar o Plano Municipal de Educação Ambiental (PMEA); e implantar energia solar nos prédios públicos e nas habitações sociais.
Por fim, a candidata afirma que vai dar atenção especial aos efeitos de desastres ambientais e mudanças climáticas, fortalecendo o Plano Municipal de Redução de Riscos. Tabata diz que sua gestão terá equipes de saúde mental treinadas para atuar em situações de desastres; vai buscar aprimorar os sistemas de monitoramento e previsão de chuvas; e vai fortalecer o sistema de Defesa Civil e expandir os sistemas de alerta.