Veja as últimas palavras de homem morto após traição da família em SP
Igor Peretto foi morto a facadas pelo sócio, melhor amigo e cunhado Mario Vitorino, em 31 de agosto, em Praia Grande
atualizado
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São Paulo — “Piranha” teria sido a última palavra dita por Igor Peretto, empresário de 27 anos morto a facadas em 31 de agosto em Praia Grande, litoral de São Paulo. Dois moradores do Condomínio Murano, localizado na mesma quadra do Residencial Vogue, onde ocorreu o crime, testemunharam à polícia o que ouviram naquela madrugada.
Chamadas apenas de A e B para preservar suas identidades, as testemunhas foram ouvidas pelo setor de homicídios da Delegacia de Investigações Gerais de Praia Grande. As transcrições estão presentes nos autos do processo, obtidos pelo Metrópoles.
O que as testemunhas disseram à polícia
A primeira a depor afirmou que estava dormindo quando acordou com a voz de um homem muito exaltado, por volta das 5h45. Em seguida, escutou a voz de outro homem, mais calmo, que conversava com uma mulher.
“Do que adiantou eu fazer tudo, eu me esforço tanto, eu fiz isso sempre por todos, seus traíras, porra”, teria dito o homem mais exaltado.
Ele também teria dito “vocês sabem quanto eu amo aquela mulher, quanto sou louco por ela, porra meu, porra vocês tudo contra mim, tudo armando contra mim, eu era o único que não sabia de nada”.
Em dado momento, a conversa teria ficado mais calma. A testemunha achou que a discussão havia acabado quando ouviu uma mulher gritando “ai, não, para”. O homem mais exaltado gritou “piranha, piranha, piranha”.
Em seguida, a testemunha ouviu um barulho semelhante a pancada. “Tipo batendo em braço de sofá, barulho de bater em coisa mais fofa, não seria barulho de soco e nem de bater em coisa sólida, seria um barulho de como bater com a mão fechada contra a mão aberta, mas bem forte, várias vezes, e muito rápido”, descreveu à polícia.
Conforme a testemunha, quando a pessoa falou a última vez “piranha”, a voz já estava diferente, como se estivesse chorando.
Antes de escutar o barulho das pancadas, ela teria escutado um barulho mais forte, como se fosse alguém batendo a cabeça na parede, “um estrondo”. Em seguida, ouviu a mulher dizendo “sai pra rua, corre, sai pelas escadas, pega aquilo, pega aquilo”.
A depoente ainda ouviu barulhos como se fossem de gavetas abrindo e fechando, portas batendo. Segundo ela, tudo ocorreu muito rápido, e toda a ação durou aproximadamente 15 minutos. A testemunha B confirmou a duração dos acontecimentos.
A segunda depoente também ouviu dois homens discutindo, um mais exaltado, e uma mulher. Conforme a declaração à polícia, o que mais chamou sua atenção foi o homem que falava mais alto dizer repetidas vezes “piranha”.
A testemunha relatou ainda que também escutava o barulho de como alguém estivesse batendo em madeira, como “um soco oco”. Depois escutou um som mais alto, como se alguém tivesse caído e batido a cabeça na parede. Em seguida, ouviu a mulher dizendo “para, para, para”.
A voz do homem que gritava “piranha”, segundo a depoente, foi esvaziando e cessou.
A mulher teria gritado “ai” e o outro homem, por fim, teria dito “desce pelas escadas, vamos, direto pra rua”.
Mais tarde, a polícia concluiu que a voz do homem exaltado era de Igor Peretto. O outro homem era Mario Vitorino, seu amigo, sócio e cunhado, e a mulher era Marcelly, irmã de Igor e mulher de Mario.
Marcelly afirma em seus depoimentos que gritou por socorro. No segundo depoimento, ela declara especificamente que “gritava muito por socorro e ajuda”. No entanto, nenhuma das testemunhas protegidas ouviu pedidos do tipo.
Relembre o crime
Câmeras de monitoramento registraram os últimos momentos do comerciante Igor Peretto, de 27 anos, encontrado morto com sinais de facadas em um apartamento em Praia Grande, no litoral de São Paulo, no dia 31 de agosto.
Os vídeos mostram os três investigados pelo crime deixando o edifício. São eles: a esposa da vítima, Rafaela Costa; a irmã de Igor, Marcelly Peretto, dona do apartamento onde ocorreu o crime; e Mario Vitorino, amigo e cunhado de Igor.
Rafaela e Marcelly foram filmadas subindo de elevador até o apartamento da irmã de Igor. Rafaela deixou o local sozinha aproximadamente 10 minutos depois, antes da chegada da vítima e do amigo Mario.
Na sequência, os dois homens chegam de carro ao prédio. Eles subiram de elevador e conversavam de maneira mais séria. Pouco depois, Mario e Marcelly deixaram o local juntos e saíram de carro.
Segundo depoimentos, Rafaela tinha um caso com Mario. Além disso, ela também teria tido um envolvimento amoroso com Marcelly no local antes da chegada de Igor e Mario no apartamento.
O advogado de Rafaela, Marcelo Cruz, disse que, na noite do crime, ela saiu do imóvel antes da chegada do companheiro porque ficou com medo da reação dele, que havia descoberto a troca de mensagens entre ela e Mario.
Réus
Mario, Marcelly e Rafaela estão presos preventivamente em penitenciárias de São Vicente, no litoral paulista. O trio está sendo acusado de homicídio qualificado. Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), o crime foi cometido com o objetivo de eliminar Igor, considerado um obstáculo para o triângulo amoroso.
Em 29 de outubro, as promotoras de justiça Ana Maria Frigerio Molinari e Roberta Bená Perez Fernandez fixaram o valor mínimo de R$ 300 mil a serem pagos aos herdeiros de Igor (um deles, filho de Rafaela) para reparação dos danos morais causados pelo crime.
O processo corre no Foro da Praia Grande e o caso é investigado pela Delegacia Seccional de Polícia de Praia Grande.