Veja as propostas dos candidatos à Prefeitura de SP para a mobilidade
Candidatos prometem aumentar corredores de ônibus, zerar tarifa no transporte público e até instalar teleféricos nas periferias da cidade
atualizado
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São Paulo — Construir novos corredores de ônibus, instalar teleféricos nas periferias e acabar com a cobrança de tarifa no transporte público são algumas das propostas dos candidatos à Prefeitura de São Paulo para melhorar a mobilidade na cidade. As promessas fazem parte dos planos de governo enviados pelas campanhas para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Para te ajudar a conhecer as propostas de cada candidato, o Metrópoles separou nesta reportagem as principais iniciativas dos políticos para o transporte público e o trânsito de São Paulo.
A seguir, você confere o que pensam sobre o tema os candidatos Altino Prazeres (PSTU), Guilherme Boulos (PSol), João Pimenta (PCO), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB), Ricardo Senese (UP) e Tabata Amaral (PSB).
O candidato Bebeto Haddad (DC) não enviou seu plano de governo para o TRE e, por isso, não é citado nesta reportagem. No dia 8 de setembro, Bebeto teve o registro da candidatura indeferido pela Justiça por não ter pago uma multa eleitoral de 2002. O partido do candidato disse que recorre da decisão.
Veja o que cada candidato à Prefeitura de SP pensa sobre o tema:
Altino Prazeres
O candidato Altino Prazeres (PSTU) afirma que, se eleito, irá garantir tarifa zero no transporte público municipal todos os dias, e promete investir, ao lado dos governos estadual e federal, na ampliação da rede metroferroviária não-privatizada.
Altino diz que tem como meta estatizar todas as empresas de ônibus sem indenização e colocá-las sob o “controle dos trabalhadores e dos passageiros”, por meio de conselhos populares.
O plano de governo do candidato prevê também a recontratação dos antigos cobradores de ônibus; a revitalização e ampliação das ciclovias e ciclofaixas (sem metas de quantidades de quilômetros); a construção de bicicletários em todas os terminais de ônibus; e a aquisição de novos ônibus para transporte, com o percurso definido por moradores em assembleias.
Altino traz, ainda, promessas sobre temas que fogem à competência do governo municipal, como a de garantir que todos os trens tenham um operador com cabine própria; a criação de vagões exclusivos para mulheres; e a criação de bicicletários em todas as estações de trem e metrô. O candidato é membro do Sindicato dos Metroviários.
Além disso, Altino afirma que irá encerrar as “terceirizações no setor de transporte, com incorporação dos terceirizados e terceirizadas ao quadro regular de funcionários” e diz que levará mais bicicletários para as periferias da cidade.
Guilherme Boulos
O candidato Guilherme Boulos (PSol) diz que vai expandir BRTs, faixas e corredores de ônibus. A prioridade, segundo o plano de governo, é construir corredores em avenidas como Aricanduva, Radial Leste, Miguel Yunes e Bandeirantes.
Uma das metas do candidato é ampliar a tarifa zero em São Paulo “de forma gradual, com responsabilidade fiscal e garantindo a frota adequada e a qualidade”. Boulos diz que quer aumentar a fiscalização sobre o serviço prestado pelas empresas de ônibus e o estabelecimento de intervalos máximos para cada linha.
O plano de governo afirma que sua gestão vai promover uma auditoria para dar transparência aos contratos entre a Prefeitura e as concessionárias, para aumentar a frota de ônibus disponíveis e melhorar a qualidade do sistema.
Boulos promete também investir em políticas públicas voltadas a pedestres e ciclistas, com a expansão da rede cicloviária, a integração de bicicletários ao sistema de transporte coletivo e ampliação do programa de bicicletas compartilhadas.
Outras metas são a implantação de um programa contínuo para reduzir as mortes no trânsito, com melhorias na infraestrutura das vias e ações de educação no trânsito; a ampliação do programa de faixas exclusivas para motos; e a expansão do programa Transporte Escolar Gratuito (TEG), com redução da distância mínima necessária entre a escola e a casa do estudante para o acesso ao projeto.
O candidato promete, ainda, criar uma mesa de diálogo com os transportadores escolares para facilitar o acesso ao crédito para renovação da frota.
João Pimenta
O candidato João Pimenta (PCO) defende a estatização total do transporte público, com a garantia de integração e gratuidade do sistema para toda a população. O plano de governo não traz outras metas.
José Luiz Datena
Candidato do PSDB, José Luiz Datena afirma que vai acelerar a substituição da frota de ônibus por veículos elétricos e movidos a energias como biogás, hidrogênio verde ou de formato híbrido. Seu plano de governo fala em construir corredores de ônibus, ciclovias, ciclofaixas e faixas exclusivas para motos prometidas pela atual gestão, mas não entregues.
Além disso, Datena promete apoiar a expansão do transporte sobre trilhos, sob alçada estadual, e “tirar do papel o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) do centro”. O candidato diz que sua gestão vai “assegurar tarifas justas para todos os usuários todos os dias da semana, e não apenas tarifa zero num único dia da semana”, mas não deixa claro se vai manter ou não a passagem em R$ 4,40.
Datena diz que sua gestão vai exigir a melhoria da qualidade dos serviços das empresas de ônibus, e promete revisar contratos de concessão de ônibus, que serão objeto de auditorias, com o objetivo de afastar suspeitas de conexão das concessionárias com o crime organizado e a corrupção.
Marina Helena
Marina Helena (Novo) promete remodelar as concessões de ônibus, separando as empresas que operam o transporte coletivo daquelas que são proprietárias dos veículos. A candidata diz que mudará o critério de remuneração das concessionárias para que elas sejam pagas com base em desempenho, com o objetivo de tornar o transporte mais ágil e menos custoso.
O plano de governo também prevê reduzir o custo da tarifa de ônibus fora dos horários de pico. O documento afirma que a ideia é, com isso, diminuir a lotação nos horários de pico e otimizar a utilização dos veículos e da infraestrutura existente.
Marina também promete redesenhar linhas de ônibus com base nos dados de locomoção dos paulistanos e diz que vai permitir e estimular novas modalidades de transporte como patinetes, mototáxis e Uber compartilhado.
Pablo Marçal
O candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, defende instalar teleféricos para conectar áreas de “difícil acesso e regiões com alta densidade populacional” a pontos estratégicos da cidade.
Marçal também prevê criar bolsões de estacionamento próximos a estações de metrô e terminais de ônibus, para incentivar o uso do transporte público e reduzir a circulação de veículos no centro.
Seu plano de governo fala, ainda, em criar um plano de mobilidade urbana com projetos para melhorias na infraestrutura viária, otimização dos semáforos e campanhas de educação no trânsito. Marçal afirma que sua gestão vai incentivar o uso de transportes alternativos, como bicicletas e caronas compartilhadas.
O candidato defende também a liberação da faixa da direita para veículos com mais de um ocupante durante horários de pico, e diz que vai pressionar o governo estadual para a conclusão das obras do Rodoanel.
Além disso, Marçal defende que vai criar mecanismos para garantir que as multas de trânsito sejam utilizadas para promover a segurança viária. O Código Brasileiro de Trânsito, no entanto, já determina que a receita das multas deve ser aplicada desta forma.
Ricardo Nunes
Candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB) promete implantar políticas para reduzir as emissões de carbono no setor de transporte, com incentivo para a descarbonização da frota vinculada aos serviços autorizados de táxis e transportes escolares. Nunes também diz que continuará com a substituição da frota a diesel por veículos não poluentes.
O candidato fala em ampliar a rede de ciclovias, incentivando a mobilidade ativa, e promete criar novos terminais de ônibus para favorecer a integração com a rede metroferroviária e cicloviária.
Outras promessas são a ampliação da Faixa Azul para motociclistas, com o objetivo de superar 400 km de faixas; a criação de oito novos corredores de ônibus e BRTs; a concessão dos Terminais do Bloco Leste à iniciativa privada; e a implantação de campanhas educativas para o trânsito.
Nunes prevê obras de duplicação de avenidas e novas pontes e vias, mas não traz detalhes sobre quais regiões serão priorizadas para as construções. O candidato promete, ainda, fazer a extensão da Marginal Pinheiros, que teve a licitação suspensa após uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU); expandir do Aquático SP para a represa Guarapiranga; e implementar o VLT no centro da cidade.
Ricardo Senese
O candidato Ricardo Senese (UP) propõe uma reestatização do sistema de transporte público e a criação de uma empresa municipal de transporte. Seu plano de governo defende que a SPTrans passe a funcionar como operadora dos ônibus.
Entre as metas de Senese estão a integração mais eficiente entre diferentes modais de transporte, com a implantação de um sistema cicloviário, a melhoria na qualidade e acessibilidade do transporte, e a tarifa zero.
O candidato também afirma que é preciso “enfrentar a privatização do Metrô e da CPTM”, mas ambas as empresas estão sob a responsabilidade do governo estadual.
Tabata Amaral
A candidata Tabata Amaral (PSB) promete ampliar as faixas de ônibus e implantar um sistema para melhorar o funcionamento dos semáforos, permitindo o que ela chama de “ondas verdes” em momentos de trânsito.
Tabata diz que vai manter a tarifa zero aos domingos, e prevê investimentos para ampliar e redesenhar as linhas de ônibus da cidade. A deputada diz que irá “aprimorar” o modelo de remuneração das empresas concessionárias, utilizando indicadores de qualidade dos serviços prestados.
Outras propostas são a instalação de painéis com os horários de partida e chegada do ônibus em terminais e nos pontos; uma maior integração das linhas com ciclovias, ciclofaixas, trens, metrôs e transporte hidroviário, facilitando deslocamentos multimodais.
O plano de governo prevê, ainda, diversificar as fontes de receita para investimentos no sistema de transportes, através de alternativas como a exploração comercial de paradas e terminais.