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Vão fora da norma desafia passageiros em SP: “Pular para sair do trem”

Estações da CPTM, ViaMobilidade e até do Metrô têm vão entre trem e plataforma superior ao limite de 10 cm estabelecido em norma da ABNT

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1 de 1 Imagem mostra vão entre trem e plataforma - Metrópoles - Foto: William Cardoso/Metrópoles

São Paulo — O vão entre o trem e a plataforma em diversas estações do transporte público de São Paulo supera o limite de 10 centímetros estabelecido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Em alguns casos, o desnível entre o local de embarque e o vagão também é um empecilho para os passageiros.

A norma que regulamenta as plataformas é a 14021. Entre outras coisas, determina que o vão não pode superar 10 cm e que o desnível não deve ser superior a 8 cm. Na prática, a situação encontrada em parte das estações paulistas é bem diferente.

A Estação Aracaré, na Linha 12-Safira, é há anos exemplo de descaso com a acessibilidade. A plataforma é totalmente irregular, do pavimento destruído até a distância e a altura entre o trem a plataforma, que chega a 46 cm na diagonal. Os passageiros são obrigados a saltar no desembarque e a fazer muito esforço para poder entrar no vagão.

O desnível é tão grande que as pontas da plataforma ganharam alguns centímetros a mais na altura para possibilitar o embarque e desembarque de pessoas com mobilidade reduzida.

A auxiliar de limpeza Erika de Abreu, 40 anos, diz que a situação na Estação Aracaré é absurda. “Tenho que pular para sair do trem. É um horror, uma vergonha isso”, afirma.

O ajudante geral Júnior Nunes, 38 anos, começou a embarcar na Aracaré há um mês e também reclama do desnível. “Chama a atenção, porque é muito alto. A gente olha e tem medo de que alguém caia ali. É fora do comum, eu nunca tinha visto isso”, diz.

Outra estação que chama a atenção pela distância entre trem e plataforma, além do piso cheio de buracos, rachaduras e degraus, é a Vila Clarice, na Linha 7-Rubi. São 20 centímetros de vão, fora o desnivelamento total na altura nos trilhos, principalmente em direção à Luz. Para pessoas com mobilidade reduzida, foi feita uma “gambiarra”, com uma estrutura metálica no primeiro vagão.

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Plataforma na Estação Vila Clarice, da Linha 7-Rubi
Plataforma na Estação Vila Clarice, da Linha 7-Rubi
Vão entre trem e plataforma na Estação Engenheiro Goulart, da Linha 13-Jade
Vão entre trem e plataforma na Estação Aracaré, da Linha 12-Safira
Vão entre trem e plataforma na Estação Aracaré, da Linha 12-Safira
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Vão entre trem e plataforma na Estação Vila Clarice, da Linha 7-Rubi

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Vão entre trem e plataforma na Estação Engenheiro Goulart, da Linha 13-Jade

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Plataforma em reforma n a Estação Imperatriz Leopoldina, na Linha 8-Diamante

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Vão entre trem e plataforma em estação da Linha 8-Diamante

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Vão entre trem e plataforma em estação da Linha 8-Diamante

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Vão entre trem e plataforma em estação da Linha 8-Diamante

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Vão entre trem e plataforma na Estação Vila Olímpia, da Linha 9-Esmeralda

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Vão entre trem e plataforma na Estação João Dias, da Linha 9-Esmeralda

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Na Linha 10-Turquesa, por exemplo, estações como Juventus-Mooca e Ipiranga têm 15 cm de vão. Não é só isso que dificulta o embarque dos passageiros. Na primeira, a plataforma tem pavimento irregular, não há piso tátil e as faixas branca e amarela estão desgastadas.

Já a Linha 11-Coral tem até 24 cm de vão na plataforma sentido Estudantes, na estação Calmon Viana. Mesmo em região central, como na plataforma 3 da Luz, são 13 cm de distância em relação ao trem.

Também na Linha 8-Diamante há variação na distância entre trem e plataforma acima do limite da norma. Na Barra Funda, o embarque sentido Itapevi tem 14 cm de distância. Na Imperatriz Leopoldina, que passa por reformas, são 20 cm de vão e 29 na diagonal.

A Estação Presidente Altino é um dos exemplos de desnivelamento. Além da altura fora do padrão, que faz com que chegue a 29 cm de diagonal, há 23 cm de vão entre trem e plataforma.

Em alguns pontos, mesmo com colocação de encurtadores de distância, o vão permanece com largura superior a 10 centímetros. É o caso da plataforma da Vila Olímpia em direção à Estação Bruno Covas, na Linha 9-Esmeralda.

Novas plataformas

A reportagem apurou, in loco, que até mesmo plataformas construídas mais recentemente descumprem o estabelecido pela norma da ABNT.

É o caso, por exemplo, da área de embarque em direção à Luz, na Engenheiro Goulart, da Linha 13-Jade, com 13 cm.

A estação João Dias, da linha 9-Esmeralda, foi entregue há três anos, em novembro de 2021, quando ainda estava sob a administração da CPTM. Medição realizada pelo Metrópoles mostra que, em alguns pontos, a distância entre o trem e a plataforma sentido Osasco chega a 17 cm.

Mesmo no metrô, é possível encontrar estação com vão maior que o estabelecido pela norma da ABNT. Em curva, a plataforma da Vila Mariana, em direção ao Jabaquara, na Linha 1-Azul, tem 15 cm.

Quedas

Plataformas com uma série de irregularidades, como os vãos largos demais, favorecem a ocorrência de quedas nos trilhos.

Metrô e CPTM foram questionados a respeito do número de quedas nos trilhos em 2024, mas se recusaram a fornecer esses dados, alegando que a reportagem deveria buscá-los via Lei de Acesso à Informação (LAI), quando o órgão público tem 20 dias, prorrogáveis por mais 10, para disponibilizar o que foi pedido.

Já a ViaMobilidade forneceu dados referentes as quedas. Segundo a concessionária, foram 10 casos em ambas as linhas neste ano contra 31 em 2023.

O que dizem os responsáveis

A CPTM afirma que tem investido na implantação de ferramentas para dirimir os acidentes de passageiros no vão entre o trem e a plataforma.

“A companhia tem trabalhado na instalação de estribos em toda a frota — um extensor nas portas dos trens, para redução deste espaço — e instalação de borrachões de proteção em algumas estações, garantindo mais segurança no embarque e desembarque dos passageiros.

“As estações que passaram ou passam por reformas com adequação da via permanente e colocação de borrachão ou redução do vão seguem diretrizes da NBR 9050 e Normas ABNT e são voltadas para oferecer um percurso mais seguro e acessível ao passageiro”, diz.

“Diariamente, a CPTM emite avisos sonoros nas estações e trens para orientar os passageiros sobre os cuidados no fluxo, bem como mantém campanhas permanentes sobre prevenção de acidentes nas estações e trens no site e redes sociais”, afirma.

O Metrô diz que investe na instalação de portas de plataforma em todas as suas estações para aumentar a segurança do passageiro e reduzir interferências na via, ampliando a regularidade na circulação dos trens. “As estações novas já são construídas com esses equipamentos, enquanto as antigas estão recebendo gradativamente”, diz.

Segundo a companhia, já são nove estações com as portas na Linha 3-Vermelha e outras três em instalação, sendo que as demais estações e linhas vão receber os equipamentos gradativamente.

A ViaMobilidade diz que, de acordo com o contrato, vem trabalhando em adequações de acessibilidade em 31 estações com previsão de conclusão em 2026.

Em 2023 e 2024, a ViaMobilidade diz que finalizou intervenções em 11 estações, incluindo a estação Vila Olímpia que, segundo a concessionária, encontra-se dentro das normas técnicas.

As obras na estação Presidente Altino estão previstas para iniciarem em 2025, junto com outras 14 estações, conforme estabelecido em contrato.

A estação Imperatriz Leopoldina está em obras com previsão de término no primeiro semestre de 2025 , sendo que após a conclusão os espaços estarão adequados.

Com relação à estação João Dias, a estação foi entregue dentro das normas estipuladas. “A concessionária fará a checagem e, se necessário, fará os ajustes”, afirma.

Segundo a concessionária, as obras não contemplam apenas a instalação de redutores de vão nas plataformas e o nivelamento entre o piso da estação e o trem. “Entre os itens contemplados também estão a instalação de piso tátil, canaleta de bicicletas nas escadas fixas. Após as obras, os locais estarão de acordo com as normas vigentes de acessibilidade, adequadas aos novos padrões de oferta e demanda”, diz

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