Vai-Vai lança abaixo-assinado para mudar endereço de sua nova sede
Escola de samba diz que terreno da Rua Almirante Marques Leão não é adequado para uma escola de samba e pede intervenção da prefeitura
atualizado
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São Paulo — O grêmio da escola de samba Vai-Vai lançou um abaixo-assinado pela mudança de endereço de sua nova sede — as instalações antigas, na Rua São Vicente, bairro do Bixiga, centro de São Paulo, foram desapropriadas para a construção da Linha 6-Laranja do metrô.
Segundo a petição, o lote da Rua Almirante Marques Leão, concedido como compensação, fica no mesmo bairro, mas em uma área residencial sem condições de acomodar uma escola de samba. A Vai-Vai quer se manter no Bixiga, mas reivindica sua presença em endereço apropriado à instalação de uma agremiação.
As obras na Rua Almirante Marques Leão estão paralisadas desde setembro de 2023, quando uma decisão judicial acatou o pedido de suspensão feito por moradores. Na ação civil pública, eles questionam a instalação da escola de samba na área, alegando que isso aumentaria o fluxo de pessoas e o barulho na região.
Além disso, dizem os moradores, o terreno está situado em uma área designada pelo Plano Diretor para a construção de moradias populares.
No abaixo-assinado, a Vai Vai pede que a Prefeitura de São Paulo interfira no entrave e conceda um outro lote, na Rua Rui Barbosa, para a instalação da nova sede. A rua já é frequentada pela escola para a realização de ensaios, e a concessão do lote em questão dependeria da desapropriação do antigo Teatro Zaccaro e e do Cine Rex, que estão desocupados.
Sede da Vai-Vai
A Vai-Vai perdeu a sua sede histórica em 2021, após um acordo com a Acciona, concessionária responsável pelas obras da Linha 6-Laranja. A área na Rua São Vicente, onde a escola esteve por cinco décadas, foi demolida para a construção da futura Estação 14-Bis.
Durante os trabalhos da Acciona, foram encontrados vestígios arqueológicos do Quilombo Saracura, comunidade de pessoas escravizadas que deram origem à escola de samba em 1930.
Como compensação pela desapropriação, a escola de samba recebeu terreno na Rua Almirante Marques Leão, a 500 metros do lote na Rua São Vicente.
Na decisão judicial de 2023, que determinou a interrupção das obras, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) disse que o lote foi concedido à Vai-Vai pela Acciona, que também seria responsável pela construção da nova sede.
Segundo o MPSP, a escola de samba e a concessionária teriam iniciado as obras sem autorização ou alvará para isso. Na época, elas foram condenadas a pagar uma indenização de R$ 50 mil por danos morais coletivos pelas irregularidades.
Procurada pelo Metrópoles, a Acciona disse em nota que “não é responsável pela construção da nova sede ou quadra da Vai-Vai” e que “não teve nenhum envolvimento na escolha e compra do local da nova sede, assim como em qualquer questão que envolve sua reforma”.