USP: alunos de engenharia encerram greve após propostas da reitoria
Plebiscito virtual terminou com 1.214 votos contrários à continuidade da greve na Escola Politécnica; votação foi divulgada nesta sexta
atualizado
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São Paulo – Os estudantes dos cursos de engenharia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) decidiram encerrar a greve estudantil no instituto nesta sexta-feira (6/10).
Em uma votação feita por meio de um plebiscito virtual, a maior parte dos alunos optou por retomar as aulas e retirar os bloqueios feitos nos prédios.
Foram 1.214 votos contrários à continuidade da greve e 1.129 favoráveis à manutenção da paralisação. Outros 71 alunos se abstiveram. Ao todo, 2.414 dos 4.754 alunos de graduação da unidade participaram do plebiscito.
O engajamento foi considerado histórico pelo Grêmio Politécnico, entidade que representa os estudantes da Escola.
Apesar da decisão, a maior parte dos alunos se posicionou favorável às pautas da greve, como a contratação de mais professores, a defesa dos espaços estudantis e as reivindicações sobre a bolsa permanência.
A criação do plebiscito foi aprovada em uma assembleia dos estudantes de engenharia na última quarta-feira (4/10). Naquele mesmo dia, a reitoria da USP havia participado de uma reunião de negociação com representantes dos alunos de vários cursos.
No encontro, o reitor Carlos Gilberto Carlotti Jr. propôs contratar mais 148 docentes temporários, mesmo número de professores que se aposentaram em 2022. Após a reunião, Carlotti divulgou um vídeo em que promete levar ao Conselho Universitário a proposta de reposição dos 148 cargos em definitivo.
As falas foram bem recebidas pelos estudantes. Uma assembleia geral para debater o fim da paralisação em toda a universidade está marcada para segunda-feira (9/10), mas cada unidade tem a autonomia para decidir sobre o tema em separado.
Como as faculdades têm pautas próprias, além das reivindicações comuns à toda USP, é possível que parte das unidades continue em greve, ainda que o fim da paralisação seja decretado na assembleia geral.
Do mesmo modo, também é possível que a continuidade da mobilização seja aprovada na assembleia geral e recusada em algumas unidades, o que provocaria o esvaziamento da greve.
Faculdade de Direito
Nesta quinta-feira (5/10), a diretoria da Faculdade de Direito da USP divulgou uma carta dizendo que “esgotou suas possibilidades de negociação com os grevistas”.
O documento, assinado pelo diretor da unidade, Celso Fernandes Campilongo, e pela vice-diretora, Ana Elisa Liberatore S. Bechara, cita uma “escalada de pautas radicais” entre os alunos e afirma que as reivindicações são “descoladas da realidade” e “inalcançáveis”.
“Se os alunos – ou parte dos alunos – pretendem fazer “greve”, que continuem fazendo. Mas que saibam das consequências de seus atos”, afirma a diretoria.
Campilongo e Bechara dizem ainda que não haverá reposição de aulas já que a greve não é dos professores e citam que as disciplinas serão dadas de forma virtual caso os docentes optem por isso.
“Num último apelo à racionalidade, desocupem a Faculdade, acabem com a paralisação e retornem às aulas. Reflitam seriamente sobre as propostas da Reitoria, que demonstrou sensibilidade e realismo diante dos pleitos apresentados”, diz o texto.
A carta foi respondida por estudantes da instituição que se disseram surpresos com a postura adotada pela diretoria. Os alunos afirmam que o diretor se nega a negociar com eles.
“Como pode a Diretoria relatar que as propostas são radicais e descoladas da realidade se, hoje, sequer esteve aberta a discuti-las?”, diz a nota assinada pelo comando de greve dos estudantes de Direito.
“Não nos interessa somente a ‘greve pela greve’ e, portanto, seguimos abertos às negociações a fim de alcançar uma solução mais breve e justa possível aos problemas que nos trazem até aqui”, afirma o texto dos grevistas.
Os estudantes têm uma nova assembleia marcada na unidade para a próxima terça-feira (10/10).