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Única aluna nota mil na redação do Enem em SP apostou em “constância”

Sabrina Ayumi Alves Shimizu é de Araçatuba (SP) e foi uma dos 12 candidatos no país a alcançar a nota máxima (1.000) na redação do Enem 2024

atualizado

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1 de 1 Imagem colorida de uma estudante com uniforme - Foto: Arquivo Pessoal

São Paulo — Sabrina Ayumi Alves Shimizu, de 18 anos, se surpreendeu ao ver que tinha tirado nota máxima (1.000) na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), após o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgar, nessa segunda-feira (13/1), os resultados da prova de 2024.

Sabrina está entre os doze candidatos que alcançaram a nota máxima nessa fase da prova no Brasil e a única no estado de São Paulo.

Estudante da instituição privada Escola Thathi, em Araçatuba, no interior do estado, Sabrina contou ao Metrópoles que não imaginava o resultado.

“Fiquei muito surpresa, até agora não sei se consigo acreditar 100%. É claro que eu sai da prova bem, satisfeita comigo mesma, mas eu, com certeza, não imaginava. Fiquei muito feliz, fui falar para a minha família muito emocionada”, descreveu.

Quando fala sobre a conquista de Sabrina, a voz da professora de redação Sthéfani Jorge Silva chega a ficar embargada. “O meu coração está na garganta, ele está batendo acelerado, descompassado, eu já nem sei mais o que sentir. Eu estou muito feliz, principalmente porque a minha aluna Sabrina é uma menina que se dedicou muito, muito mesmo”, disse.

Sabrina, assim como todos os alunos do terceiro ano do Ensino Médio da escola, fazia uma redação por semana para a disciplina da professora. Para a jovem, em meio a essa rotina de estudos que pode ser maçante, é importante saber equilibrar a constância e o descanso. Aos finais de semana, por exemplo, sempre que percebia que “a mente estava muito cheia”, a estudante assistia séries e filmes com a família, lia livros e brincava com os seus cachorros.

“A constância é muito importante. Tem hora que a gente acha que não está evoluindo nada, que realmente não vai chegar lá, mas é necessário acreditar no processo e se basear em uma metodologia organizada. É clássico falar isso, mas por uma boa razão”, iniciou a estudante. “É claro que vão ter momentos que você vai querer descansar um dia inteiro, mas depois disso, o importante é começar tudo de novo.”

A professora Sthéfani considera a estratégia de Sabrina como um modelo a ser seguido. “O diferencial incrível da Sabrina é que ela equilibrou a vida de estudante pré-vestibular, que é puxada, e a vida pessoal. Ela conseguiu tirar alguns momentos ali para se divertir, para viver a sua adolescência, e isso me deixava muito tranquila em relação aos resultados que ela poderia alcançar”, afirmou.

Sabrina pretende cursar Engenharia de Produção na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), por meio da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest). Com a nota do Enem, via Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a jovem deve tentar uma vaga na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

A redação

O tema da redação do Enem em 2024 foi “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. Segundo Sabrina, “era um tema que estava fresco na memória”, já que mesclava racismo e cultura, dois conceitos bastante utilizados pelos alunos em seus estudos.

Questionada sobre possíveis macetes que utilizava para produzir os textos, ela afirmou que, mais importante do que isso, era treinar para dissertar sobre qualquer tema.

“Se eu pudesse dizer um macete seria para não decorar repertórios muito batidos. É importante usar realmente o que você se interessa. Eu, por exemplo, citei os filósofos brasileiros Ayrton Krenak e Marilena Chauí, que gosto muito e usava para 90% das minhas redações”, recomendou.

Sthéfani Jorge Silva concorda com o pensamento da aluna. “Eu conversei muito com os alunos durante o ano para que a gente não se prendesse a adivinhar o tema. É muito difícil conseguir acertar as palavras-chave do tema. Mas já era esperado que seria um tema social, como nos últimos anos”, apontou ao Metrópoles.

“Acredito que o diferencial da redação da Sabrina é que ela conseguiu falar tanto dos desafios quanto da valorização, sem usar nenhum modelo. Ela escreveu de acordo com o que ela tem de conhecimento de mundo, seu próprio repertório. Então foi um texto autoral”, indicou Sthéfani.

A professora destaca ainda que a redação não é só repertório. “O aluno precisa estudar teoria de texto, interpretação de texto, para entender como funciona o texto dissertativo-argumentativo”, disse.

Apenas 12 notas mil no Brasil

Neste ano, houve queda expressiva no número de notas máximas na redação do Enem. Em 2023, foram 60 redações com nota 1.000, sendo que quatro eram de alunos de escolas públicas. Agora, foram 12 alunos, sendo apenas um de escola pública.

Apesar disso, em 2024 a média da nota da redação subiu para 660. Em 2023, a média foi de 645.

Para a professora Sthéfani Silva, esse resultado exige reflexão. “Se os nossos alunos não estão alcançando as notas máximas e as notas máximas acabam ficando normalmente para alunos de escola privada, alguma coisa está acontecendo na educação do Brasil que precisa ser modificada”, argumentou. “E eu acredito que a educação precisa mudar lá na sua base. A educação do nosso país precisa de uma reestruturação.”

As unidades da Federação que tiveram nota máxima na redação do Enem 2024 foram:

  • Alagoas (1);
  • Ceará (1);
  • Distrito Federal (1);
  • Goiás (1);
  • Maranhão (1);
  • Minas Gerais (2);
  • Pernambuco (1);
  • Rio de Janeiro (2);
  • Rio Grande do Norte (1);
  • São Paulo (1).

O Enem foi realizado em novembro do ano passado e serve para estudantes entrarem nas universidades públicas e privadas do país. A nota também pode ser usada para alunos tentarem financiamento, e até bolsas privadas em instituições internacionais.

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