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Um raio-x da Sabesp, a “joia da coroa” que Tarcísio quer privatizar

Com 28,4 milhões de clientes, a Sabesp é uma empresa de capital aberto e acumulou lucro de R$ 2,47 bilhões entre janeiro e setembro de 2022

atualizado

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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, durante reunião em seu escritório. Ele sorri, olhando para o lado, com a bandeira do estado desfocada a frente - Metrópoles
1 de 1 O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, durante reunião em seu escritório. Ele sorri, olhando para o lado, com a bandeira do estado desfocada a frente - Metrópoles - Foto: Isadora de Leão Moreira/Governo de São Paulo

São Paulo – Com 28,4 milhões de clientes em 375 cidades paulistas, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) é a “joia da coroa” que virou prioridade do plano de privatização do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), prometido durante a campanha eleitoral.

Fundada em 1973, a Sabesp é uma empresa de capital aberto, que tem o governo de São Paulo como seu maior acionista, detentor de 50,3% do capital.

Atualmente, a companhia é a única brasileira de saneamento listada na Bolsa de Valores de Nova York e teve um lucro líquido acumulado de R$ 2,47 bilhões, entre janeiro e setembro de 2022 — o balanço do último trimestre ainda não foi divulgado.

Apesar do lucro 42,6% superior ao mesmo período em 2021, Tarcísio sustenta que privatizar a Sabesp vai desafogar as contas públicas, acelerar os investimentos para ampliar a rede de coleta e tratamento de esgoto e ainda reduzir a tarifa de água para o consumidor.

“O custo Sabesp é 20% maior que o custo regulatório”, disse o governador, em dezembro de 2022.

Universalizar o saneamento básico básico no estado está na mira de Tarcísio. O sistema de coleta de esgotos da empresa atende 24,7 milhões de pessoas, 88,5% da população conectada à rede de água da companhia. Em 2021, a Sabesp se comprometeu a atingir 100% até 2033.

“Saneamento básico é a bola da vez”, declarou Tarcísio, durante viagem para participar do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, no mês de janeiro.

Futuro

A Sabesp anunciou em dezembro um plano de investimentos de R$ 26,2 bilhões para o período de 2023 a 2027. A projeção da companhia é que cerca de R$ 5 bilhões sejam investidos por ano.

A Moody’s, uma das maiores agências de análise de risco do mundo, atribuiu a sua classificação mais alta à Sabesp no ano passado.

Segundo a agência, que avalia a capacidade das companhias – tanto privadas quanto públicas – de honrar seus compromissos financeiros, a Sabesp é uma empresa de perspectiva estável e previsível.

Os relatórios de análise servem de base para entender se é seguro investir em determinada empresa. Ou seja, quanto mais alta a classificação conferida pela agência, mais segura é considerada a companhia.

Modelo Eletrobras

Para Tarcísio, o modelo de privatização a ser seguido no caso da Sabesp deve ser o da Eletrobras. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou a venda da estatal de produção e transmissão de energia elétrica de “lesa-pátria” e disse que iria revisar o contrato feito durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Com a desestatização, a Eletrobras passou a ser uma holding que detém empresas de produção e distribuição de energia, respondendo por cerca de 30% do mercado. O governo federal mantém uma golden share — “ação de ouro”, na tradução livre — no caso da Eletrobras. A ação confere ao Estado maior ingerência em negociações da empresa, inclusive vetos a alterações societárias.

Em entrevista ao Metrópoles, a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Transportes, Natalia Resende, sinalizou que a Sabesp deve seguir caminho semelhante ao da Eletrobras e disse considerar importante que o governo paulista se mantenha como acionista da empresa.

“É muito importante que o estado ainda permaneça para determinadas decisões, principalmente decisões estratégicas”, afirmou.

Tarcísio projeta concluir o processo de privatização até o fim de 2024, mas pontua que é necessário aguardar uma série de estudos sobre qual forma de desestatização é a mais adequada para a Sabesp. De qualquer forma, o projeto precisará ser aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

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