“Um horror”, diz médica sobre menina desnutrida; criança ganha 2 kg
Menina de 3 anos foi encontrada em estado de extrema desnutrição, após ficar 40 dias sem comer; pai chegou a ser preso, mas foi solto
atualizado
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São Paulo – A menina de 3 anos que ficou 40 dias sem comer, em Rio Claro, no interior de São Paulo, apresenta melhora em seu quadro de desnutrição e tem respondido bem aos tratamentos. Ela está internada na Santa Casa da cidade desde a última sexta-feira (2/6).
Na ocasião, a criança foi encontrada na casa do pai, após a avó materna acionar o Ministério Público porque estava com dificuldades para visitar a menina. O homem, também em estado de desnutrição, foi preso e solto um dia depois, durante audiência de custódia. Aos guardas municipais que foram até o local, ele disse que decidiu ficar sem comer até que os dois morressem.
Em entrevista ao Metrópoles, a médica Samila Batelochi Gallo, responsável pelo tratamento da criança, afirma que ela ganhou peso e voltou a andar.
“A gente não conseguia nem pegar a pelinha dela, de tão flácida mesmo, sem massa muscular. Ela não conseguia sentar, não conseguia andar. Hoje, ela já consegue sentar sem apoio, ela também já consegue andar um pouquinho. Mas ela continua uma criança bem irritada. Ganhou 2 kg já, e está com 10 kg. Se ela continuar nessa ascendente, eu acredito que ela tenha alta logo”, afirma Samila.
Segundo a médica, a menina chegou ao hospital com 8 kg. O normal para uma criança dessa idade seria em torno de 15 kg.
“A gente colocou o acesso até começar a realimentação, porque a realimentação não pode ser 100%. Tem que começar devagar. Estamos aumentando agora 10 kcal por dia. Estamos em 80 kcal. Ela está se alimentando por via oral, não precisou passar por sonda. Hoje, nós introduzimos as vitaminas”, disse.
“Foi um horror. Eu nunca tinha visto isso na vida real. Essa criança foi trazida para cá com uma desnutrição grave, pele e osso”, completou.
A Promotoria de Rio Claro recorreu da decisão que soltou o pai e pediu a prisão dele. Para o promotor Cássio Sartori, trata-se de uma tentativa de homicídio. “O preso tinha o dever de alimentar a filha e, consequentemente, evitar o resultado, que seria a morte”, diz nota divulgada pelo MP.
No recurso, Sartori cita ações em tramitação na Vara de Família apontando que o pai impedia aproximações entre a menina e a avó materna. O promotor afirma que a avó procurava o pai da menina com frequência para ajudar financeiramente e com alimentos.
A mãe da criança morreu após o parto. No recurso, Sartori diz que o inventário de bens deixados pela mãe do acusado aponta que ele tinha bens e recursos financeiros para alimentar a filha.