Troca de partido de Tarcísio vira “ganha-ganha” para PL e Republicanos
Mudança de partido do governador Tarcísio de Freitas, que pode trocar o Republicanos pelo PL, também vira atrativo para Ricardo Nunes
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – Uma eventual mudança de partido pelo governador Tarcísio de Freitas, que avalia trocar o Republicanos pelo PL, é vista com bons olhos por integrantes de ambas as siglas e também pelo prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB).
Conforme antecipado pelo colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles, a troca de partido tem sido negociada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que disse à coluna de Igor Gadelha considerar a mudança “90%” fechada.
A possível ida de Tarcísio para o PL agrada o presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto. Com Bolsonaro inelegível, o cacique vê no governador paulista um projeto político para 2026, seja para se reeleger ao Palácio dos Bandeirantes ou para disputar a Presidência da República, sob a promessa de tratá-lo como prioridade e com polpuda fatia do fundo eleitoral à disposição da legenda.
Além disso, Tarcísio tem feito mais acenos à bancada do PL na Assembleia Legislativa (Alesp) do que a outros partidos que integram a base governista, o que vinha gerando ciúmes entre quadros do Republicanos.
O governador, por exemplo, apoiou a eleição do pupilo de Valdemar, André do Prado (PL), para a presidência da Casa no ano passado, preterindo nomes do seu próprio partido que postulavam o cargo.
Vantagem para Nunes
Para Nunes, a filiação de Tarcísio ao PL também seria positiva porque sepultaria as chances de o partido retirar um apoio à sua tentativa de se reeleger prefeito. Embora conte com o apoio de Valdemar, Nunes ainda tenta garantir a certeza do apoio de Bolsonaro.
Tarcísio possui boa relação com o prefeito e tem defendido sua candidatura. A aliados, ele diz entender que um perfil como o de Nunes, de centro-direita, tem mais potencial para derrotar o deputado federal Guilherme Boulos (PSol) na capital paulista do que um candidato bolsonarista, como é o caso do deputado bolsonarista Ricardo Salles (PL), que desistiu de se candidatar em janeiro deste ano.
Relação estremecida entre Tarcísio e o Republicanos
A relação entre Tarcísio e o Republicanos estava estremecida desde 2022, quando a sigla sinalizou maior apoio à campanha apenas no segundo turno para manter um distanciamento de Bolsonaro.
Depois de eleito, Tarcísio fez escolhas que desagradaram a ala mais próxima ao deputado federal Marcos Pereira, presidente nacional do Republicanos e bispo licenciado da Igreja Universal.
O governador escolheu três nomes da sigla para chefiar pastas pouco expressivas (Esportes, Turismo e Políticas Para a Mulher), nomeou um deputado pouco atuante para ser o líder do governo na Alesp e, conforme já citado, preteriu o próprio partido na eleição à presidência da Casa.
Vantagem com a saída
A ala mais alinhada com a Igreja Universal entende que a saída de Tarcísio, afilhado político de Bolsonaro, pode ampliar as relações entre o Republicanos e o governo Lula e facilitar o projeto do deputado federal, Marcos Pereira, presidente nacional do Republicanos, para suceder Arthur Lira (PP-AL) no comando da Câmara dos Deputados no próximo ano.
Diante da aproximação do Republicanos com o governo Lula e do embate polarizado que se vislumbra nas eleições municipais em São Paulo, Tarcísio pende para o lado mais alinhado a Bolsonaro, seu padrinho político.
Sem cargos de expressão, o Republicanos se mantém fiel ao governo por causa da filiação de Tarcísio. No entanto, uma eventual saída do governador também implicará na necessidade de novas negociações para que o partido permaneça na base de Tarcísio sem criar obstáculos, observam pessoas próximas a Marcos Pereira.