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Triatleta atropelada critica relatório policial e desabafa nas redes

Em vídeo, a triatleta Luisa Baptista condenou o indiciamento do motociclista por lesão corporal e não por tentativa de homicídio

atualizado

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Gaspar Nobrega/COB
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1 de 1 luisa-baptista - Foto: Gaspar Nobrega/COB

São Paulo — A triatleta Luisa Baptista, de 30 anos, atropelada em dezembro do ano passado na Estrada Municipal Abel Terrugi (SCA-329) entre os distritos de Água Vermelha e Santa Eudóxia, no interior de São Paulo, publicou vídeo (assista abaixo) nas redes sociais em que protesta contra o indiciamento do motociclista por lesão corporal e não por tentativa de homicídio com dolo eventual.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o 1º DP de São Carlos concluiu as investigações e indiciou o autor do crime, Nayn José Sales, de 27 anos, por lesão corporal. As investigações duraram quase sete meses e foram coordenadas pelo delegado Caio Iberê Galvão Gobato.

“O delegado Caio Iberê terminou a investigação e infelizmente não chegou à conclusão de nada. Ele não culpa o Nayn por nada”, acusa Luisa Baptista no vídeo. 

“O Nayn tem que ser indiciado, sim, por tentativa de homicídio e por dolo eventual, simplesmente porque ele não tinha intenção de matar. (…) Ele estava na contramão, em alta velocidade. Claramente eu nunca vi ninguém ir para uma festa open bar e tomar tubaína”, diz a triatleta.

Em nota, a SSP informou que foram realizados exames para verificar se o motociclista estava embriagado, mas o resultado foi negativo. 

“Ele tinha ido para uma festa open bar, então ele estava certamente sem dormir, não tinha habilitação e, não faz sentido nenhum, o cara já tinha antecedentes criminais, então ele não poderia estar dirigindo”, aponta Luisa Baptista.

O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria da Segurança Pública, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto.

O que o advogado de Luisa diz

Segundo o advogado da vítima, Eduardo Manhoso, que também fala no vídeo, no relatório do delegado de polícia “consta que a natureza do crime é uma lesão corporal culposa”. 

“Perante o delegado de polícia, ele [Nayn] confirma que ele não tem habilitação, que ele estava em alta velocidade e, no dia anterior, ele estava numa festa e dormiu pouquíssimas horas. Além disso, outros indicativos da investigação nos levam a concluir que ele estava na contramão”, descreve o advogado.

“A gente recebe com muita surpresa [o indiciamento], aguardando a denúncia do Ministério Público agora, pela tentativa de homicídio por dolo eventual”, finaliza.

A SSP afirmou que o inquérito policial foi relatado e encaminhado à Justiça. 

Relembre o caso

Luisa Baptista foi atropelada durante um treino na manhã do dia 23 de dezembro na Estrada Municipal Abel Terrugi (SCA-329) entre os distritos de Água Vermelha e Santa Eudóxia, no interior paulista.

Ela pedalava pela estrada quando um carro bateu de frente com a bicicleta da triatleta. O local costuma ser utilizado para treinos de ciclismo por ser vazio. O motorista fugiu sem prestar socorros, segundo a equipe do Sesi São Carlos, onde a atleta atua. 

Luísa recebeu alta hospitalar em 1º de abril deste ano, 100 dias após ser internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Luiz – Itaim, na zona sul de São Paulo. Ela teve ferimentos em quase todo o lado direito do corpo, perfurações no pulmão e fraturas expostas no fêmur e na tíbia.

A triatleta deu entrada na Santa Casa de São Carlos em choque hemorrágico grave, e o coração chegou a parar por oito minutos. Dois dias depois do acidente, ela foi transferida para o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) e por fim ao Hospital São Luiz, onde recebeu alta meses depois. 

A triatleta seguiu o processo de reabilitação em uma clínica em São Paulo e passou por cirurgia para a colocação de uma prótese no quadril. No início de junho, ela voltou para sua casa, em Araras, no interior paulista, onde segue sua recuperação.

“É um privilégio estar viva, eu sou extremamente grata por isso, mas eu sei que a gente falece quando crimes como esse acontecem. Então, em nome de todas as pessoas que passaram pela mesma situação que eu, em respeito a todos os meus familiares, a todas as pessoas que sofreram também com o que aconteceu comigo, eu peço por favor que isso não aconteça mais”, pediu Luisa em vídeo publicado nas redes sociais.

Luisa Baptista foi a primeira mulher brasileira a conquistar a medalha de ouro no triatlo. Ela foi campeã no individual e na categoria mista, ao lado de Manoel Messias, nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, em 2019. Luisa também representou o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, no Chile, em 2023.

Nas Olimpíadas de Paris deste ano, Luisa vai somente como espectadora. 

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