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Tragédia em SP: o que se sabe sobre queda de avião com 62 mortos

Peritos da Aeronáutica e PF iniciaram investigação para descobrir o que causou a queda do avião da VoePass em Vinhedo, no interior de SP

atualizado

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Imagem colorida de avião que caiu em Vinhedo
1 de 1 Imagem colorida de avião que caiu em Vinhedo - Foto: Reprodução

São Paulo  As imagens do avião da VoePass que caiu nessa sexta-feira (9/8) em Vinhedo, interior de São Paulo, mostram a aeronave rodopiando em um movimento chamado “parafuso chato” antes de atingir um condomínio residencial, matando todas as 62 pessoas (o número de vítimas foi atualizado de 61 para 62 pela VoePass neste sábado) que estavam a bordo. Desde as primeiras horas após a tragédia, que foi o quinto maior acidente aéreo da história no país, peritos da Aeronáutica e da Polícia Federal (PF) investigam o que levou a aeronave a perder velocidade a tal ponto de as asas ficarem sem pressão aerodinâmica.

O avião de prefixo PS-VPB havia saído de Cascavel, no Paraná, às 11h46, com destino ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, e chegada prevista para as 13h50. Aquela era a quarta viagem do dia da aeronave turboélice modelo ATR-72, com 73 assentos. Dentro dela, havia 57 passageiros e 4 tripulantes. Nenhum deles sobreviveu. Por sorte, ninguém em solo foi atingido pelo avião, que caiu no quintal de uma casa.

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Avião voava de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP)
Moradores do condomínio onde avião caiu registraram momento da queda
Tragédia em Vinhedo: 62 pessoas que estavam a bordo de avião morreram
Imagens do avião que caiu em Vinhedo (SP)
Avião caiu dentro de terreno vazio de um condomínio em Vinhedo
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Destroços de avião

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Avião voava de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP)

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Moradores do condomínio onde avião caiu registraram momento da queda

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Tragédia em Vinhedo: 62 pessoas que estavam a bordo de avião morreram

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Imagens do avião que caiu em Vinhedo (SP)

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Avião caiu dentro de terreno vazio de um condomínio em Vinhedo

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Ninguém sobreviveu

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Avião com 62 pessoas caiu em SP

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Avião caiu dentro de condomínio

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A partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo

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Moradores do condomínio onde avião caiu registraram momento da queda

Tanto as autoridades quanto a companhia aérea VoePass, antiga Passaredo, e especialistas ouvidos pelo Metrópoles afirmam ser prematuro apontar a causa do acidente, embora a principal suspeita até o momento seja a formação de gelo nas asas da aeronave. A empresa admitiu que o modelo é “sensível ao gelo” e que esse é um “ponto de partida” para as investigações.

Segundo o diretor de Operações da VoePass, Marcel Moura, o avião havia passado por uma revisão técnica de rotina na madrugada anterior, em Ribeirão Preto, onde fica a sede da empresa. Ela estava “100% despachada, de acordo com os manuais e regulamento”, após a inspeção, disse Moura. Para a empresa, ela estava apta a voar.

A empresa afirma que a aeronave decolou do Paraná com todas as condições operacionais para cumprir a programação. Os últimos registros do voo mostram que, instantes antes da queda, o avião estava a 5.190 metros de altura.

Todas as vítimas tinham nacionalidade brasileira. Os passageiros eram, sobretudo, de Cascavel e de São Paulo. A empresa divulgou a lista completa de passageiros por volta das 18h dessa sexta.

Gelo e “parafuso chato”

Ao longo do dia, ao ver as imagens da queda do avião em estado de “parafuso chato”, pilotos e outros especialistas em aviação passaram a buscar hipóteses para a redução de velocidade que criou essa situação. A principal delas foi um acúmulo de gelo nas asas da aeronave, que pode ter atrapalhado a aerodinâmica e afetado o funcionamento do motor.

Em “parafuso chato”, o avião não consegue mais voar para frente. Ele cai na vertical, sem sustentação, em giro. O piloto movimenta os flaps das asas para tentar fazer a aeronave subir, mas elas se mexem sem mudar a trajetória do voo porque, sem velocidade, elas perdem a pressão aerodinâmica que garantem seu funcionamento. Na prática, o avião fica sem controle.

Isso ocorre porque o avião precisa de velocidade para se sustentar, com o ar sendo deslocado para baixo das asas e mantendo a altura. O avião perdeu 4 mil metros de altitude em cerca de um minuto, uma queda a cerca de 240 km/h.

Há manobras que podem ser adotadas para retirar a aeronave da situação de “parafuso chato” mas, segundo especialistas, as opções são muito limitadas se ela já estiver em baixa altura.

A empresa de meteorologia Climatempo informou que, na região de Vinhedo, onde o acidente ocorreu, “havia possibilidade de 35% de formação de gelo” a uma altitude de 5,6 quilômetros, por onde o avião voava, além de um forte vento de calda, que sopra de forma a aumentar a velocidade do avião. Relatos de outros pilotos também apontaram situação meteorológica adversa.

“Havia condições para despachabilidade do voo mesmo sob essas condições”, disse Marcel Moura, da VoePass. Ele admitiu, contudo, que o modelo da aeronave usada no voo de Cascavel a Guarulhos tem uma maior “sensibilidade” ao gelo. “O ATR tem características de voo, tem uma sensibilidade um pouco maior à situação. Então, a hipótese [de congelamento] não é descartada, como também nenhuma hipótese é descarta neste momento”, disse.

Contato com a torre

Pouco tempo após a tragédia, circularam em grupos de WhatsApp mensagens dizendo que o piloto Danilo Santos Romano, de 35 anos, “pediu permissão para reduzir altitude” porque o gelo estava entre os níveis de 12 mil pés a 21 mil pés e o avião voava a cerca de 15 mil pés, mas que o “controle negou”.

Contudo, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou que não há registro desse contato. “Até o momento, não se identificou nenhum contato da aeronave, dos pilotos, com as torres de controle. Essa é uma informação importante, até porque algumas notícias surgiram nas redes sociais, mas é hora de muita serenidade e equilíbrio”, disse.

Investigações e resgate

O avião caiu em um condomínio fechado em Vinhedo, mas não houve vítimas em solo. O Corpo de Bombeiros encerrou o combate às chamas às 17h15, mas o resgate dos corpos adentrou a madrugada deste sábado (10/8).

Os corpos das vítimas seriam encaminhados para o Instituto Médico-Legal (IML) da capital paulista para a identificação. A decisão foi tomada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) dada a infraestrutura necessária para a correta identificação dos corpos, que ficaram carbonizados — e a necessidade de procedimentos mais complexos, como exame de DNA, em algumas delas.

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) enviou técnicos ao local e vai publicar um primeiro relatório preliminar sobre as causas do acidente dentro de 30 dias. O avião possui gravador de voo, a chamada “caixa preta”, com registro tanto das conversas na cabine quanto das leituras dos instrumentos.  O relatório final, que tem objetivo de detalhar com precisão todas os fatores que levaram à tragédia, não tem prazo para conclusão.

O piloto Danilo Romano tinha 5.200 horas de voo com a VoePass, segundo a empresa. Seu copiloto, Humberto de Campos Alencar e Silva, de 61 anos, era considerado um dos mais experientes da empresa e tinha passagens por outras companhias aéreas.

Quinto pior acidente da história

Com 61 mortes, a tragédia de Vinhedo é o quinto maior acidente aéreo da história no Brasil. O pior foi de uma empresa estrangeira, a Air France, e ocorreu no oceano Atlântico, em 2009. O acidente do voo AF447 matou 228 pessoas. O segundo pior foi o acidente da Latam, na época TAM, ocorrido na cabeceira do Aeroporto de Congonhas, na capital, em 2007, com 199 mortes.

A VoePass existe desde 1998, tem sede em Ribeirão Preto, no interior paulista, e é especializada na aviação regional. Com 15 aviões em operação, a empresa nunca tinha registrado um acidente com mortes. Ela nasceu a partir da viação Passaredo de transportes rodoviários.

A empresa também se chamava Passaredo, mas mudou de nome em 2019, após passar por um processo de recuperação judicial entre 2012 e 2017. Segundo o CEO da empresa, Eduardo Busch, a companhia passava por um momento econômico-financeiro de “plenitude operacional”, com recursos suficientes para manter toda a operação com segurança.

O avião ATR-72 500 é fabricado pela Avions de Transport Régional (ATR), uma empresa franco-italiana com foco em aeronaves de turboélice. “Os especialistas da ATR estão totalmente engajados para dar suporte tanto à investigação quanto ao cliente”, informou a empresa, em nota.

Uma aeronave do mesmo tipo caiu no Nepal em janeiro de 2023, em um acidente com 72 mortos. Aquele acidente, porém, foi atribuído a uma falha humana.

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