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Traficante preso com arsenal de guerra segue com registro de CAC ativo

Prisão preventiva do suspeito foi decretada no fim de semana. Ricardo Bekeredjian já respondia pelo mesmo crime na Justiça Federal

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Reprodução/Polícia Civil
Armas apoiadas em estante preta, lateral direita abaixo, sobre as quais armas sobre mesa preta e, à esquerda, foto de homem branco, cavanhaque grisalho e camiseta vermelha - Metrópoles
1 de 1 Armas apoiadas em estante preta, lateral direita abaixo, sobre as quais armas sobre mesa preta e, à esquerda, foto de homem branco, cavanhaque grisalho e camiseta vermelha - Metrópoles - Foto: Reprodução/Polícia Civil

São Paulo — Apontado pela Polícia Civil como traficante de armas, Ricardo Bekeredjian, preso em flagrante no início da última semana, segue com o certificado de Caçador Atirador Esportivo e Colecionador (CAC) ativo. A reportagem apurou que a polícia paulista já solicitou o cancelamento do documento ao Exército, mas, até o momento da publicação da reportagem, o pedido não foi acolhido.

Na casa de Bekeredjian, em um bairro de alto padrão da zona sul paulistana, foram encontradas 87 armas ilegais — algumas usadas em guerra — em um bunker secreto, acessado por meio de uma passagem em um guarda-roupa (assista abaixo). A abertura dava acesso ao subterrâneo da casa vizinha, pertencente à mãe do traficante, morta há seis anos.

Bekeredjian, que se apresenta como empresário do ramo de imóveis, também mantinha na residência 65 armas registradas legalmente e adquiridas com registro de CAC. O Metrópoles apurou que 72 armamentos estão nos documentos oficiais do Exército em nome do traficante.

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Armas seriam comercializadas com o crime organizado
Arsenal ilegal era composto também por pistolas e revólveres
Armas usadas em guerra estavam em bunker
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Preso já respondia por tráfico internacional de armas

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Armas seriam comercializadas com o crime organizado

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Arsenal ilegal era composto também por pistolas e revólveres

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Armas usadas em guerra estavam em bunker

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Prisão no Paraguai

Apontado como fornecedor de armamento para facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), Comando Vermelho (CV) e também para quadrilhas do “Novo Cangaço“, Bekeredjian foi preso por transportar centenas de munições e quase 40 fuzis, desmontados, ocultos em caixas de som, na fronteira do Paraguai com o Brasil, em 16 de setembro. Mesmo assim, o registro de CAC seguiu ativo.

Como revelado pelo Metrópoles, Ricardo pagou uma fiança de R$ 50 mil, em novembro. Por determinação da Justiça Federal do Paraná, ele passou a responder por tráfico de armas em liberdade.

O período de liberdade condicionada durou até o último dia 9, quando ele foi preso novamente, pelo mesmo crime, na capital paulista.

Denúncia anônima

Uma testemunha anônima denunciou à 4ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco), da Polícia Civil de São Paulo, que Bekeredjian mantinha um arsenal clandestino.

A denúncia acrescenta que ele levava as armas ilegais desmontadas do Paraguai até a residência da mãe, onde montava o arsenal e o comercializava com integrantes do crime organizado. “Parece coisa de filme, mas não é”, afirmou a testemunha em documento policial obtido pelo Metrópoles.

A reportagem apurou ainda que Bekeredjian já registrou 13 empresas em seu nome, das quais sete seguem com CNPJ ativo, a maioria delas de compra e venda de imóveis.

Passagem secreta

A investigação constatou que, para acessar o arsenal, composto por 87 armas ilegais na casa da mãe, o criminoso usava o fundo falso de um guarda-roupas, com entrada na casa dele, conforme mostra um vídeo feito pela Polícia Civil no último dia 9.

 

“Esse poderio armamentista [apreendido] passaria às mãos de criminosos, que extremamente bem armados, tomam cidades e inocentes morrem nessas empreitadas criminosas. Eles usam armamento de guerra, cedidos por pessoas como esse indivíduo [Ricardo]”, afirmou ao Metrópoles o delegado Ronald Quene, responsável pela investigação do traficante em território paulista.

O policial acrescentou que “não convém” falar que Bekeredjian seja colecionador. “Ele mantinha armas ilegais em um bunker. Nada justifica essa conduta. Certamente, ele venderia esse armamento para pessoas envolvidas em crimes.”

A defesa dele não foi localizada pelo Metrópoles, o espaço segue aberto para manifestações.

Exército

O Metrópoles solicitou ao Comando Militar do Sudeste o número de armas registradas em nome de Ricardo Bekeredjian, além da situação do registro de CAC.

Por meio de nota, os militares afirmaram considerar “de acesso restrito” informações sobre pessoas que exerçam atividades com produtos controlados pelo Exército.

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