Trabalho escravo: 4 bolivianos são resgatados em oficina de costura em SP
Resgatados de trabalho escravo em SP, dois homens e duas mulheres tinham jornada exaustiva e só paravam quando “o corpo não aguentava”
atualizado
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São Paulo – Quatro bolivianos foram resgatados de trabalho escravo em uma oficina de costura em Americana, no interior de São Paulo, pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Dois homens e duas mulheres eram submetidos à jornada exaustiva, das 7h às 22h30, e só paravam quando “o corpo não aguentava mais”, segundo o órgão.
Uma das vítimas era um homem com deficiência física, que perdeu um dos braços em acidente automobilístico anteriormente. Ele costurava utilizando apenas um dos membros, “sem qualquer adaptação”, de acordo com o MPT.
Entre os resgatados também havia um casal que morava no local com duas crianças. Os imigrantes trabalhavam de maneira informal, sem direito a férias ou 13º salário, e seriam pagos por quantidade de peças no momento da entrega.
“Os imigrantes estavam desde fevereiro de 2023 sem receber qualquer quantia remuneratória”, diz o órgão. A operação, divulgada na sexta-feira (21/4), foi realizada em conjunto com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Terceiro caso de resgate por trabalho escravo em uma semana
De acordo com o MPT, os locais de trabalho dos costureiros tinham “alto grau de insalubridade”, por excesso de calor e falta de ventilação.
As instalações elétricas também seriam precárias, com fiação exposta próxima às pilhas de tecido. No alojamento, a água havia sido cortada por falta de pagamento.
A empresa contratante dos serviços tem sede na capital paulista. Segundo o órgão, a oficina assinou termo de ajuste de conduta (TAC) para pagar R$ 6,5 mil de direitos trabalhistas a cada boliviano, além de R$ 4 mil de danos morais.
“Este é o terceiro caso de resgate por trabalho escravo no interior paulista no espaço de uma semana. Isso mostra o quanto ainda temos que avançar no combate a esta prática ilegal, na busca pela sua erradicação”, diz o procurador Marcus Vinícius Gonçalves, da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (CONAETE) da 15ª Região (Campinas).