“Torcida branca”: MPSP nega racismo reverso de ex-assessora de Anielle
Promotoria argumenta que, na Lei do Racismo, não existe a figura do racismo reverso; assessora foi exonerada do cargo após episódio
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – O Ministério Público de São Paulo (MPSP) pediu o arquivamento da denúncia de racismo reverso feita contra Marcelle Decothé, que compartilhou em uma rede social uma crítica à “torcida branca” do São Paulo Futebol Clube, durante a final da Copa do Brasil, contra o Flamengo, no estádio do Morumbi, na capital paulista. A Justiça avalia o pedido feito pela Promotoria.
Na ocasião, ela era chefe da assessoria especial do Ministério da Igualdade Racial, cargo do qual foi exonerada em decorrência da postagem.
Em seu pedido de arquivamento, a promotora de Justiça Maria Fernanda Balsalobre Pinto argumenta que o crime de ódio, em um contexto penal, ocorre quando é voltado e exteriorizado contra grupos especialmente protegidos e vulneráveis em um contexto “histórico-sociológico”. Ela reforça que, na Lei do Racismo, “não existe o reconhecimento do racismo reverso”.
“Razão pela qual não pode ser reconhecido, como fato penalmente típico, o ódio contra brancos, paulistas ou europeus, na medida em que tais grupos foram, historicamente, amplamente hegemônicos e dominantes, jamais experimentando qualquer violação sistemática de direitos pela raça ou origem nacional”.
Marcelle Decothé viajou para a capital paulista ao lado da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que assinou um protocolo de intenções com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para o combate ao racismo no futebol.
Flamenguista, Marcelle Decothé postou uma foto no Instagram(veja acima) na arquibancada do Morumbi e chamou os são-paulinos de “torcida branca, que não canta, descendente de europeu safade (sic)”.
No cargo de chefe da assessoria especial do Ministério da Igualdade Racial, Marcelle ganhava um salário de R$ 17,1 mil por mês. Ela entrou no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 7 de fevereiro deste ano.
A pasta argumentou, na ocasião, que a publicação da agora ex-assessora estava “em evidente desacordo com as políticas e os objetivos do MIR [Ministério da Igualdade Racial]”.