Torcedor da Mancha preso após emboscada vai responder por homicídio
Suspeito preso na sexta-feira (1º/11) foi indiciado por homicídio, lesão corporal, dano, tumulto e associação criminosa após emboscada
atualizado
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São Paulo — O palmeirense integrante da Mancha Alvi Verde (antiga Mancha Verde) que foi preso na sexta-feira (1º/11) durante operação da Polícia Civil de São Paulo foi indiciado pelos crimes de homicídio, lesão corporal, dano, tumulto e associação criminosa.
Alekssander Ricardo Tancredi foi detido por sua participação na emboscada contra a torcida do Cruzeiro, que resultou na morte de um homem de 30 anos. O caso aconteceu no dia 27 de outubro, na Rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, em São Paulo.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o homem passou por audiência de custódia e está à disposição da Justiça. A Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade) segue nas buscas para localizar e prender todos os envolvidos na ocorrência.
Na casa do suspeito, na Freguesia do Ó, zona norte da capital paulista, policiais encontraram roupas com marcas de sangue. Segundo fontes ouvidas pelo Metrópoles, a equipe de investigação negocia com os demais envolvidos que tiveram mandados de prisão expedidos para que todos se entreguem à polícia.
Foragidos
Entre os foragidos, estão o presidente da organizada, Jorge Luiz Sampaio Santos, e o vice-presidente, Felipe Matos Dos Santos. Os outros foram identificados como Leandro Gomes dos Santos, Henrique Moreira Lelis, Aurélio Andrade de Lima e Nélio Ferreira da Silva. Os seis são alvo de mandados de prisão expedidos pela Justiça, que são cumpridos nesta sexta.
Segundo o pedido de prisão, Jorge seria “o mentor intelectual de toda ação delituosa”, sendo citado o ataque de cruzeirenses contra palmeirenses em setembro de 2022, do qual ele foi a maior vítima, tendo até seus documentos pessoais levados.
Os policiais fizeram buscas e apreensões na capital paulista, em Taboão da Serra, na região metropolitana, e São José dos Campos, no Vale do Paraíba, interior do estado. Ao todo, 10 endereços dos investigadores foram alvo dos mandados — um deles, a sede da torcida organizada, na zona oeste paulistana.
As ordens judiciais foram cumpridas por policiais do Departamento de Operações Estratégicas (Dope), Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), Grupo Especial de Reação (GER) e Antissequestro. Integrantes do Ministério Público de São Paulo (MPSP) também acompanharam as buscas.
A emboscada
Por volta das 5h da manhã do dia 27 de outubro, no km 65 da Rodovia Fernão Dias, no centro de Mairiporã, membros da Mancha Alvi Verde, torcida do Palmeiras, fizeram uma emboscada contra torcedores do Cruzeiro. Durante o ataque, um homem foi morto carbonizado e 17 ficaram feridos.
Em um dos vídeos do ataque, é possível ouvir um homem falando “É a Mancha, car****. Aqui é a Mancha, por**”, fazendo referência à torcida organizada.
Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram acionados para a ocorrência e, no local, encontraram um ônibus incendiado e outro depredado. Foram apreendidos rojões, fogos de artifício, barras de ferro e madeiras, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Com a aproximação das equipes da PRF e da Polícia Militar de São Paulo, os agressores envolvidos fugiram pelas vias locais.
Como mostrado pelo Metrópoles, a organizada palmeirense teria monitorado e interceptado os cruzeirenses, que viajavam em dois ônibus na Rodovia Fernão Dias. Os torcedores mineiros voltavam de Curitiba (PR), onde o Cruzeiro jogou no sábado (26/10) contra o Athletico Paranaense e perdeu por 3 a 0.
Investigações
Os membros da Mancha Alvi Verde (antiga Mancha Verde) serão investigados pela Polícia Civil e vão responder criminalmente por homicídio, incêndio, associação criminosa, lesão corporal e promover tumulto, praticar ou incitar a violência em eventos esportivos.
Segundo a SSP, a polícia apreendeu imagens de monitoramento e solicitou exames do Instituto Médico Legal às vítimas para realizar as investigações. A ocorrência foi encaminhada à Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE) para identificação e responsabilização dos envolvidos, diz a nota.
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) também vai investigar a torcida organizada do Palmeiras, como facção criminosa. “Tal episódio é inaceitável e representa uma grave afronta à segurança pública e à convivência pacífica em nossa sociedade. Por isso, esta Procuradoria-Geral de Justiça determinou que, para além do promotor Fernando Pinho Chiozzotto, de Mairiporã, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado [Gaeco] entre no caso”, disse Oliveira e Costa.
“Há firmes evidências de que algumas torcidas organizadas atuam como verdadeiras facções criminosas, o que justifica a intervenção do GAECO”, acrescentou o chefe do MPSP.
Possível vingança do presidente da Mancha
A emboscada realizada por torcedores palmeirenses pode ter sido vingança a um ataque semelhante que aconteceu em 28 de setembro de 2022.
Na ocasião, o confronto entre os torcedores do Cruzeiro e do Palmeiras aconteceu na altura do km 593 da mesma rodovia Fernão Dias, em Minas Gerais. Em imagens publicadas nas redes sociais, era possível ver palmeirenses armados com paus e barras de ferro. Rojões também foram usados no confronto. Alguns envolvidos na confusão apareceram ensanguentados.
Em maior número, os torcedores do Cruzeiro espancaram diversos membros da torcida do Palmeiras, entre eles Jorge Luis, atual presidente da Mancha Alvi Verde (veja abaixo).
Os palmeirenses estavam indo para Belo Horizonte, onde o Verdão jogaria contra o Atlético-MG pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro. Os cruzeirenses se deslocavam para Campinas, onde a equipe tem jogo contra a Ponte Preta pela 32ª rodada da série B.