TJSP suspende porte de arma do Delegado Da Cunha após agressão à ex
Justiça determinou cinco dias para que o deputado federal Carlos Alberto da Cunha (PP-SP) entregue espontaneamente suas armas à polícia
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – O desembargador Ivo de Almeida, da 1ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), suspendeu a posse e o porte de arma do deputado federal Carlos Alberto da Cunha (PP-SP), conhecido como Delegado Da Cunha (foto em destaque).
O parlamentar tem cinco dias para entregar suas armas às polícias Civil ou Federal, contados a partir do dia da decisão judicial, publicada nessa quarta-feira (8/11), e à qual o Metrópoles teve acesso.
Entre os argumentos defendidos pelo magistrado para que Da Cunha entregue as armas está “a postura extremamente violenta e agressiva do acusado, potencializada pelo manejo notório de armas de fogo”.
O deputado já teria manuseado armas de fogo, de acordo com a Justiça, na presença dos filhos dele, que ainda são crianças.
Da Cunha, como mostrado pelo Metrópoles, foi acusado pela esposa de espancá-la e bater a cabeça dela na parede, até a mulher desmaiar, no apartamento em que o casal vivia em Santos, no litoral paulista, em 14 de outubro. Ele nega.
Contra o deputado foi expedida uma medida protetiva para que ele não se aproxime da ex-companheira e não entre em contato com ela, inclusive por meio de mensagens ou redes sociais. O caso corre em segredo de Justiça.
“Nesse cenário, é imperativo que o acusado, ora agravado, entregue todas as suas armas”, afirma o desembargador em sua decisão.
A defesa de Da Cunha não havia sido localizada até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.
Violência doméstica
No boletim de ocorrência registrado contra o agora ex-companheiro, a nutricionista Betina Raísa Grusiecki Marques, de 28 anos, relata que o Delegado Da Cunha a xingou após consumir bebida alcoólica e discutir com ela. O caso aconteceu por volta das 21h20 do dia 10 de outubro, um sábado.
“Putinha, não serve para nada, lixo”, teria dito o deputado, de acordo com o registro na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos.
Em seguida, o Delegado Da Cunha teria passado a apertar o pescoço de Betina e a bater a cabeça dela na parede. A vítima desmaiou. Ao acordar, as agressões teriam recomeçado.
Medida protetiva
Betina afirma que tentou se defender jogando um secador de cabelo na cabeça do deputado federal. Da Cunha teria batido a cabeça dela novamente na parede e a ameaçado.
“Vou encher de tiros a sua cabeça. Vou te matar e vou matar sua mãe”, é a frase atribuída ao agressor. Na DDM, Betina também relatou que o Delegado Da Cunha já havia agredido outra ex-companheira.
O deputado teria, ainda, quebrado os óculos de Betina e jogado cloro nas suas roupas (assista abaixo). Segundo a mulher, o casal vivia em união estável há três anos.
A vítima solicitou medida protetiva de urgência. No boletim de ocorrência, a Polícia Civil, corporação da qual Da Cunha faz parte, registrou que ela não apresentou testemunhas do fato.
Discussão
Ao prestar depoimento, o Delegado Da Cunha confirmou ter ciência da medida protetiva contra ele e afirmou que, “para evitar novos conflitos”, decidiu se mudar definitivamente para a cidade de São Paulo.
O deputado federal também declarou que estaria “disposto a ressarcir eventuais danos materiais causados, com relação a artigos de vestuário de Betina”.
Em nota, Da Cunha “nega veementemente que tenha agredido sua companheira”.
“Houve uma discussão, em meio a comemoração de seu aniversário, mas em nenhum momento ocorreu qualquer tipo de violência física de sua parte. Os fatos ficarão comprovados no decorrer do inquérito”, diz o comunicado.