Tiroteio na Aclimação: “Situação em SP tem piorado muito”, diz zelador
Zelador que viu tiroteio na Aclimação, em SP, diz que sensação de insegurança aumentou e criminosos têm agido com frequência no bairro
atualizado
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São Paulo — Os crimes em qualquer horário do dia ou da noite têm sido frequentes no bairro da Aclimação, na região central de São Paulo, e ganham ainda mais exposição ao serem compartilhados em grupos de WhatsApp da vizinhança.
Nesta quinta-feira (21/12), porém, o zelador Josivan Freitas não precisou nem mesmo do celular para saber o que estava acontecendo: um tiroteio com pessoas em pânico tentando se esconder das balas aconteceu diante dos seus olhos, na Rua Alabastro.
Além de presenciar a tentativa de assalto e a reação por parte de um policial civil que passava pela rua em veículo descaracterizado, Josivan se viu envolvido na ocorrência de maneira ativa.
A guarita blindada onde estava no momento do crime conta com um botão que aciona uma sirene que imita à da polícia para afugentar bandidos. E foi isso o que ele fez, chamando a atenção do agente que passava pelo local e tocando o terror na quadrilha, formada por ao menos cinco ladrões em quatro motos.
“Acionei e, no desespero, eles começaram a correr. Veio um carro da polícia, descaracterizado, e começou a atirar”, diz.
Guarita blindada e sirene que aciona a polícia são resquícios do plano de autodefesa adotado pelo prédio após uma tentativa de arrastão sofrida pelos moradores. Isso aconteceu no passado, mas, segundo Josivan, o clima de insegurança na Aclimação é ainda mais grave agora.
“A situação tem piorado muito. A gente participa de grupo de porteiros e acaba sabendo que tem acontecido assaltos aqui nas ruas próximas, saída de mercados, vários casos, principalmente com esses meliantes em motos”, afirma. “Muita gente nem faz boletim de ocorrência”, diz.
A subnotificação por falta de confiança de que os crimes venham a ser esclarecidos influencia diretamente nas estatísticas divulgadas mês a mês pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), o que pode levar à produção de números que não refletem a realidade local.
“Outro dia o pessoal estava passeando com cachorro, vieram dois de moto e fizeram a limpa”, afirma Josivan, citando um dos casos ocorridos recentemente na região, onde fica um dos parques mais conhecidos da cidade — o da Aclimação.
A rotina de crimes no bairro também provoca cenas curiosas. No início da noite de quinta, poucas horas depois do tiroteio que deixou marcas e projéteis em carros estacionados na Alabastro, entre as ruas Topázio e Safira, uma das casas promovia uma confraternização, com som alto, praticamente em frente ao local onde teve início a troca de tiros, como se nada tivesse acontecido.