Tiros, gritos e chute: mulher descreve assassinato de marido e filha
Mãe de jovem vítima de feminicídio prestou depoimento na delegacia sobre crimes cometidos pelo mecânico João Carlos, em Miracatu
atualizado
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São Paulo — A Polícia Civil ouviu, nessa quinta-feira (15/5), o depoimento da mãe de Yasmin Santos de Queiroz, de 25 anos, e esposa de Francisco Xavier Marques, de 60, ambos assassinados a tiros pelo mecânico João Carlos de Oliveira, de 29, em Miracatu, no Vale do Ribeira, interior de São Paulo.
A mulher estava em casa, no último domingo (12/5), e presenciou a invasão e os assassinatos cometidos pelo ex-namorado da filha. Ela também foi agredida por João Carlos quando tentava abrir o portão para pedir ajuda, logo após os tiros, como mostram as imagens obtidas pelo Metrópoles (assista abaixo).
A vítima compareceu à delegacia espontaneamente. No depoimento, ela afirmou que era casada havia 35 anos com Francisco. Segundo a mulher, a filha começou a namorar João Carlos há cerca de dois anos, e eles estavam separados há aproximadamente um ano.
De acordo com ela, o casal se separou após João Carlos agredir a jovem. Ele chegou a ser preso preventivamente, mas não completou o período de detenção porque foi beneficiado pela suspensão condicional da pena. Yasmin obteve medida protetiva de urgência que impedia o ex-namorado de se aproximar dela.
Mesmo após a separação, a jovem continuou sendo ameaçada por João Carlos, tanto que ela teria sido demitida do emprego por conta disso, de acordo com a mãe. A filha não saía de casa por medo de encontrá-lo, afirmou.
Assassinatos
A mulher descreveu o que viu naquele dia. Ela afirmou que todos dormiam em casa quando ela se levantou para descongelar comida. Antes de chegar à cozinha, a mulher ouviu um barulho, momento em que percebeu que um homem sem camisa passou com um revólver na mão e seguiu em direção ao quarto de Yasmin.
Nesse momento, Francisco saiu para o corredor. A mulher disse que João Carlos, então, fez dois disparos no peito de seu marido, que caiu no chão. Em seguida, Yasmin passou correndo por cima do corpo dele, gritando: “Pai, pai, pai!”, afirmou.
A mulher tentou socorrer o marido, acreditando que ele estivesse vivo. Ela escutou mais quatro disparos, vindos do lado de fora da casa, para onde Yasmin havia fugido. Ela contou que foi até lá e tentou abrir o portão para pedir ajuda. No entanto, João Carlos “passou por cima” dela e a derrubou, disse em depoimento.
Ela afirmou, ainda, que não se lembrava do chute que levou de João Carlos, registrado pela câmera de segurança. Depois que o homem fugiu, ela voltou para dentro da casa e telefonou para seu sobrinho, em choque
A mulher sofreu lesões na região do quadril e no braço direito, além de ferimentos na região da nuca.
Prisão
João Carlos foi preso por feminicídio, homicídio e agressão na segunda-feira (13/5). Ele disse à polícia “não se lembrar” de ter cometido o crime e que o sogro “atrapalhava” o relacionamento dele com a vítima, segundo o delegado Carlos Eiras, responsável pelo caso.
Nas imagens da câmera de segurança, é possível ver João, sem camisa e com uma arma, avançando em direção a Yasmin, que chora de desespero. Fora do ângulo da câmera, o homem grita com a vítima e diz: “Já matei seu pai, agora é você”. Na sequência, ouvem-se sons de tiros e pedidos de “desculpa” de João.
Em outro trecho da gravação, João Carlos agride violentamente a mãe de Yasmin. Ele a chuta quando ela tenta abrir o portão. O homem volta à cena do crime, atira novamente na ex-namorada e depois deixa a casa da família.