Testemunhas reconhecem atropelado como suspeito de furto de celular em SP
Passageiros de motorista que teve celular furtado afirmaram que Christopher Rodrigues tentou socorrer Matheus Campos em um primeiro momento
atualizado
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São Paulo — Duas testemunhas afirmaram nesta sexta-feira (5) que o motorista de aplicativo Christopher Rodrigues, de 26 anos, tentou buscar ajuda para salvar o ambulante Matheus Campos da Silva, 21 anos, logo após o atropelamento ocorrido no último dia 25 de abril, em São Paulo. As duas reconheceram Matheus como o responsável pelo furto de um celular.
Depois do atropelamento, vídeos postados pelo próprio Christopher mostram que ele debochou de Matheus, enquanto o rapaz agonizava debaixo do seu carro. O ambulante morreu. Entre outras coisas, o motorista se referiu à vítima como “menos um fazendo L”, em alusão aos eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Polícia Civil ouviu nesta sexta o casal de passageiros que estava no carro de um outro motorista de aplicativo, envolvido na ocorrência porque teve o celular furtado. Segundo as investigações, o jovem atropelado é o único suspeito do furto até o momento.
A mulher contou que, logo após ouvir o barulho do atropelamento, desceu do carro onde estava e foi em direção ao veículo que era dirigido por Christopher.
“Ela vislumbrou o Christopher assustado, meio perdido, e nesse momento, tanto ela quanto o Christopher tentam chamar socorro. Tentam parar uma ambulância, que não para porque estava com paciente e, depois, a GCM, que parou”, afirma o delegado Percival Alcântara, titular do 5º DP (Aclimação) e responsável pela investigação.
O depoimento da mulher coincide com aquele prestado pelo motorista de aplicativo vítima do furto.
Já o outro passageiro ouvido nesta sexta, que está muito debilitado por causa de um outro grave acidente de trânsito, afirmou em depoimento que conversou rapidamente com Christopher.
“Disse que foi até o Christopher quem falou ‘Liga para a polícia’, mas no sentido de [buscar] socorro. Segundo a testemunha, Christopher não sabia que se tratava de um furtador”, afirma o delegado.
Logo depois, a testemunha fala “Inclusive foi esse menino quem furtou o Uber em que eu estava e levou o celular do motorista”. A partir daí, o passageiro disse que Christopher se afastou e ele não o viu mais.
“Então, possivelmente, pode ser o momento em que o Christopher descobre [que a vítima de atropelamento era suspeita de furto] e acaba fazendo os vídeos e as fotos. Isso tudo de acordo com as testemunhas”, diz Alcântara.
O delegado pretende concluir o inquérito até a próxima semana. “Vou aguardar o laudo pericial do local dos fatos e, possivelmente, encerrar na semana que vem, se não tiver nada muito novo”, afirmou.
A maior possibilidade é que Christopher responda por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e por incitação ao crime.
Segundo o advogado André Nino, que defende Christopher, as declarações das testemunhas corroboram tudo o que seu cliente tem dito desde que foi ouvido pela primeira vez no 78º DP (Jardins).
Vídeos foram “desabafo”
Com relação às gravações debochadas, Nino voltou a dizer que se tratam de “um desabafo” e não incitação ao crime. “Como falei, nós, cidadãos, estamos cansados de tanta violência”, diz.
Representante da família de Matheus, Wallisson dos Reis Pereira da Silva diz que os depoimentos desta sexta não mudam sua visão dos fatos. “Para mim, os depoimentos deles não mudam nada. Ele estava filmando e não pedindo socorro. Ou seja, ele não me pareceu nem um pouco preocupado com a integridade física do meu cliente”, afirma.
O advogado da família de Matheus também diz que os dois passageiros que prestaram depoimento não viram o momento do acidente e que foram eles quem pediram socorro, não Christopher.